Nessa quarta-feira (18), cientistas divulgaram os primeiros resultados da análise de amostras coletadas do lado oculto da Lua, obtidas durante a missão Chang’e 6. A pesquisa sugere que essa região, inacessível à observação direta da Terra, apresenta uma combinação de basaltos e materiais de outras áreas já estudadas por missões anteriores da China.
Segundo os especialistas envolvidos no projeto, as amostras podem ter se formado por uma “mistura de solo lunar maduro com materiais frescos ejetados”. Essa hipótese surge das crateras de impacto recentes, identificadas nas proximidades do local de pouso da missão Chang’e 6.
Diferença significativa
Outro ponto destacado pelos cientistas é a diferença significativa entre essas amostras e as coletadas em missões anteriores, como as do programa Apollo. O regolito lunar do lado afastado da Lua possui partículas mais claras em comparação com as amostras da Chang’e 5, que foram obtidas na face visível do satélite. De acordo com os pesquisadores, a variação na coloração pode estar associada aos impactos sofridos por essa região lunar.
O fato de o lado oculto da Lua estar sempre voltado na direção oposta à Terra faz com que seja mais frequentemente atingido por impactos. “As amostras do lado distante incluem material da superfície e de camadas mais profundas, e isso resulta em composições químicas diferentes das amostras coletadas na face visível da Lua”, explicou Richard de Grijs, professor da Universidade Macquarie, na Austrália, em entrevista ao portal My News.
O material que pesa cerca de 1,9 kg, foi obtido na Bacia do Polo Sul-Aitken, a maior, mais profunda e mais antiga cratera de impacto do nosso satélite natural. Com o sucesso da missão, a China se tornou o primeiro — e, até agora, único — país a trazer amostras dessa região para a Terra.
Chang’e 6
O satélite tem quatro módulos:
- Um módulo de pouso lunar;
- Uma cápsula de retorno;
- Um orbitador;
- Um ascensor (pequeno foguete transportado pelo módulo de pouso).
A Chang’e 6 foi lançado no dia 3 de maio e chegou à órbita lunar cinco dias depois. No primeiro dia de junho, o módulo de pouso aterrissou dentro da cratera Apollo, na bacia do Polo Sul-Aitken (SPA).
No total, o módulo de pouso recolheu aproximadamente 2kg de matéria lunar com uma pá e uma broca. A carga foi lançada a bordo do ascensor, no dia 3 de junho, e voltou ao orbitador alguns dias depois. Já o orbitador, com as amostras, começou a fazer o retorno para a Terra no dia 21 de junho, segundo a Nasa.
Confira a seguir: Afinal, do que se alimenta a dupla de astronautas presa no espaço?
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