Vini Jr. e nenhum membro do estafe do Real Madrid viajaram para Paris nessa segunda-feira (28), onde aconteceu a cerimônia de entrega da Bola de Ouro. O motivo? A delegação do clube merengue foi informada ainda pela manhã, que o brasileiro não venceria o prêmio de melhor jogador do mundo na temporada 23/24, mesmo sendo o grande favorito! Assim, eles cancelaram a viagem dos jogadores à França, após tomarem conhecimento da “injustiça”. O verdadeiro ganhador seria Rodri, jogador espanhol do Manchester City.

Vini Jr. - Foto: Reprodução

Vini Jr. – Foto: Reprodução

Vinícius poderia ter encerrado o jejum brasileiro na Bola de Ouro. O atacante do Real Madrid era um dos favoritos para a conquista da premiação da France Football ao melhor jogador do mundo na temporada 2023/2024. Para isso, ele precisaria ser agraciado pelo júri técnico, e vencer a concorrência de outros 29 atletas, que concorreram. O que, infelizmente, não aconteceu, revoltando internautas e profissionais da área.

Vini Jr. perdeu a Bola de Ouro para o racismo?

A vida de Vinícius sempre foi um desafio. Da infância pobre em São Gonçalo ao estrelato como jogador do Real Madrid, um dos maiores clubes do mundo, uma coisa nunca mudou: ele sempre foi sonhador.

Quando criança, seu sonho era ser jogador de futebol. Assim como o de milhões de jovens brasileiros que, em muitos casos, são obrigados a escolher entre sonhar ou sobreviver. Diferente de muitos, ele ousou sonhar. Aos 16 anos, estreou no profissional ainda no Flamengo, quando era apenas uma promessa. Desfilou o futebol por pouco tempo no Brasil, e logo embarcou rumo à Espanha.

Lá, ouviu do presidente da liga espanhola que deveria mudar seu comportamento em campo. Além de ser atacado até por um integrante de programa de TV, que disse que ele deveria “parar de fazer macaquices”. Porém, Vini Jr. nunca abaixou a cabeça, e seguiu respondendo dentro de campo.

Luta diária

Quando não recebeu apoio, nem do próprio clube, ele encarou o racismo de frente. Tocou na ferida e deixou claro que o preconceito no futebol não poderia passar impune. A atitude corajosa gerou uma onda de solidariedade, mas também de ódio contra ele. O aprendizado foi duro, e mesmo diante disso tudo, não parou de sonhar. Foi persistente. Usou sua popularidade em prol da igualdade racial, o que, sem dúvidas, vai muito além do esporte.

Vini Jr. - Foto: Reprodução

Vini Jr. – Foto: Reprodução

Em março deste ano, antes de um jogo da Seleção Brasileira, deu o recado ao mundo. “A cada dia, luto por todos que passam por isso. Se fosse só por mim e pela família, não sei se continuaria [jogando futebol]. Mas fui escolhido para defender uma causa bem importante e que eu estudo a cada dia para que no futuro meu irmão de cinco anos não passe pelo que estou passando”.

Para muitos, é evidente que o garoto São Gonçalo merecia e deveria ganhar a Bola de Ouro. Afinal, os números não mentem, e os títulos saltam aos olhos. Apesar disso, Vinícius José Paixão de Oliveira Júnior representa muito mais que um troféu. Simboliza todos os garotos que sonham em jogar futebol e precisam superar batalhas diariamente para chegar ao topo.

Nessa manhã, após cancelar um voo para 50 pessoas, o Real Madrid enviou uma nota para a agência de notícias AFP. “Se os critérios do prêmio não proclamam Vinícius como vencedor, esses mesmos critérios deveriam proclamar Carvajal como vencedor. Como isso não ocorreu, é óbvio que o Ballon d’Or-UEFA não respeita o Real Madrid. E o Real Madrid não vai aonde não é respeitado”, diz a nota.

Como funciona a premiação

Na Bola de Ouro, a France Football seleciona 180 jornalistas, um de cada país; a revista envia, na sequência, uma lista com 30 jogadores finalistas ao melhor do mundo para 100 destes profissionais – com base no ranking de seleções da FIFA. Cada profissional monta seu top 5 ideal, ao passo que o melhor colocado – após somar-se as pontuações por cada posição – é agraciado com a Bola de Ouro.