Você está ali, quase dormindo, o corpo relaxa, o pensamento se dissolve… e de repente — BUM! — um espasmo te sacode inteiro, como se tivesse caído num buraco invisível. Se isso já te aconteceu (e acredite, acontece com quase todo mundo), você acabou de ser vítima de um espasmo hipnagógico, ou, para os íntimos, o “tranco do sono”.
Essas contrações musculares involuntárias são tão misteriosas quanto universais. Acontecem justamente no momento em que o cérebro começa a desligar, mas o corpo ainda não percebe. É como se uma parte sua dissesse “boa noite”, e a outra gritasse “peraí, já?”. O resultado é um breve choque — um sobressalto, um chute, um braço que se move sozinho — e, na maioria das vezes, uma sensação nítida de estar caindo.

Mas afinal, por que isso acontece?
Especialistas chamam o fenômeno de espasmo hipnótico e acreditam que ele seja um eco do nosso passado evolutivo. Há quem diga que, quando os ancestrais humanos dormiam em árvores, o corpo desenvolveu esse reflexo como um alarme natural para evitar quedas. Assim, quando o corpo relaxava demais, o cérebro enviava um impulso muscular súbito — uma espécie de “teste de segurança”. Hoje, dormimos em camas confortáveis, mas o instinto permanece, como um resquício biológico que o tempo ainda não apagou.

Além da explicação ancestral, fatores modernos também têm peso. Cafeína, estresse, ansiedade e falta de sono regular são grandes responsáveis por deixar o sistema nervoso em alerta — e o corpo, pronto para reagir ao menor sinal de relaxamento. Treinar ou trabalhar até tarde, abusar do celular na cama e consumir álcool antes de dormir também aumentam as chances de os espasmos aparecerem.
Quer reduzir esses “sustos noturnos”? A receita é simples, mas exige disciplina:
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Evite cafeína e bebidas energéticas à noite.
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Diminua o ritmo pelo menos uma hora antes de dormir.
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Mantenha horários regulares para se deitar e acordar.
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E transforme o quarto em um refúgio de calma — sem luz, sem barulho e, de preferência, sem notificações.
Na maioria dos casos, os espasmos hipnagógicos são inofensivos — uma espécie de “reboot” do corpo antes do sono profundo. No entanto, se os movimentos forem muito intensos, frequentes ou acompanhados de insônia, vale procurar um médico.
Afinal, por mais estranhos que pareçam, esses sobressaltos são apenas um lembrete de que o corpo e o cérebro ainda estão tentando entrar em sintonia — e o momento de atravessar a fronteira entre a vigília e o sono é, literalmente, um salto no escuro.


