O RJ1 teve acesso a uma carta escrita por Júlia Cathermol antes de sua rendição, destinada a seu outro namorado, Jean Cavalcante de Azevedo. A mensagem foi entregue a Jean pela mãe de Júlia, Carla Cathermol, via foto, no dia 30 de maio, cinco dias antes da prisão de Júlia. Na carta, a psicóloga, apontada como autora do “crime do brigadeirão”, pede perdão repetidamente a Jean, afirmando que “estava sendo coagida e sob ameaça” e mencionando que Luiz Marcelo Ormond “estava sempre dopado”.

Ormond e Júlia descem de elevador com o brigadeirão com morfina — Foto: Reprodução/TV Globo

Essa revelação fez a polícia considerar a possibilidade de que o empresário estava sendo envenenado dias antes de consumir o doce com morfina. Embora Júlia não tenha identificado quem a ameaçava, segundo o depoimento de sua mãe e padrasto, a psicóloga “fez uma besteira obrigada por Suyany”, a mulher conhecida como Cigana Esmeralda, que a polícia acredita ser a mandante e mentora do assassinato.

Jean declarou à polícia que não conhecia Ormond e desconhecia a traição. Em seu depoimento, ele afirmou que Júlia lhe disse que ficaria fora por um mês para trabalhar como babá, enviando fotos dos filhos da suposta contratante, Natália, que os investigadores identificam como a cigana Suyany.

Leia a carta na íntegra

Jean, precisava te encontrar para te contar o que aconteceu, mas dada a minha situação vai ser complicado no momento. Eu sei que você está p*to comigo, se sente traído e enganado, e eu entendo. Mas queria que entendesse que eu estava sendo coagida e sob ameaça. Aquele beijo [foto acima] foi fingido e não passou disso, até porque ele [Ormond] estava sempre dopado, e eu fugia, não dormia nem no mesmo quarto.

Eu sei que não ameniza, mas tudo o que está acontecendo foi porque fui fraca mentalmente, sofri uma lavagem cerebral e fui ameaçada de morte, você e minha mãe também. Então eu surtei. Ainda estou surtada, na verdade estou muito pior, sem saber lidar com tudo isso. Ainda mais sem seu apoio. Eu preciso muito do seu amor, do seu apoio e do seu perdão. Me ajuda a enfrentar tudo isso, fica do meu lado.

Trecho da carta de Júlia para Jean — Foto: Reprodução/TV Globo

Você e todos sabem que se eu estivesse em plenas faculdades mentais, jamais teria feito nada disso, teria ido pro Chile com você. Você acha mesmo que eu estava sã? Esses dias eu estou em surto, me machuco, me recuso a comer, só choro. Estou tendo o apoio de minha mãe e Marino [padrasto], mas você me acalma, me protege, e eu me sentiria mais forte.

Desculpa citar isso, mas a sua ex fez por prazer, além de não ter cuidado de você quando você mais precisou, e você implorou para voltar. Por que não pode ao menos pensar em me dar uma segunda chance?

Agora é a hora que eu mais preciso de você, por favor, não me abandona, fica do lado da sua mulher nesse momento difícil. Tenho certeza que daria a vida por você. E foi o que fiz. Estou sem celular, os celulares da minha mãe e Marino estão hackeados, e talvez o seu também esteja. Então não sei como me comunicar com você. Pensei nessa carta. Quando ler, apaga a foto para não ficar salva. Me responda por carta também, ou então fala em código, sei lá, mas me responde por favor.

Eu preciso ser internada. Estou com medo de fazer coisas piores comigo mesma, mas não sei se vai rolar. Seu pai não quer pegar o caso por causa do beijo, mas como ele sempre diz, “não é o que você faz, mas por que faz”. Tenta entender o motivo. Se você pedir, ele aceita me ajudar também.

Estou escrevendo essa carta vendo o jogo do Fluminense, e eu só queria estar vendo com você. Eu vi eu vi que apagou nessas fotos do Instagram, talvez já tenha tomado sua decisão. Mas eu li as mensagens que escreveu dizendo que eu sou sua vida e quer viver comigo. Eu também quero, quero nossa casa, nosso filho… eu só preciso passar por isso primeiro. Te imploro mais uma vez para não me abandonar quando eu mais preciso. Sairemos mais forte disso. Me apoia, por favor. Sem você, não vou aguentar. É muito pesado. Você me equilibra. Eu sinto muito por tudo isso, há poucos dias que minha mente foi liberta.

Sei que é difícil, mas, por toda a nossa história, tenha piedade de mim. Preciso do seu amor. É claro que você confia menos em mim agora, mas isso eu reconquisto. Tenho medo de você me olhar diferente. Eu estou aqui, eu estou de volta, eu te amo como nunca amei ninguém e nunca vou amar. Me aceitando de volta ou não, te levarei para sempre comigo.

Aguardo seu retorno por carta ou por códigos. Eu sei que no fundo você quer me perdoar. Preciso que cuide de mim, e eu cuidarei para sempre de você. Seu abraço curaria muita coisa agora.

Júlia Cathermol ao ser transferida para um presídio e ao ser fichada na delegacia — Foto: Reprodução/TV Globo

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