Nos últimos dias, a internet conheceu a história da Mulher da Casas Abandonada através de um podcast investigativo e narrativo do portal Folha. O jornalista Chico Felitti expôs uma mulher brasileira que fugiu dos Estados Unidos por ser procurada pelo FBI há duas décadas por um crime hediondo. Higienópolis é conhecido por ser um dos bairros mais nobres de São Paulo, repleto de boutiques, restaurantes chiques e condomínios de luxo. Dentre tanto requinte, uma casa abandonada com dois cachorros de grande porte no jardim chama a atenção da elite paulistana, ainda mais por abrigar Mari, apelido de Margarida Bonetti.

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A moradora não tem uma boa convivência com os vizinhos e anda com roupas largas e sujas, usando uma camada grossa de um creme branco no rosto. Os arredores do imóvel tem um odor forte já que Mari despeja seus excrementos pela janela através de sacolas plásticas ou baldes.

O crime

Margarida e Renê Bonetti se casaram e se mudaram para Washington, nos EUA, no fim da década de 70, levando consigo uma empregada doméstica que foi dada como “presente” ao casal pelos pais. A mulher, que prefere não ser identificada, era analfabeta e foi mantida pelo casal em condições análogas à escravidão. Ao longo de 20 anos, a empregada trabalhou sem pagamento ou direto a descanso, com uma carga horária de 16 horas, e não tinha acesso a atendimento médico, apesar de ser frequentemente vítima de agressões e abusos. A patroa chegou a jogar uma panela de sopa quente em seu rosto em um dos ataques de fúria.

Como não havia aprendido inglês, a mulher conseguiu fugir com ajuda de uma vizinha que falava espanhol. A partir disso, o caso chegou nas mãos do FBI, que condenou Renê a seis anos de prisão e a pagar U$ 100 mil para a vítima, enquanto Margarida conseguiu fugir para o Brasil durante as investigações. Aqui, ela se alojou na casa dos pais onde passou a infância. Sua mãe veio a falecer em 2011 e, com isso, a casa parou de receber cuidados básicos e passou a ter a aparência que conhecemos hoje. Já Renê cumpriu sua pena e trabalha em uma empresa de tecnologia nos EUA que presta serviços à Nasa.

Resgate feito por Luisa Mell

No último domingo (3), o delegado Bruno Lima e a equipe do Instituto Luisa Mell entrou no jardim da casa para resgatar as cadelas Ebony e Ivory e constataram que Mari fugiu do local devido à repercussão do caso nas redes. “Falamos com vários vizinhos do entorno aqui, é um problema antigo do bairro. Isso aqui é um celeiro de doenças“, disse Bruno. “Na verdade, é um problema de zoonose, vigilância sanitária. Acionamos hoje, mas é domingo, é complicado. Amanhã acionaremos mais uma vez. São fezes jogadas pela janela, urina, ratos andando por aqui e os animais viviam nesse ambiente, nessa situação lastimável”, declarou.

Veja o resgate no vídeo abaixo:




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Margarida pode ser presa?

O crime de “redução a condição análoga à de escravidão” está previsto no Código Penal e tem pena de 2 a 8 anos de reclusão e multa. Entretanto, a infração prescreve em 12 anos e Margarida não pode mais ser punida pela Justiça brasileira. Além disso, nossa Constituição também não permite a extradição de brasileiros natos.

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