Os aficionados por futebol estão apreensivos com o escândalo de manipulação de apostas revelado pela operação ‘Penalidade Máxima’. O esquema foi descoberto pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), que investiga jogadores e grupos criminosos por manipulação e ações indevidas no esporte mais popular do país.
A segunda fase da operação já conta com 35 nomes entre investigados e citados, envolvendo jogadores das Séries A e B do campeonato brasileiro e até atletas que atuam fora do Brasil. Alguns dos envolvidos foram afastados por tempo indeterminado de seus times até que as investigações cheguem ao fim.
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Entenda o esquema
As apostas esportivas funcionam da seguinte forma: para cada evento durante a partida, as casas de aposta definem uma cotação, as chamadas odds, que agem como um multiplicador sobre o valor investido. Essa cota é fixada pelo momento que o apostador fecha a aposta, sem poder sofrer alteração, independente do resultado do jogo.
É possível, por exemplo, apostar no time vencedor, placar final ou número de cartões e escanteios. Além disso, também existem as chamadas apostas múltiplas, no qual o valor apostado é multiplicado pela soma das odds equivalentes à cada evento escolhido. No entanto, se um evento não se concretizar, a aposta toda está cancelada.
No esquema criminoso, os apostadores escolhem um evento e fazem um acordo antecipado com um jogador para que aquilo se concretize. As duas partes combinam antes do início da partida o valor a ser pago para o atleta, que recebe uma parte da quantia antes de entrar em campo.
Por exemplo: o apostador definiu que o jogador X irá receber cartão amarelo na partida Y, com uma odd 10. Se investir R$ 1 mil, ele irá ter um lucro de R$ 10 mil e passará parte do valor para o atleta. Para lucrar cada vez mais, os apostadores fazem múltiplas combinadas com diversos jogadores.
Lista de jogadores investigados e citados no processo
Até o momento, oito jogadores foram afastados de seus clubes. Outros quatro atletas fizeram um acordo com o MP para não serem indiciados no processo, sendo citados como testemunhas por fornecerem informações para o caso.
- Gabriel Tota (Juventude)
- Victor Ramos (ex-Portuguesa, atualmente na Chapecoense)
- Fernando Neto (ex-Operário-PR)
- Eduardo Bauermann (Santos)
- Igor Cariús (ex-Cuiabá, atualmente no Sport)
- Paulo Miranda (ex-Náutico, atualmente sem clube)
- Fernando Neto (ex-Operário-PR, atualmente no São Bernardo)
- Vitor Mendes (ex-Juventude, atualmente Fluminense)
- Richard (Cruzeiro)
- Nino Paraíba e Dadá Belmonte (América-MG)
- Kevin Lomonaco (Red Bull Bragantino)
- Moraes Jr. (ex-Juventude, atualmente no Aparecidense)
- Nikolas Farias (Novo Hamburgo)
- Jarro Pedroso (Inter de Santa Maria)
- Nathan (ex-Fluminense, atualmente no Grêmio)
- Pedrinho e Bryan García (Athletico-PR)
- Alef Manga e Jesús Trindade (Coritiba)
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Os jogadores podem ser presos?
Por enquanto, nenhum jogador de futebol foi preso, apenas os supostos integrantes da quadrilha criminosa. No âmbito esportivo, os atletas denunciados podem ser multados ou até mesmo banidos do esporte definitivamente pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
Na área criminal, os jogadores podem responder pelas práticas de organização criminosa (pena de três a oito anos e multa) e corrupção ativa (pena de 1 a 2 anos), além de lavagem de dinheiro (pena de 3 a 12 anos e multa), se for o caso.
O campeonato pode ser paralisado?
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) negou qualquer possibilidade de suspender o Campeonato Brasileiro 2023. Além disso, a entidade se colocou à disposição para “dar todo o apoio necessário” à investigação e afirmou que ainda não foi oficialmente informada pelas autoridades sobre os fatos.
Vale lembrar que um escândalo parecido tomou a primeira capa dos jornais do país há 40 anos. Em outubro de 1982, o caso da Máfia da Loteria Esportiva chocou o país, com 125 acusados, entre jogadores, árbitros e cartolas, em um esquema que fraudava resultados a favor de um grupo de apostadores.
Seu time teve algum jogador envolvido na polêmica?