Cientistas na Índia observaram comportamentos incomuns em crocodilos-persas, incluindo a caça em grupo, o uso de galhos como isca para atrair aves aquáticas a uma distância surpreendente e até mesmo o ato de resgatar um cachorro selvagem perseguido por outros cães. Esses incidentes foram documentados em um artigo recente publicado no Journal of Threatened Taxa, indicando que os Crocodylus palustris que habitam o rio Savitri, na cidade de Maharashtra, na Índia, podem ser mais cognitivamente avançados do que se acreditava anteriormente.

Foram documentados vários casos de crocodilos-persas realizando ações de caça em grupo, como nadar em círculos para formar um vórtice e encurralar peixes para se alimentarem conjuntamente. Em outras situações, esses crocodilos pareciam utilizar varas para atrair garças-vaqueiras, uma vez que essas aves utilizam galhos na construção de seus ninhos, tornando-os um recurso valioso.

Empatia

No entanto, talvez o comportamento mais intrigante realmente tenha sido observado quando um filhote de cachorro foi perseguido no rio por uma matilha de cães selvagens adultos. Em vez de comer o animal, três crocodilos-persas pareciam empurrá-lo de volta para a costa. “Os crocodilos guiaram o cão para longe do local, onde ele estaria vulnerável a ser atacado pela matilha de cães selvagens que esperavam na margem do rio”, diz o artigo.

“Esses crocodilos estavam realmente tocando o cachorro com seu focinho e cutucando-o para se mover mais para uma subida segura na margem e, eventualmente, escapar”. Confira imagens:

Crocodilos salvam vida de cão perseguido por matilha. “Empatia emocional” — Foto: Reprodução/ Utkarsha Chavan & Umesh Awadootha/Journal of Threatened Taxa

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Os pesquisadores interpretaram esse comportamento como um possível ato empático por parte dos crocodilos, sugerindo que eles poderiam ter demonstrado preocupação com a segurança do cachorro. Embora seja intrigante que eles não tenham consumido uma presa que estava ao alcance, é importante observar que há poucas evidências que indiquem que os crocodilianos são capazes de manifestar empatia em relação a outras espécies.

Descobertas como as apresentadas neste estudo, conforme destacado pelo site LiveScience, podem abrir caminho para pesquisas adicionais. No entanto, sem investigações mais aprofundadas, esses incidentes permanecem como observações curiosas, semelhantes ao caso de crocodilos no Marrocos que pareciam estabelecer uma ligação emocional com humanos ao reagirem a choros de bebês.

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Choro de bebês atrai crocodilos

Independentemente do idioma ou das diferenças entre as espécies, um artigo publicado na revista Proceedings of the Royal Society B destaca a universalidade da linguagem das emoções. A pesquisa revela uma notável conexão emocional entre crocodilos e seres humanos, demonstrando que o sofrimento é um elo que transcende as barreiras das espécies. Através de estudos no campo da bioacústica, os autores descobriram como crocodilos-do-Nilo reagem aos choros e gemidos de bebês humanos e primatas, revelando uma comunicação emocional surpreendente entre diferentes animais.

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Crocodilo-do-nilo (Reprodução/Pixabay)

Um estudo liderado por cientistas do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França investigou o comportamento dos crocodilos em margens de lagoas em um zoológico no Marrocos. Utilizando alto-falantes controlados remotamente, os pesquisadores reproduziram gravações de choros de bebês humanos, bonobos e chimpanzés. Surpreendentemente, os crocodilos, conhecidos por serem predadores africanos que podem alcançar até 18 metros de comprimento, foram atraídos pelos sons angustiantes.

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Nicolas Grimault, diretor de pesquisa bioacústica e um dos autores do estudo, ressaltou a relevância dessas descobertas. “O sofrimento é algo compartilhado por espécies muito distantes”.

A pesquisa sugere que os gemidos infantis, embora atrativos como possíveis refeições, podem também suscitar uma resposta de ajuda por parte dos crocodilos, subvertendo a visão convencional desses répteis temíveis. Ou seja, é possível que eles tivessem sido atraídos por um “sentimento” de preocupação – e não simplesmente por encontrarem nesses sons a possibilidade de uma refeição estar por perto.

Embora as reações tenham variado entre os crocodilos, quase todos apresentaram alguma resposta aos sons de angústia reproduzidos no estudo. A cientista cognitiva Piera Filippi, da Universidade de Zurique, Suíça, enfatizou a importância dessas descobertas para a sobrevivência dos crocodilos e ressaltou a necessidade de compreender os complexos mecanismos que regem a interação entre diferentes espécies. Isso destaca a relevância de estudar as implicações dessas reações emocionais nos animais.

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