O Japão é um país maravilhoso, formado por diversas ilhas, paisagens paradisíacas, uma culinária mundialmente famosa, tendo também uma cultura milenar e história interessante. Várias coisas nos causam estranheza por serem tão diferentes da nossa realidade. No entanto, nós temos muito o que aprender com eles, principalmente em termo de educação, disciplina e tecnologia. Nessa lista serão mostrados alguns fatos desconhecidos e hábitos dos japoneses.
1 – Transporte público no Japão
O Japão tem a estação mais movimentada do mundo tendo, em média 3,6 milhões de passageiros por dia. Para ter uma comparação, a estação da Sé na cidade de São Paulo tem uma movimentação de mais ou menos 536 mil pessoas diariamente, segundo dados da Secretaria dos Transportes Metropolitanos em 2017.
A movimentação na estação de Shinjuku é tão grande que em 2016, a empresa East Japan Railway lançou um aplicativo exclusivo disponível em inglês e japonês para ajudar turistas e residentes. O aplicativo tem localização por Gps para auxiliar o usuário, além de oferecer a melhor rota de destino dentro da estação. Aliás, o país tem mais estações na lista mundial com Shibuya, Ikebukuro, Umeda e Yokohama.
Trens japoneses estão entre os mais pontuais do mundo: a média de atraso é de apenas 18 segundos! Aproximadamente 70% da rede de trem do país pertencem e são operadas pela empresa Japan Railways, enquanto os outros 30% são de dezenas de empresas ferroviárias privadas menores, principalmente nas regiões metropolitanas, como Kanto, Chubu e Kinki.
Na verdade, os trens no Japão são tão pontuais que as empresas se desculpam, no caso de algum trem partir da estação segundos antes do horário oficial. É tão incomum que os trens se atrasem que, quando isso acontece, os passageiros já assumem que coisas terríveis podem ter acontecido.
Conversar, em voz baixa, no trem é aceitável, mas falar ao telefone, seja em voz baixa ou não, é moralmente proibido ao andar em trens e ônibus. Se você carrega um telefone, mantenha-o no modo silencioso e evite falar nele.
2 – Costumes sobre sapatos
Você provavelmente já notou o fato de os japoneses tirarem os sapatos ao chegar em casa. Bem, há vários motivos para a realização desse ato.
A primeira razão – e mais óbvia – é a questão da sujeira. Tirar os sapatos antes de entrar em casa, auxilia muito na limpeza. Afinal, os calçados trazem todo o tipo de imundície da rua: lama, chuva, e muito mais. Este hábito é muito importante no Japão, ainda mais pelo fato de as pessoas terem o costume de sentar-se em tapetes de tatami e comer em mesas mais baixas.
Mais um motivo é que japoneses acreditam que além da higiene física do ambiente, é importante cuidar da higiene espiritual. Ao tirar os sapatos antes de entrar no local, acredita-se que as energias impuras da rua não entram no local e não invadem a harmonia do lar. Assim como um santuário, a casa é vista como um lugar sagrado.
Logo na entrada da residência, existe uma área chamada genka. Ele é, geralmente, um degrau abaixo do nível da entrada principal da casa. É neste lugar que os calçados devem ser retirados. Os sapatos devem ser alinhados e virados em direção à porta. Alguns lugares também deixam dispostos surippas, espécie de chinelo ou pantufa que se usa no interior das casas.
Ao visitar a residência de outras pessoas, também é de bom tom retirar os sapatos na entrada da casa. Alguns lugares públicos também pedem a remoção dos calçados como escolas, santuários, templos e hotéis tradicionais. No Japão, espera-se que todos sigam as etiquetas, inclusive os visitantes estrangeiros. Os japoneses também têm o costume de utilizar sapatos próprios para banho.
3 – Não são aceitas gorjetas no Japão
A gorjeta é considerado como algo estranho no Japão. Para eles não faz sentido dar esse valor a alguém. Culturalmente no Japão, nenhum emprego no setor de serviços exige gorjeta. Então os empregadores devem pagar um valor justo aos seus funcionários.
O maior motivo para dar gorjeta em restaurantes é a crença de que isso impede o atendimento ao cliente de ser ruim ou de recompensar por um bom atendimento. No caso de um mau atendimento, não haveria a gorjeta. Ter orgulho de seu trabalho, não importa o quão humilde seja sua profissão, está profundamente enraizado na cultura japonesa.
Mais um fato curioso é que é muito comum ver bandejas pequenas perto do caixa em lojas ou restaurantes. Elas estão ali para ao invés de entregar o dinheiro diretamente na mão de alguém, colocar nas bandejas. O troco, normalmente, volta direto para a sua mão, entregue pelo japonês que usa suas duas mãos para entregá-lo.
4 – Nunca dar ou receber coisas com uma mão só no Japão
Dar ou receber algo com somente uma mão no Japão pode ser um gesto completamente ofensivo. Provavelmente você já entregou um papel para alguém, por exemplo. E possivelmente, você fez isso usando somente uma mão. E isso é muito comum em muitos lugares do planeta, mas não é aceitável no Japão.
O correto é sempre entregar ou receber algo de alguém utilizando as duas mãos. No caso de uma papel com algo escrito, como um documento, você deve entregar para a pessoa segurando nas pontas verticais e a leitura deve estar no sentido da pessoa que recebe o papel.
Japoneses sabem que não é de conhecimento comum, nem mesmo instintivo, para os outros receber ou dar algo com as duas mãos. É mais comum alguns fazerem isso com apenas uma, mas no Japão isso é considerado um pouco estranho. Use as duas mãos como sinal de educação e finalize com uma leve reverência ou aceno de cabeça.
Quando se trata da questão específica dos cartões de visita, que é uma situação mais comum de receber e dar com as duas mãos, separe alguns segundos para olhar e ler corretamente o cartão ao recebê-lo. Isso mostra que o cartão é importante, e não apenas um mero pedaço de papel.
5 – Evitar os números 4 e 9
O número 4 no Japão sempre precisa ser evitado. Muitas pessoas até mesmo optam por não comprar 4 unidades de algo, por exemplo. Esse número no Japão pode ser compreendido como algo ruim. Em resumo, a pronúncia do número 4, soa como a palavra morte. A história mais extensa é que há muito tempo atrás, alguém descobriu isso e começou a dizer a todos que o número 4 era igual a morte e que todos precisam tomar cuidado porque coisas desagradáveis vão acontecer. Por exemplo, se for ao Japão não é aconselhável comprar 4 unidades de nada.
Esse pavor pelo número 4 tem até nome, se chama tetraphobia. É o medo irracional pelo número 4, muito comum em países asiáticos que usam as mesmas bases para o sistema de escrita. Então, Japão, China, Vietnã, Malásia e Singapura partilham da tetraphobia.
Em todos os países, é possível ver exemplos de andares faltando e a ausência desse número. No Japão, existe uma pronúncia alternativa ao quatro para usar em números de telefone, já que seria impossível ignorá-lo nos telefones.
O número 9 também é considerado um número de má sorte no Japão, pois a pronúncia é ku e lembra sofrimento. Por isso, costuma ser ignorado também.
6 – Demonstrações de afeto em público no Japão
Na cultura japonesa, contato físico, no geral, não é comum como é no Brasil. Por causa disso, dar as mãos, no Japão, é um ato considerado íntimo e, quando feito em público (especialmente entre uma mulher e um homem), pode ser bastante ofensivo para pessoas mais conservadoras.
Cumprimentar as pessoas com abraços ou beijos não é muito comum, assim como quase não se vê casais se beijando ou até andando de mãos dadas na rua. Normalmente os japoneses dão apenas oi e tchau apenas se curvando levemente para a frente ou acenando, sem nenhum tipo de toque Em cidades grandes, como Tokyo, o máximo que você verá são casais de jovens de mãos dadas.
7 – Ruas sem nome
É uma loucura imaginar, mas as ruas no Japão não tem nome! Lá, a maioria das ruas não tem nome e os habitantes se localizam pelos quarteirões. Os japoneses preferem numerar os quarteirões e as ruas permanecem sem nome. Essa forma pode ser bem confusa para os turistas.
O sistema de endereçamento japonês é uma versão de meados do século 20 de um sistema de identificação iniciado na era Meiji no final de 1800, quando o país se afastou do sistema feudal e entrou na economia mundial. Aparentemente, havia muitos conflitos com nomes de lugares e números foram adotados. O país não é totalmente desprovido de nomes de ruas, mas sua grande maioria é apenas numeral.
8 – Banhos em águas termais
O Japão está localizado no incrível Anel de Fogo do Pacífico e abriga algumas das melhores águas termais do mundo. Os japoneses tem o hábito de frequentar casas de banhos termais, os chamados Onsen.
A maioria das instalações possui banhos independentes para hóspedes do sexo masculino e feminino, separados por cortinas divisórias. No local, há um vestiário em que é possível deixar roupas e itens pessoais. Não há necessidade de trazer nada, pois a maior parte delas possui uma variedade de produtos de higiene, itens para banho e buchas para utilização dos hóspedes. Você pode pegar uma toalha pequena para se cobrir, mas ela não deve ser colocada na água.
Quando estiver limpo, você pode entrar nos banhos. Em geral, a temperatura dos banhos em águas termais é de cerca de 40 graus Celsius; por isso, faça pausas regulares para não se aquecer muito.
A curiosidade que mais chama a atenção é que todos ficam completamente nus na frente de todo mundo. E os japoneses encaram isso com a maior naturalidade! Outro fato curioso é que não aceitam pessoas com tatuagens, tudo por medo de contaminação e de que essas sejam pessoas ligadas a máfia japonesa.
9 – Pesquisa e desenvolvimento e energia renovável
O Japão é um país conhecido mundialmente por sua avançada tecnologia em diversos setores. Investimento em pesquisa e desenvolvimento, robótica e inteligência artificial, energia renovável, e transporte e mobilidade, são algumas das maiores tecnologias do Japão.
O governo japonês tem investido muito em pesquisa e desenvolvimento. De acordo com o Índice Global de Inovação de 2021, o Japão ocupa a quinta posição entre os países mais inovadores do mundo. Algumas grandes empresas japonesas, como a Sony, Honda, Toyota e Panasonic, são exemplos de inovação e excelência em diversos setores.
A energia renovável é mais uma área em que o Japão vem se destacando, especialmente após o acidente nuclear de Fukushima em 2011. Desde então, o país tem investido em fontes de energia limpa, como a solar e a eólica. O país tem um dos maiores mercados de energia solar do mundo, e o governo japonês tem incentivado a instalação de painéis solares em residências e empresas, oferecendo incentivos fiscais para quem adotar a tecnologia.
10 – Robótica, Inteligência artificial e mobilidade
A robótica e inteligência artificial são algumas das áreas em que o Japão é líder mundial. Essas tecnologias têm sido aplicadas em diversos campos, desde a indústria até a medicina. Os robôs têm se tornado cada vez mais comuns em hospitais no Japão, facilitando o trabalho dos médicos e melhorando a qualidade do atendimento.
O transporte e a mobilidade são outras áreas em que o Japão tem se destacado. Como já vimos, o país tem um sistema de transporte público de alta qualidade, que inclui trens-bala, metrôs e ônibus. O Japão tem investido em tecnologias de transporte sustentável, como veículos elétricos e híbridos. A Toyota, por exemplo, tem sido pioneira na produção de veículos híbridos, e sua tecnologia é referência para outras empresas em todo o mundo.
11 – Comer enquanto anda
Não é educado comer e andar ao mesmo tempo no Japão, é um ato visto como rude e mal educado. Os motivos são simples. Os japoneses são adeptos da filosofia que uma coisa de cada vez deve ser feita. Logo, fazer duas coisas ao mesmo tempo não é aconselhável.
O recomendado é achar um local, parar e comer. O ato de comer é considerado sagrado. Portanto, existe um profundo respeito pela comida também. Porém, essa regra de etiqueta tem suas exceções no país. Aliás, não é impossível ver alguém andando e comendo no Japão.
12 – Soneca na hora do trabalho
No Japão, muitas empresas oferecem o recurso de tirar uma soneca no horário do trabalho. Dessa forma muitos problemas de saúde são evitados, tal qual a morte por excesso de trabalho, que é muito comum no país. Mediante isso, as sonecas são muito respeitadas no país, onde a ação é conhecida como “inemuri”, ato de dormir em qualquer lugar em razão de cansaço.
Inclusive, a empresa japonesa Koyoju Plywood Corporation do Japão criou uma cápsula de 2,5 metros de altura e 1,2 metros de largura, chamada de Giraffe Nap (Soneca de Girafa, traduzido do inglês), onde o trabalhador pode dormir em pé.
13 – A adoração dos japoneses por gatos
No Japão existe o Neko no Hi, o dia dos gatos, que é comemorado dia 22 de fevereiro. O dia do gato é comemorado com entusiasmo e para a data presentes são comprados, passeios são planejados, tudo para agradar aos felinos. Tem diferentes formas de celebrar a data, muita gente posta fotos engraçadas nas redes sociais, fazem cosplay, assam biscoitos e donuts, compram mimos para os felinos e até produtos novos são lançados no mercado.
Na verdade, no Japão a figura do gato é muito mais tradicional e profunda, do que apenas a adoração pela fofura dos gatinhos. Os gatos na verdade são um sinal de muita sorte, e força, quem nunca viu o gatinho Maneki Neko?
Existem diversas histórias sobre o gatinho. Em uma delas, um samurai estava se protegendo da chuva embaixo de uma árvore, perto do templo Gotokuji, em Tóquio. Ao ver o gato do cuidador do templo com a pata levantada, o samurai caminhou em sua direção, como se o felino tivesse o convidado a entrar. A atitude lhe salvou a vida, pois logo depois, a árvore foi atingida por um raio.
Em outra, uma mulher estava prestes a ser picada por uma cobra e seu gato a salvou, como forma de sacrifício. Em outro relato, um homem muito pobre estava quase falindo, e seu gato começou a convidar pessoas a entrar em seu comércio, atraindo sorte e prosperidade. Algumas escolas budistas acreditavam que os gatos eram iluminados, e quando um ser humano falecia, ele voltaria em forma de gato, antes de atingir o nirvana.
14 – Sistema de saúde do Japão
A saúde no Japão, é uma obrigação do governo, assim como a segurança e o lixo. As pessoas pagam por seu sistema de saúde através de impostos e taxas razoáveis. E o governo assume a responsabilidade de controlar os gastos.
Basicamente, todos os moradores do Japão são obrigados, por lei, a ter seguro de saúde. Durante os anos de trabalho, a maioria das pessoas obtém o seu seguro através de seu empregador. Como um benefício, semelhante aos EUA.
Pessoas sem o seguro por meio de um empregador se une a um programa nacional de sistema de saúde administrado pelo governo. Todos os programas são regulados para fornecerem os mesmos benefícios básicos, pelos mesmos preços. O sucesso para este sistema de saúde é que o governo regula todos os custos. Os hospitais do Japão devem ser organizações sem fins lucrativos, que são administrados por médicos, não por empresas. Os médicos podem administrar pequenas clínicas com fins lucrativos.
O Japão tem a maior expectativa de vida do mundo de 83,7 anos e tem mais de 60.000 pessoas com mais de 100 anos de idade – em 2017, o recorde era de 67.824 centenários. Em 1971, eram apenas 339.
15 – Crianças limpam a própria escola no Japão
Quando pensamos nas escolas de países ricos e desenvolvidos, sempre imaginamos um ambiente limpo e bem cuidado por competentes funcionários da limpeza. Porém, muitas escolas japonesas não contratam “faxineiros”. Como resultado, os alunos se transformam na própria equipe de limpeza de suas escolas.
Os alunos que são responsáveis por manter sua escola limpa e agradável. Estudantes jovens, como as crianças da Educação Infantil, esfregam o chão, limpam a janela e lavam os banheiros. Cada sala de aula cria um sistema de agendamento, com dias ou horários fixos, dedicados exclusivamente à limpeza de sua classe e ambientes.
Este sistema de manutenção da limpeza “sem faxineiros” não foi estabelecido pela economia de dinheiro, muito menos pela falta de recursos humanos disponíveis. O principal objetivo é crescimento pessoal. A ideia é a de incorporar o senso de responsabilidade e de trabalho em equipe. Através de suas tarefas na limpeza da escola, treinar os estudantes para serem mais altruístas e colaborativos.
Assista no vídeo abaixo como ocorre a limpeza em uma escola do Japão:
16 – Cafés de gato
O conceito de cat cafe é originário de Taiwan e surgiu em 1998. No entanto, foi no Japão, em 2005 onde ele mais se popularizou.
O estilo de vida da maioria dos japoneses, em seus pequenos apartamentos e rotinas de trabalho intensas, não permite animais de estimação, os neko cafe tornaram-se um destino popular entre os jovens trabalhadores, na verdade de qualquer pessoa que queira uma companhia felpuda.
Normalmente, os cafés de gatos cobram pela permanência no local, com uma consumação inclusa e vendem diversos produtos da linha pet. Além disso, existem regras, tais como a proibição de carregar os gatos e a entrada de menores de 12 anos, entre outras. Existem muitos cat cafe do Japão que são temáticos. Em alguns, é possível também adotar e cuidar dos felinos doentes.
Assista no vídeo abaixo de como é um cat café no Japão:
O que você achou de descobrir algumas de várias curiosidades do Japão?