Suzane Louise von Richtofen é responsável pelo crime de homicídio que chocou todo o país em 2002. Atualmente ela ainda cumpre pena por seus crimes, mas toda essa tragédia gerou traumas em seu irmão mais novo, Andreas. Apesar da tentativa de conseguir ficar com parte da herança, ela foi toda destinada ao caçula. O valor dos bens na época foi avaliado em torno de R$ 10 milhões, porém, Andreas se afundou em dívidas.
A briga pelos bens dos von Richtofen teve início após o duplo homicídio dos pais, Marísia e Manfred. Na lista dos bens herdados, haviam carros, terrenos, seis imóveis, entre eles a mansão onde o casal foi assassinado por Daniel e Cristian Cravinhos – vendida por R$ 1,6 milhão, além de dinheiro em contas correntes e aplicações.
Com a intenção de impedir que a irmã mais velha recebesse metade da herança dos pais, Andreas entrou na Justiça para conseguir seus direitos, e teve a decisão totalmente à seu favor. Porém, infelizmente vinte anos depois, o caçula enfrenta diversos desafios com suas propriedades herdadas. Atualmente ele não parece interessado no que herdou, e enfrenta 24 ações na Justiça de São Paulo.
24 ações judiciais
As 24 ações judiciais são por débitos de IPTU e condomínios atrasados. Duas das casas herdadas por Andreas ficaram fechadas por tanto tempo que foram até invadidas. A casa da Rua Barão de Suruí, avaliada em R$ 1 milhão, permaneceu fechada e foi invadida por falsos sem-teto. Essa casa está com R$ 48.524,07 em tributos atrasados até novembro de 2023.
Esse era o local onde a família morava antes de se mudar para a mansão da Rua Zacarias de Góis, onde Daniel e Cristian Cravinhos mataram o casal a pauladas. Essa casa tem três quartos e 300 metros quadrados e está avaliada em R$ 1 milhão. Lá, funcionaram duas editoras, a Magnum, especializada em armas de fogo; e a Etros.
Segundo informações de Ulisses Campbell, depois que as duas empresas deixaram o imóvel, diversos corretores do bairro procuraram Andreas porque toda semana aparecia gente interessada em comprá-lo. Mas ele recusou todas as ofertas. A casa, sem manutenção, ficou com aspecto de abandonada. Recentemente, uma família se instalou lá clandestinamente.
Quando identificaram o abandono dos locais, os sem-teto chamaram um chaveiro e entraram nas casas sem arrombar portas ou portões. Depois limparam o terreno, fizeram reformas, pintaram a fachada, mandaram ligar luz e água e passaram a morar de graça até que alguém reivindique judicialmente a propriedade.
Casas tomadas por usucapião
No bairro de Campo Belo, onde Andreas tem outras duas casas, invasores já ganharam título de propriedade por usucapião. Que é a aquisição de um imóvel por meio da posse prolongada, contínua, pacífica e sem oposição, também chamada no Direito Imobiliário de prescrição aquisitiva. O tempo dessa posse pode ser entre 5 e 15 anos.
Além do risco de usucapião por posse prolongada, Andreas também enfrenta processos movidos pelas prefeituras de São Paulo e São Roque devido a dívidas de IPTU. A casa na Rua República do Iraque, onde sua mãe, a psiquiatra Marísia von Richthofen, mantinha uma clínica, acumula um débito de R$ 20.170,17 até julho de 2023. Ele chegou a morar no imóvel por alguns anos, época em que cursava Farmácia e Bioquímica na USP, entre 2005 e 2015.
Vizinhos
Esse período inclui um doutorado feito por ele em Química. De acordo com vizinhos, Andreas reunia amigos e fazia festas no local, mantendo o som alto até a madrugada. No entanto, os vizinhos de porta nunca se queixaram do barulho. “Esse garoto era tão triste que não tínhamos coragem de reclamar quando ele estava se divertindo com os amigos”, disse a dentista Olívia Massaoka, vizinha de porta da casa da República do Iraque.
Segundo outro vizinho Allan Zurita, o irmão de Suzane alternava momentos em que se apresentava bem vestido e comunicativo e outros em que mal falava “bom dia” e andava com a mesma roupa por até uma semana. O vizinho já impediu duas vezes que a casa ao lado fosse invadida.
Para não passar a impressão de que o imóvel está abandonado, o empresário pega os boletos deixados pelos carteiros na caixa de correios e paga a conta da luz. Ele também manda limpar o mato que cresce nos buracos da calçada e rente ao portão. “Minha intenção é comprar a casa dele, mas ninguém consegue localizá-lo para fazer a oferta”, disse Zurita.
Andreas tem medo da irmã
Relembre o caso
Na noite do dia 31 de outubro de 2002, Manfred e Marísia von Richthofen foram assassinados a pauladas pelos irmãos Cravinhos, Daniel e Cristian. Isso tudo a mando da filha do casal, Suzane von Richthofen. O crime chocou o país tanto pela participação de Suzane quanto pela forma como foi premeditado.
Na época, ela tinha quase 19 anos e era estudante de direito da PUC-SP. Segundo depoimento dos acusados à polícia, antes do assassinato, Andreas (15 anos) foi levado por ela até um cybercafé. Em seguida, ela e o namorado, Daniel Cravinhos, à época com 21, encontraram o irmão dele Cristian, 26, e seguiram para a casa da família no Brooklin, na zona sul de São Paulo.
Suzane entrou e foi ao quarto dos pais para constatar que eles dormiam. Depois, acendeu a luz do corredor, e os irmãos golpearam o casal. Inicialmente, a polícia acreditava se tratar de um caso de latrocínio (roubo seguido de morte). Porém, a casa não tinha sinais de arrombamento, e tanto o alarme quanto o sistema interno de vigilância estavam desligados.
Dias após o crime, a compra de uma moto com parte do valor paga em dólares levou a polícia a desconfiar dos irmãos. Em 8 de novembro de 2002, Suzane, Daniel e Cristian foram presos e confessaram ter planejado e matado o casal. Depois de 20 anos, incluindo períodos de regime domiciliar, Suzane ficou presa até janeiro de 2023. Ela passou para o regime aberto pela 2ª Vara de Execuções Criminais de Taubaté.
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