A certidão ficou com lacunas já previstas. Como, por exemplo, os campos de preenchimento de sobrenome e nome dos pais. Já a cidade de origem foi considerada Vitória, local onde ela passou a maior parte da vida, ainda que internada no HPM.
Quem é Clarinha?
Clarinha é uma mulher que foi atropelada no dia 12 de junho de 2000, no Centro de Vitória. Na época, a vítima do atropelamento foi socorrida por uma ambulância. Porém, ela não possuía documentos e já chegou a unidade de atendimento médico desacordada e sem ser identificada. A equipe médica responsável pela mulher nunca descobriu quem ela realmente era e, por isso, a apelidou de Clarinha para humanizá-la.
Nome da Clarinha no quadro de pacientes da enfermaria do HPM, em Vitória. Ela ficava no apartamento 3, cama 1. Espírito Santo. — Foto: Ricardo Medeiros
Além do nome, também nunca foi descoberto dados como idade, origem ou relações familiares. Ainda assim, ao longo dos últimos 24 anos, os médicos de Clarinha mantiveram a esperança de identificar algum familiar ou até mesmo um filho da mulher. Já que ela apresentava uma cicatriz de cesariana.
“Pode ser que ela tenha um filho que esteja vivo. Essa marca de cesárea realmente reforça muito a possibilidade de alguém da família identificá-la. Eu gostaria muito disso”, chegou a dizer o médico tenente-coronel Jorge Potratz, em 2016, quando o caso ganhou mais repercussão.
Médico se responsabilizou pela paciente
Durante todos esses anos, diariamente, a paciente recebeu a visita de médicos e enfermeiros. O médico tenente-coronel Jorge Potratz foi o principal responsável e seguiu com os cuidados mesmo depois de aposentado. Inclusive, foi ele quem escolheu o nome Clarinha.
Coronel Potratz gostaria de encontrar com a família de Clarinha. Espírito Santo. — Foto: Ricardo Medeiros
“A gente tinha que chamar ela de algum nome. O nome ‘não identificada’ é muito complicado para se falar. Como ela era branquinha, a gente a apelidou de Clarinha”, disse Potratz.
O médico auxiliou a mulher com produtos básicos para os cuidados dentro do hospital. Já que não são oferecidos para paciente na situação em que ela se encontrava. Cremes, produtos de higiene, limpeza, fraldas eram adquiridos pelo coronel que custeava as compras.