Imagine aquele prato de comida delicioso, prontinho para ser degustado, e de repente, uma mosca pousa diretamente na comida. “Ah, mas o que importa? É só um insetinho, que podemos espantar com a mão e ele vai embora.” Quantas vezes já fizemos isso?! No entanto, nesse simples ato, uma mosca pode ‘vomitar’ e depositar seus ovos. Além disso, esse pequeno invertebrado é capaz de transportar 200 tipos de bactérias altamente prejudiciais à saúde humana.

As moscas carregam diversos patógenos (bactérias, fungos, vírus, ovos de vermes), pois se alimentam de material orgânico em decomposição, especialmente fezes. Ao pousar em um alimento, elas deixam um rastro de sujeira imperceptível a olho nu. A situação piora: por não terem dentes nem mandíbulas, as moscas cospem sobre os alimentos. As enzimas presentes em suas salivas dissolvem parcialmente a comida, que elas depois sugam para dentro de suas bocas.

No entanto, o risco de contrair uma doença após ingerir um alimento em que uma única mosca pousou por um curto período é baixo, segundo Ana Paula Garcia, mestre em nutrição pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) e coordenadora do curso de gastronomia da Uninter. Márcia Cristina Bueno, mestre em ciência dos alimentos pela Unesp, acrescenta que esquentar a comida já diminui a possibilidade de contaminação: “Quando aquecemos os alimentos contaminados a uma temperatura acima de 70ºC, grande parte dos micro-organismos é eliminada.”

Devo jogar fora ou não?

No entanto, os especialistas recomendam se livrar do alimento em que a mosca pousou. Primeiro, porque não dá para ter certeza de que sua estadia foi breve; segundo, porque não sabemos por onde a mosca andou e que tipos de patógenos ela carregou. Para evitar que isso aconteça em casa, é importante tomar algumas providências, como manter a casa limpa, retirar o lixo frequentemente, cobrir os alimentos expostos, colocar redes de proteção contra insetos nas janelas e portas, e usar ventiladores e inseticidas.

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Que germes as moscas espalham?

Uma pesquisa publicada na revista BMC Public Health em agosto de 2022 identificou 130 patógenos em moscas domésticas, entre fungos, vírus, parasitas e bactérias, alguns dos quais são “espécies sérias e com risco de vida”.

“O maior perigo de contaminação é se a mosca trouxer ovos ou cistos de parasitas e vermes, pois ao consumir o alimento, eles podem completar seu ciclo natural dentro da pessoa, resultando em uma parasitação”, explica Jorge Luiz Fortuna, doutor em higiene e processamento de produtos de origem animal e professor no curso de ciências biológicas na Uneb (Universidade do Estado da Bahia).

Fortuna é coautor de um artigo publicado em 2019 na Brazilian Journal of Animal and Environmental Research, que demonstrou, em um experimento, que 50% das moscas coletadas em uma feira livre em Teixeira de Freitas (BA) tinham a bactéria Escherichia coli, causadora de infecção intestinal. “É importante lembrar que abelhas e formigas, apesar de parecerem inofensivas, também carregam microrganismos e representam risco de contaminação de alimentos”, diz Bueno.

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Quando uma mosca pousa em sua comida, você joga fora?

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