De acordo com o dicionário, a palavra “muquirana” vem do tupi “moky-rána” e é um adjetivo coloquial que significa uma pessoa avarenta, sovina, mão-fechada, ou seja, o bom e velho pão-duro. Quatorze representantes desta categoria, entre homens e mulheres, terão seu dia a dia acompanhado na série “Muquiranas Brasil”, que estreia nesta quinta-feira (18) na Max. O primeiro episódio apresenta Vanderléa, de Praia Grande, litoral de São Paulo.

Foto: Divulgação/ Max

Vanderléa usa o mesmo pedaço de fio dental por meses e troca a escova de dentes apenas a cada quatro anos, comparando o evento a uma Copa do Mundo. “Uma caixinha de fio dental fica comigo por uns sete, oito anos”, conta ela sem constrangimento. As excentricidades desses personagens, que estão dispostos a quase qualquer coisa para economizar, ajudam a explicar o sucesso da série nos Estados Unidos e a aposta em uma versão nacional.

“Selecionamos pessoas que fossem mãos-de-vaca, mas que tivessem orgulho disso”, diz Luciana Soligo, responsável pela produção. As estratégias e táticas de economia que eles criaram são, segundo ela, um dos pontos altos do programa. No quesito “alimentação”, Vanderléa economiza gás preferindo comida crua, grande parte dela coletada em lixos de restaurantes e estabelecimentos comerciais. Em um momento do programa, ela almoça fora com uma amiga e, quando as pessoas da mesa ao lado vão embora, tira um pote da bolsa e raspa os pratos.

Foto: Divulgação/ Max

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Pode parecer engraçado para quem vê de fora, mas ser excessivamente pão-duro pode, às vezes, afetar a saúde mental, alerta a psicóloga Cláudia Melo. Ela afirma que a economia extrema pode causar ansiedade, estresse, preocupação excessiva, isolamento social, sentimentos de privação, culpa e conflitos nos relacionamentos. “Quando a preocupação com as finanças se torna obsessiva e prejudica o bem-estar emocional, é importante buscar apoio profissional para compreender as causas e lidar com essas questões.”

Outra participante, Marli, afirma ter mais de 200 calcinhas, muitas delas de pessoas falecidas. A ideia surgiu após a morte de sua sogra. “Fui na casa dela depois do enterro, catar alguma coisa, né? Eu tinha o direito. Sabe quanto custa cada calcinha? Mais de R$ 30. Para mim, é uma forma de homenagem”, diz.

A paulistana, que se define como “a muquirana mais feliz do mundo”, também guarda papel higiênico levemente usado para limpar o fogão. “Nem parece que está usado. Quando faço uma fritura, fica tudo cheio de gordura. Então, pego [o papel] que usei no número um e limpo para tirar o grosso.”  Assista o trailer abaixo:

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A necessidade financeira não é um fator envolvido na série, segundo o diretor Thiago Contreiras. Ele aponta uma diferença fundamental entre os “muquiranas” dos Estados Unidos e os do Brasil. “Os americanos pechincham mais, mas não deixam de gastar. Compram algo mais barato ou usam cupom de desconto. Já os brasileiros são mais criativos. Um dos personagens faz os próprios produtos de limpeza, por exemplo”, explica.

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