Neste domingo (18), o Brasil se despede de um dos maiores ícones da televisão, Silvio Santos, que morreu aos 93 anos, em São Paulo. Mas, diferente do que muitos imaginam, o velório e sepultamento do apresentador não seguirão o que estamos acostumados a ver em outras despedidas. Isso porque Silvio, que nasceu em uma família judaica e manteve suas raízes ao longo da vida, será enterrado conforme os rituais tradicionais do judaísmo.

Silvio Santos em 1976 — Foto: SBT/Erasmo de Souza

Silvio Santos em 1976 — Foto: SBT/Erasmo de Souza

Silvio Santos será sepultado no Cemitério Israelita do Butantã, em São Paulo, e a cerimônia será marcada pela simplicidade e pelo respeito, características fortes dos rituais judaicos. A decisão de seguir essas tradições foi um desejo expresso do próprio Silvio, como informado por sua esposa, Iris Abravanel, e suas seis filhas: “Ele pediu para que assim que ele partisse, que o levássemos direto para o cemitério e fizéssemos uma cerimônia judaica”.

O judaísmo tem uma maneira muito particular de lidar com a morte e o luto. Para começar, os judeus costumam enterrar seus mortos o mais rápido possível, como forma de respeito. Contudo, como Silvio faleceu no shabat, o dia sagrado de descanso que vai do pôr do sol de sexta-feira ao pôr do sol de sábado, seu sepultamento foi adiado para o domingo. Além disso, os judeus não realizam enterros à noite, então o sepultamento acontecerá durante o dia, sob a luz do sol.

Antes do enterro, o corpo de Silvio passará por um ritual de purificação, conhecido como tahará, realizado pela Chevra Kadisha, uma equipe de voluntários dedicada a preparar os corpos para o sepultamento. Nesse processo, o corpo é lavado e vestido com o tachrichim, uma roupa simples e branca, composta por uma bata, calça estilo pijama, meias e luvas sem dedos, geralmente feitas de linho. O rosto é coberto por um pano, e o caixão, que é o mais simples possível, sem adornos ou metais, será fechado e não será reaberto.

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No judaísmo, o caixão é tratado com muita simplicidade porque, na visão judaica, todos são iguais na morte. Não há espaço para ostentação, e o foco está no respeito ao falecido. Após a preparação, o caixão será levado para um espaço onde ocorrerá uma despedida rápida, com duração de cerca de 20 a 30 minutos. Não haverá um velório no formato tradicional, como conhecemos no Brasil. Nesse momento, a família pode seguir o costume de rasgar as roupas, um gesto simbólico que representa o luto.

O sepultamento em si é um momento breve e intenso. Os presentes são convidados a jogar pelo menos três pás de terra sobre o caixão, já coberto pelo solo, enquanto é recitada a primeira oração do kadish, uma prece tradicional em memória dos falecidos. E uma curiosidade: ao contrário do que se vê em muitos outros enterros, não há flores no ritual judaico. Em vez disso, ao visitar o túmulo, é comum acender uma vela ou deixar uma pequena pedra sobre o local, um gesto de respeito e lembrança.

Embora Silvio Santos tenha sido uma figura pública de grande destaque, a cerimônia será discreta, conforme as tradições de sua fé. A família viverá o luto em casa, no período conhecido como shivá, que dura sete dias. Durante esse tempo, os familiares refletem e se recolhem em memória do falecido.

Mesmo depois do sepultamento, Silvio será lembrado em momentos específicos. Como descendente de judeus sefarditas (originários de Portugal e Espanha), a tradição prevê que a família retorne ao cemitério 20 dias após o enterro para rezar o kadish novamente. Além disso, os aniversários de morte de Silvio serão recordados com rituais na sinagoga ou em casa, mantendo viva a memória do homem que não só deixou um legado incomparável na televisão brasileira, mas também uma herança cultural e espiritual que continuará a ser honrada por sua família.

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