O Brasil é um país rico em diversidade cultural, e seu folclore não poderia ser diferente. Com influências de mitos indígenas, africanos e europeus, o folclore brasileiro é um verdadeiro tesouro de histórias que, através dos tempos, vêm sendo transmitidas de geração em geração. No Dia do Folclore, celebrado em 22 de agosto, essas narrativas ganham ainda mais destaque, reforçando a importância da preservação das tradições populares. Vamos explorar algumas das lendas mais icônicas que compõem o vasto universo do folclore brasileiro.

O que é o folclore e por que comemoramos dia 22 de agosto

Reprodução/Internet

Principais Lendas Brasileiras

Boitatá: O Guardião das Matas:

Boitatá | Wiki

Boitatá | Wiki

Entre as lendas mais antigas do Brasil está a do Boitatá, uma entidade que reflete a íntima relação do povo indígena com a natureza. Derivado do tupi-guarani, “Boitatá” significa “cobra de fogo”, uma referência direta ao fenômeno do fogo-fátuo, que ocorre em áreas pantanosas. No imaginário popular, o Boitatá assume a forma de uma serpente flamejante que protege as florestas, afastando aqueles que ameaçam a natureza. Essa lenda, uma das primeiras a ser registrada no Brasil, é uma demonstração clara de como as tradições indígenas moldaram o folclore local, incorporando elementos naturais em figuras míticas.

Boto Cor-de-Rosa: O Sedutor das Águas:

Boto geralmente é encontrado na região Amazônica | Wiki

Boto geralmente é encontrado na região Amazônica | Wiki

A Amazônia, com sua vasta e misteriosa rede de rios, é o cenário perfeito para a lenda do Boto Cor-de-Rosa. Esse golfinho de cor rosada, típico da região, é conhecido por sua habilidade de se transformar em um belo homem durante a noite, com o intuito de seduzir jovens mulheres nas festas ribeirinhas. Mas o Boto não é apenas um conquistador; ele é também visto como um espírito protetor das águas e da floresta. A lenda do Boto Cor-de-Rosa mistura encanto e mistério, sendo uma das histórias mais queridas e contadas no folclore brasileiro.

Curupira: O Protetor das Florestas:

Curupira representado no Instituto Butantan, em SP | Instituto Butantan

Curupira representado no Instituto Butantan, em SP | Instituto Butantan

Com seu cabelo de fogo e pés virados para trás, o Curupira é outra entidade guardiã da floresta. Ele é conhecido por sua habilidade de despistar caçadores e lenhadores que causam danos à natureza. Essa figura mítica é tão importante que, em 1970, o estado de São Paulo o instituiu como símbolo estadual do guardião das florestas. O Curupira representa a força protetora da natureza e a necessidade de respeito pelos recursos naturais, sendo uma figura central em muitas narrativas folclóricas pelo Brasil afora.

Cobra Grande ou Boiuna: A Serpente dos Rios:

Cobra grande ou boiuna sendo representada no Festival de Parantins, em 2010 | Wiki

Cobra grande ou boiuna sendo representada no Festival de Parantins, em 2010 | Wiki

No coração da Amazônia, surge a lenda da Cobra Grande ou Boiuna, uma serpente colossal que controla as águas dos rios e lagos. Com uma cor negra e brilhante, a Boiuna é temida por sua capacidade de causar inundações e até se transformar em outros seres. Esta lenda, profundamente enraizada na cultura indígena, simboliza o poder e o mistério das forças naturais, retratando a Boiuna como uma guardiã dos segredos da floresta.

Iara: A Sereia dos Rios:

Representação de Iara | Wiki

Representação de Iara | Wiki

Iara, também conhecida como Mãe d’Água, é a sedutora sereia dos rios brasileiros. Metade mulher, metade peixe, ela encanta os homens com seu canto hipnótico, atraindo-os para as profundezas das águas. Em algumas versões da lenda, Iara é vista como uma entidade que pune aqueles que poluem ou desrespeitam a natureza, reforçando a conexão entre as lendas brasileiras e a proteção do meio ambiente. Sua figura é um símbolo de poder e mistério feminino, presente em várias regiões do Brasil.

Mula sem Cabeça: O Castigo dos Amores Proibidos:

Mula sem cabeça | Wiki

Mula sem cabeça | Wiki

A Mula sem Cabeça é uma figura lendária associada à violação de normas religiosas. Segundo a lenda, ela é o fantasma de uma mulher que se envolveu romanticamente com um padre, sendo condenada a vagar pelos campos na forma de uma mula sem cabeça, soltando fogo pelo pescoço. Este mito, que possui várias versões, serve como uma advertência contra a transgressão de normas morais, refletindo as preocupações sociais de diferentes épocas.

Negrinho do Pastoreio: A Lenda da Resistência:

Negrinho do pastoreio em cima de seu cavalo baio | Wiki

Negrinho do pastoreio em cima de seu cavalo baio | Wiki

O Negrinho do Pastoreio é uma lenda que simboliza a injustiça e a resistência dos escravizados. Segundo a tradição, ele era um jovem escravo que foi castigado cruelmente por perder um cavalo. Após ser abandonado, ele teria recebido ajuda divina e passou a ser visto como um espírito protetor, ajudando aqueles que enfrentam dificuldades. Essa lenda é uma poderosa representação da luta pela justiça e dignidade, evocando a história do sofrimento dos escravizados no Brasil.

Saci-pererê: O Travesso Protetor da Floresta:

Saci-pererê representado por J. Marconi e interpretado por Ricardo Pereira | Wiki/reprodução Instagram

Saci-pererê representado por J. Marconi e interpretado por Ricardo Pereira | Wiki/reprodução Instagram

O Saci-pererê, com seu gorro vermelho e uma perna só, é uma das figuras mais conhecidas do folclore brasileiro. Ele é famoso por suas travessuras, como assustar animais e bagunçar objetos. No entanto, o Saci também é visto como um protetor da floresta, punindo aqueles que a prejudicam. Sua figura carrega a mistura de influências indígenas e africanas, sendo um símbolo da astúcia e da resiliência.

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Vitória-régia: A Flor das Águas:

Vitória-régia é uma planta aquática encontrada, principalmente, na Amazônia | Wiki

Vitória-régia é uma planta aquática encontrada, principalmente, na Amazônia | Wiki

A lenda da Vitória-régia, com origem tupi-guarani, conta a história de Naiá, uma jovem que se apaixonou pela Lua e se transformou em uma flor aquática. Essa lenda, profundamente poética, mostra como a mitologia indígena explica a criação de elementos naturais, unindo o céu e a terra em uma narrativa de amor e transformação.

Lobisomem: A Maldição da Lua Cheia:

Luison e uma representação do lobisomem feita por Mont Sudbury em 1941 | Wiki

Luison e uma representação do lobisomem feita por Mont Sudbury em 1941 | Wiki

O Lobisomem é uma lenda com raízes europeias, que encontrou no Brasil um terreno fértil para se transformar. Segundo a crença popular, o Lobisomem é um homem amaldiçoado que se transforma em lobo durante as noites de lua cheia, vagando pelas ruas e matas em busca de vítimas. A lenda varia conforme a região, mas em todas as versões, o Lobisomem é visto como uma criatura perigosa, que representa os temores e superstições em torno da lua e das transformações humanas. No Brasil, essa figura ganhou características próprias, misturando elementos das tradições europeias com as crenças indígenas, criando uma narrativa rica e envolvente.

Cuca: A Temida Bruxa:

Cuca, da série do +SBT, que ainda não foi revelada | Reprodução/+SBT

Cuca, da série do +SBT, que ainda não foi revelada | Reprodução/+SBT

A Cuca é uma figura que aterroriza crianças e adultos com sua aparência assustadora e seus poderes malignos. Geralmente descrita como uma velha bruxa com cabeça de jacaré, a Cuca é uma entidade que rapta crianças desobedientes e que não dormem cedo, segundo a lenda. Originária das histórias ibéricas, a Cuca foi adaptada ao folclore brasileiro, tornando-se uma das personagens mais temidas e reconhecidas. Sua presença em histórias e músicas infantis reforça a ideia de uma força do mal que, apesar de assustadora, cumpre a função de ensinar boas condutas às crianças.

Essas lendas são mais do que simples histórias; elas são um reflexo da riqueza cultural do Brasil e da profunda conexão entre o povo e a natureza. No Dia do Folclore, celebrar essas narrativas é celebrar a diversidade e a história do país, preservando as tradições que moldam a identidade nacional.

Qual das lendas fez mais sucesso no Brasil?

O Saci-pererê é, sem dúvida, a lenda que fez mais sucesso no Brasil. Ele é uma figura emblemática do folclore brasileiro, amplamente reconhecido e celebrado em várias regiões do país. Sua popularidade se deve, em grande parte, à sua presença em livros, como nas obras de Monteiro Lobato, e em programas de televisão, como “O Sítio do Picapau Amarelo”. O Saci é tão icônico que tem até um dia dedicado a ele, comemorado em 31 de outubro, conhecido como o “Dia do Saci”, reforçando sua posição como a lenda mais popular do Brasil.

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