Você possivelmente não sabe, porém, aqui no Brasil, ao largo da costa de São Paulo encontra-se uma pequena ilha com uma grande reputação! A Ilha de Queimada Grande, mais conhecida como Ilha das Cobras, é uma área de 43 hectares que é rigorosamente proibida para turistas. O motivo? Ela abriga cerca de 15 mil cobras, incluindo 4 mil da altamente venenosa jararaca-ilhoa.

Ilha das Cobras - Foto: Acervo MSF

Ilha das Cobras – Foto: Acervo MSF

Essa espécie, criticamente ameaçada de extinção, tem um veneno tão potente que pode matar um ser humano em menos de uma hora. Sendo assim, não é de se admirar que o governo brasileiro tenha proibido visitantes de pisar na ilha. Isso claro, exceto para pesquisadores e cientistas que obtiverem permissão especial.

No entanto, o fascínio pelo perigo tem se mostrado irresistível para alguns aventureiros. Recentemente, um autoproclamado “turista do perigo”, conhecido como Lord Miles (Miles Routledge), decidiu desafiar a reputação mortal da ilha. Sua ousada expedição, capturada em vídeo para seu canal no YouTube, oferece um raro vislumbre desse paraíso proibido.

A chegada

Chegar à Ilha das Cobras não foi uma tarefa difícil. Miles e sua equipe tiveram que escapar da guarda costeira brasileira antes mesmo de alcançar a costa. Uma vez em terra, eles miraram em um farol abandonado, que ele descreveu como “um dos lugares mais perigosos” da ilha.

Para sua jornada, Miles escolheu uma proteção um tanto inusitada: uma armadura inspirada na era medieval. Antes de embarcar em sua perigosa aventura, ele fez uma pausa para rezar, reconhecendo os riscos à frente. “Isso não é clickbait, estou em uma das ilhas mais perigosas do mundo”, disse ele para a câmera. “Muitos vieram para esta ilha e poucos conseguiram sair, infelizmente”.

Enquanto Miles percorria a grama alta em direção ao farol, ele compartilhou uma lenda local assustadora. Segundo o folclore da ilha, os antigos ocupantes do farol encontraram um destino sombrio, sucumbindo às mordidas das cobras.

Estava com a sorte ao lado

Surpreendentemente, apesar da reputação temível da ilha, Miles encontrou poucas cobras durante sua expedição. Na verdade, ele enfrentou um perigo diferente: a desidratação. Em um momento, ele até comentou: “Não é tão ruim, para a segunda ilha mais perigosa do mundo”.

Parece que a sorte decidiu estar ao lado de Miles durante toda a sua aventura. Contra todas as probabilidades, ele conseguiu explorar a ilha e voltar em segurança. No entanto, é crucial enfatizar que sua sobrevivência não deve ser vista como um convite para que outros tentem façanhas similares!

O aventureiro temia que a Guarda Costeira Brasileira tivesse alcançado sua tripulação - Foto: YouTube

O aventureiro temia que a Guarda Costeira Brasileira tivesse alcançado sua tripulação – Foto: YouTube

A Ilha das Cobras permanece uma área estritamente proibida com razão. A concentração de cobras venenosas representa uma ameaça muito real e potencialmente fatal para os visitantes humanos. Embora a jornada de Miles possa ter terminado bem, é importante lembrar que ele correu um enorme risco.

Para aqueles fascinados pela Ilha das Cobras, existem maneiras mais seguras de saciar sua curiosidade. Documentários, estudos científicos e relatórios autorizados oferecem insights valiosos sobre este ecossistema único sem colocar vidas em risco. Esses recursos proporcionam uma janela para a biodiversidade da ilha e o papel importante que ela desempenha na preservação da espécie jararaca-ilhoa.

Ilha da Queimada Grande: um dos lugares com mais cobras no mundo

Segundo biólogos do Instituto Butantan, que estudam os animais da região desde 1911, a população estimada de cobras na Ilha da Queimada Grande é de pelo menos 15 mil indivíduos. O local abriga duas espécies de jararacas: a Ilhoa (Bothrops insularis) e a Dormideira (Dipsas mikanii).

A primeira delas é endêmica da ilha, ou seja, não ocorre em nenhum outro lugar no mundo. Vale ressaltar que apenas a Ilhoa é mortal, tendo cerca de 2 a 4 mil delas na ilha. Já a Dormideira, é inofensiva.

A jararaca-ilhoa (Bothrops insularis) - Foto: Wikimedia

A jararaca-ilhoa (Bothrops insularis) – Foto: Wikimedia

Em relação à concentração de serpentes, segundo o Butantan, o local só perde para a Ilha de Shedao, na China, que abriga por volta de 20 mil desses animais. Entretanto, a Ilha paulista tem o título de local com maior densidade populacional de uma única espécie de serpente no mundo pela quantidade de jararacas-ilhoa que vivem em seu território.

Confira a seguir: Qual é a diferença entre mar e oceano?

Você conhecia a Ilha das cobras? O que achou da atitude desse “turista do perigo”?