11 de setembro de 2001 datou o maior ataque terrorista já sofrido pelos Estados Unidos. Às 8h46min, de uma terça-feira, o primeiro avião colidiu com uma das torres do World Trade Center (WTC), em Nova York. Cerca de 20 minutos depois, outra aeronave chocou-se contra a segunda torre da estrutura, começando a eliminar a possibilidade de acidente aéreo. Após mais alguns minutos, o terceiro avião atingiu o Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos EUA, que fica próximo a Washington, capital do país.

Equipe de resgate nos escombros da queda das Torres Gêmeas em Nova York, nos EUA - Foto: EFE/EPA/BETH A. KEISER/ POOL

Equipe de resgate nos escombros da queda das Torres Gêmeas em Nova York, nos EUA – Foto: EFE/EPA/BETH A. KEISER/ POOL

Junto à fumaça, à poeira e ao fogo, algumas pessoas corriam em desespero pelas ruas de Nova York, enquanto outras se atiravam pelas janelas dos prédios para escapar das chamas. Às 10h30min, as Torres Gêmeas do WTC estavam completamente desmoronadas. Ao todo, quase 3 mil pessoas morreram, incluindo todos os passageiros das quatro aeronaves, bombeiros, funcionários do Pentágono, muitas pessoas que trabalhavam no WTC e os 19 terroristas

De acordo com investigações, o grupo responsável pela ação foi o Al Qaeda. Comandados por Osama bin Laden, os integrantes da organização terrorista islâmica sequestraram os aviões para dar início ao atentado. Hoje, 23 anos após o ataque às Torres Gêmeas, relembre e descubra peculiaridades que permeiam uma das maiores tragédias vividas nos EUA.

1 – A quarta aeronave – vítimas foram avisadas

A quarta aeronave, que estaria destinada ao Capitólio (casa do poder legislativo americano), caiu em uma área rural do estado da Pensilvânia antes de atingir o alvo, após os passageiros tentarem retomar o controle do transporte. A história desse avião é símbolo de alguns dos muitos heróis anônimos da tragédia.

Vítimas foram avisadas no voo 93 (DAVID MAXWELL/afp)

Vítimas foram avisadas no voo 93 – Foto: DAVID MAXWELL/AFP

O Coordenador do MBA em relações governamentais do Mackenzie, Márcio Coimbra, explica que o avião não atingiu o alvo por causa de um atraso de 20 minutos na decolagem. “O plano era que todos os aviões colidissem com os alvos ao mesmo tempo, para gerar maior sensação de pânico. Depois que os três primeiros caíram, passageiros da quarta aeronave foram avisados do sequestro e, então, reagiram”, detalha.

Ligações dos passageiros para as famílias usando linhas do avião ou celulares privados, pouco depois das 9h30, mostram os momentos que antecederam a queda. Um dos passageiros, Thomas Burnett, Jr., fez diversas ligações à esposa, e disse que os sequestradores “estão falando sobre derrubar este avião […]”. “Meu deus, é uma missão suicida.”

Depois, disse à esposa que “vamos todos morrer. Há três de nós que vão fazer alguma coisa sobre isso. Te amo, querida”. Outro, Todd Beamer, é ouvido ao fundo de uma ligação dizendo “vocês estão prontos? Vamos lá”. Segundo o Coordenador do MBA, as vítimas invadiram a cabine e, inclusive, houve luta corporal com os terroristas, que optaram por derrubar a aeronave prematuramente.

2 – Número de terroristas

No total, 20 terroristas participariam do atentado, distribuídos em 5 para cada aeronave. O quarto avião, no entanto, estava desfalcado. Segundo Márcio Coimbra, o quinto integrante não embarcou. Zacarias Moussaoui foi capturado e segue preso até hoje, sendo o único envolvido sobrevivente.

Zacarias-Moussaoui - Foto: Wikimedia

Zacarias-Moussaoui – Foto: Wikimedia

3 – Horário dos desmoronamentos

Tudo durou menos de duas horas: o primeiro avião atingiu o World Trade Center às 8h46, o segundo, às 9h03, e com o impacto, a última torre desmoronou às 10h28.

A torre norte foi a primeira atingida, às 8h46min. No entanto, a torre sul, atingida às 9h03, foi a primeira a desmoronar, às 9h59min. Coimbra explica que a razão do desmoronamento prematuro foi o local da torre que cada avião atingiu, no centro da torre sul e em cima na torre norte. “A torre sul, por ter sido atingida no meio, foi pressionada pelos andares de cima e caiu mais rápido”, esclarece. A torre norte desmoronou às 10h28min.

  • World Trade Center: os sequestradores fizeram dois aviões colidirem com as Torres Gêmeas, em momentos diferentes. O impacto matou todos os passageiros a bordo e muitos trabalhadores dos edifícios. As duas torres desmoronaram pouco tempo depois, fazendo novas vítimas.
  • Pentágono: o terceiro avião foi lançado às 9h37 contra o Pentágono, sede da defesa dos Estados Unidos, no estado da Virgínia, matando 184 pessoas.
  • O avião de Shanksville: um quarto avião caiu às 10h03 em um campo aberto em Shanksville, na Pensilvânia, depois que alguns de seus passageiros e tripulantes tentaram tomar o controle da aeronave contra os terroristas. Todos os passageiros morreram.

 4 – Escala Richter

Segundo o coordenador de relações internacionais, a queda das Torres Gêmeas causou uma sensação de abalo sísmico na região de aproximadamente 2.4 na escala Richter.

Escala Richter - Foto: Brasil Escola

Escala Richter – Foto: Brasil Escola

5 – Terceiro desmoronamento

Ainda no mesmo dia, por volta das 17h, outro prédio do WTC caiu. O Building 7, de 47 andares, não foi atingido por nenhum dos aviões, mas teve a estrutura prejudicada com o abalo do desabamento das Torres Gêmeas.

Building 7 - Foto: Roberto Borea / AP

Building 7 – Foto: Roberto Borea / AP

6 – Houve vítimas posteriores

Inicialmente, foram consideradas a morte de 2.977 pessoas no atentado. Dessas, 343 eram bombeiros, 23 eram policiais e 37 eram oficiais do porto de Nova York. Até hoje, muitas pessoas não foram identificadas. No entanto o número total continuou crescendo ao decorrer dos anos, devido a efeitos colaterais da exposição a gases tóxicos nos destroços. As vítimas tinham de 2 a 85 anos, e 75% a 80% eram homens.

Houve vítimas posteriores - Foto: Porter Gifford/Corbis

Houve vítimas posteriores – Foto: Porter Gifford/Corbis

Em 2007, médicos concluíram que a advogada Felicia Dunn-Jones morreu em 2002 devido à exposição ao pó carregado de amianto gerado na derrubada do World Trade Center. Dunn-Jones trabalhava em um escritório próximo ao local e havia sobrevivido aos destroços.

Leon Heyward, que trabalhava para a Prefeitura nas proximidades e ajudou voluntariamente a resgatar sobreviventes no atentado, também morreu em 2008 com linfoma, tumor em células linfáticas, também associado ao caso. Outro exemplo foi de Jerry Borg, que trabalhava nas proximidades e morreu de doença pulmonar em 2010.

7 – Diversas nacionalidades

Faleceram pessoas de 80 nacionalidades diferentes. Do número total de mortos identificados, 372 eram estrangeiros.

8 – Certidões de óbito

2.977 certidões de óbito foram emitidas, mas somente 1.647 vítimas tiveram seus corpos identificados.

Somente 1.647 vítimas tiveram seus corpos identificados - Foto: Getty Images/Michael M. Santiago

Somente 1.647 vítimas tiveram seus corpos identificados – Foto: Getty Images/Michael M. Santiago

9 – Corpos intactos

Mesmo que uma grande parte dos mortos nunca tenham tido seus corpos identificados, 291 foram recuperados completamente intactos nas Torres.

10 – Cessar fogo

Todo o fogo causado pelas colisões só foi completamente apagado no dia 10 de dezembro de 2001, 99 dias após o atentado.

11 – Limpeza

Com o fim do fogo após quase 100 dias do ataque, a limpeza da região só acabou em maio de 2002, oito meses após o atentado de 11 de setembro.

12 – Pentágono

Como já destacado, o avião destinado ao Pentágono acertou o alvo às 9h37min. Segundo Coimbra, todas as pessoas que trabalhavam no setor atingido pelo avião foram mortas, com exceção de uma única, que estava viajando a trabalho. No entanto, essa pessoa também acabou morrendo, pois coincidentemente, estava em um dos aviões sequestrados que colidiram nas Torres.

A parte dos atentados de 11 de Setembro que ninguém lembra

Pentágono – Foto: STEPHEN JAFFE/AFP

13 – Dia do Número da Emergência

Curiosamente, em 1987, o então presidente dos EUA, Ronald Reagan, declarou a data 11 de setembro como o Dia do Número de Emergência, com o intuito de chamar atenção para o número 911, usando para situações emergenciais no País.

 911 - Foto: Reprodução

911 – Foto: Reprodução

14 – Departamento de Segurança Interna

O 11 de setembro marcou uma mudança de paradigma na política de defesa americana. Incluindo nas duas grandes guerras mundiais, o país esteve habituado a lutar fora de seu território, mas o risco de atentados internos entrou no radar de vez após 2001.  Assim, os EUA criaram um ano depois, em novembro de 2002, o Department of Homeland Security (Departamento de Segurança Interna, com os departamentos tendo status de ministério nos EUA).

Um Ministério foi criado - Foto: Getty Images/David Hume Kennerly

Um Ministério foi criado – Foto: Getty Images/David Hume Kennerly

O novo braço juntou 22 agências governamentais que já existiam, e passou a ficar responsável por temas como imigração e cargas que entram no país — no intuito de evitar brechas para futuros atentados.

Em todo o mundo, a atenção ao terrorismo cresceu e levou governos a ampliarem orçamentos de defesa. Richard Fadden, que foi conselheiro de segurança do governo do Canadá e serviu inclusive no período do 11 de setembro, resume: “Antes do 11 de setembro, com certeza, já havia preocupações sobre terrorismo. Mas o mundo mudou na sua essência.”

15 – Reunião para discutir ataques terroristas

Em 11 de setembro de 2001, a empresa proprietária do WTC tinha uma reunião agendada em uma das Torres para discutir o que fazer em caso de ataque terrorista. Segundo o New York Times, o encontro foi remarcado no dia anterior, porque um participante não poderia comparecer.

Por trás da Ponte do Brooklyn, a explosão do segundo avião ao atingir o World Trade Center é vista de longe em Nova York durante o ataque terrorista em 11 de setembro de 2001 — Foto: Sara K. Schwittek/Reuters/Arquivo

Por trás da Ponte do Brooklyn, a explosão do segundo avião ao atingir o World Trade Center é vista de longe em Nova York durante o ataque terrorista em 11 de setembro de 2001 — Foto: Sara K. Schwittek/Reuters/Arquivo

16 – Atentado ao WTC em 1993

O WTC já havia sido alvo de atentado em 1993. Na época, um veículo foi explodido no estacionamento subterrâneo do complexo, deixando seis mortos e cerca de mil feridos. A intenção era derrubar o prédio. Segundo o portal alemão Deustche Welle, os construtores do WTC comemoraram, na época, que o complexo aguentaria até mesmo uma colisão com um Boeing 707.

Carros que estavam no estacionamento dicaram destruídos

Carros que estavam no estacionamento ficaram destruídos – Foto: AFP

17 – Bilhões em danos

Para além das perdas humanas no ataque e nas guerras que se seguiriam, o 11 de setembro teve uma série de impactos econômicos diretos. Como seguros bilionários pagos a empresas afetadas, e até mesmo a redução de voos nos períodos que se seguiram, diante do temor de novos ataques. Veja os principais valores:

  • Até 123 bilhões de dólares em perda econômica estimada nas semanas seguintes ao ataque devido à necessidade de as empresas se realocarem, o cancelamento de eventos e a queda no tráfego aéreo (até 2003), segundo o pesquisador Adam Rose, da Universidade do Sul da Califórnia, em dados compilados pelo New York Times;
  • 60 bilhões em danos diretos ao World Trade Center, prédios vizinhos e o metrô na região;
  • 9,3 bilhões em pedidos de seguro;
  • 40 bilhões no pacote emergencial anti-terrorismo aprovado pelo Congresso dias depois do ataque;
  • 15 bilhões em pacote de resgate aprovado pelo Congresso para as companhias aéreas;
  • 500 milhões custo estimado para as organizações terroristas de planejar e executar os ataques.

18 – O ataque levou a duas guerras diretas

Após os ataques, o governo de George W. Bush invadiria o Afeganistão (em 2001) e o Iraque (em 2003). Essas foram as duas principais guerras diretas geradas pelo 11 de setembro. Além, claro, de outros embates dos EUA no Oriente Médio originados da “Guerra ao Terror”. Bush seria reeleito em 2004, ficando no cargo até a eleição de Barack Obama, em 2008.

O ataque levou a duas guerras diretas (Getty Images/Chris Hondros)

O ataque levou a duas guerras diretas – Foto: Getty Images/Chris Hondros

A princípio, os EUA iniciariam uma guerra contra a AL Qaeda e grupos acusados de ajudá-la, o que incluiu o Talibã, que atuava no Paquistão e no Afeganistão (onde governava desde 1996). Os EUA invadiram o Afeganistão em 2001, e depuseram o Talibã, mas falharam em embasar instituições de Estado sólidas, o que levou à retomada do poder pelo Talibã em agosto, após a retirada das tropas.

No Iraque, o governo de Saddam Hussein foi acusado de ter armas de destruição em massa (o que nunca foi comprovado) e de ter ligações com a Al Qaeda. Hussein foi capturado após a invasão americana em 2003 e condenado ao enforcamento em 2006 por um tribunal do novo governo iraquiano – a sentença incluiu crimes cometidos décadas antes, como um genocídio contra muçulmanos xiitas (Hussein era sunita) nos anos 1980.

19 – Os gastos com a Guerra ao Terror são ainda maiores

Com a saída dos EUA do Afeganistão em 31 de agosto, encerrando 20 anos de guerra no país, o governo Joe Biden admitiu que só a guerra em solo afegão custou “mais de 1 trilhão de dólares” aos cofres americanos. Na prática, novas estimativas apontam que, incluindo o Afeganistão e o Iraque, o custado das guerras pode ter chegado a 8 trilhões de dólares. O Afeganistão custou, sozinho, 2 trilhões de dólares.

Política dos EUA de Guerra ao Terror resultou em 900 mil mortes, estima estudo - Foto: TECH. SGT. Donald S. Mcmichael/Creative Commons

Política dos EUA de Guerra ao Terror resultou em 900 mil mortes, estima estudo – Foto: TECH. SGT. Donald S. Mcmichael/Creative Commons

As projeções foram publicadas no projeto The U.S. Budgetary Costs of the Post-9/11 Wars (os custos orçamentários para os EUA das guerras pós-11/9, em tradução livre), do Watson Institute na Universidade Brown e do Frederick S. Pardee Center na Universidade de Boston.

Os cálculos incluem, além dos gastos diretos em defesa, os custos com milhares de veteranos de guerra que terão problemas de saúde bancados pelo Estado pelas próximas décadas. A estimativa é que só os benefícios médicos para os veteranos dessas duas guerras atinjam 2,5 bilhões de dólares até 2050. Outro custo frequentemente esquecido e que foi levado em conta no cálculo são os juros pagos pelo montante que os EUA aumentaram em sua dívida para financiar o conflito.

Confira a seguir: Incêndio do Edifício Joelma completa 50 anos; relembre a tragédia e sua história assombrada.

Você sabia dessas peculiaridades sobre o atentado de 11 de setembro?