O fundo dos oceanos é um verdadeiro mistério para a humanidade, sendo menos explorado que a própria superfície da Lua. Nas profundezas, os cientistas têm encontrado desde criaturas abissais gigantescas até micróbios que permanecem vivos há milhões de anos sem se alimentar. Confira algumas das descobertas mais bizarras feitas por pesquisadores debaixo d’água:

  • Criaturas das profundezas

Histórias sobre monstros marinhos gigantes capazes de devorar navios inteiros são comuns desde a antiguidade. Com a tecnologia moderna, esses mitos passaram a ser substituídos por descobertas científicas, mas nem por isso menos assustadoras. O pescador russo Roman Fedortsov, por exemplo, é conhecido por capturar criaturas bizarras em suas redes de pesca. Entre as criaturas mais impressionantes já registradas está a lula do gênero Magnapinna, que pode chegar a até oito metros de comprimento. Seu primeiro registro data de 1907, mas foi somente em 1988 que um espécime adulto foi filmado pela primeira vez, na costa norte do Brasil, a 4.735 metros de profundidade.

Imagem da lula gigante, capturada no Golfo do México em 2013. Avistamentos como esse são extremamente raros.

Foto: Shell Oil/Reprodução

  • O poço dos esqueletos

O sistema de cavernas subaquáticas conhecido como Sac Actun, na península de Yucatán, México, é um dos lugares mais assustadores já explorados. Os antigos maias acreditavam que o poço era guardado por um demônio em forma de serpente emplumada, o que levou os moradores da região a evitar o local por séculos. Em 2013, o arqueólogo Bradley Russell liderou uma expedição ao cenote e encontrou o chão das cavernas forrado de ossos humanos. Até hoje, não se sabe quem eram as pessoas cujos restos mortais estão no fundo do poço, mas uma das teorias sugere que poderiam ter sido vítimas de uma peste. A lenda do demônio que habita o poço ainda persiste na região, tornando o Sac Actun um dos lugares mais misteriosos e assustadores do mundo.

A entrada do cenote seria guardada por um demônio, que afastaria intrusos.

Foto: National Geographic/Bradley Russel/Reprodução

  • Estrelas que viraram jantar

Ao perfurar o fundo do Oceano Pacífico, um grupo de pesquisadores encontrou algo surpreendente: os restos de uma supernova que explodiu há 2,7 milhões de anos. Esses restos foram consumidos por bactérias que viviam no fundo do mar e armazenaram o ferro 60, um isótopo radioativo instável, em seus corpos. Mesmo após a morte dessas bactérias, os cristais magnéticos em seu interior permaneceram preservados, permitindo que os cientistas detectassem a presença de ferro 60 milhões de anos depois. Essa descoberta é um exemplo impressionante de como eventos cósmicos podem deixar marcas duradouras no nosso planeta, mesmo nas profundezas dos oceanos.

O que restou da supernova 1987A (uma supernova do tipo II), captada pelo telescópio espacial Hubble.

NASA/ESA/P.Challis/R.Kirshner

As imagens mostram minúsculos magnetofósseis contendo cadeias de cristais, onde foram encontrados os isótopos de ferro produzidos por uma supernova.

Fonte: Technische Universität München/Marianne Hanzlik/Divulgação

  • Ruínas misteriosas

As estruturas submersas de Yonaguni, na costa do Japão, são alvo de intenso debate. Alguns cientistas acreditam que essas formações rochosas são vestígios de uma civilização desaparecida há mais de 10 mil anos, enquanto outros defendem que são formações naturais. O geólogo marinho Masaaki Kimura argumenta que as ruínas incluem um zigurate, estradas e até um estádio, sugerindo que poderiam ser os restos de Yamatai, um antigo reinado japonês. No entanto, arqueólogos apontam que a região é propensa a terremotos, que poderiam ter criado as formações de maneira natural. O debate continua, mas as estruturas de Yonaguni permanecem um dos mistérios mais intrigantes do fundo do mar.

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Franck Seguin/Reprodução

  • O rio que corre no fundo do mar

No fundo do Mar Negro, existe um rio subaquático que seria o sexto maior do mundo se estivesse em terra. Com um quilômetro de largura e até 35 metros de profundidade, esse rio é formado pela água salgada que flui do Mediterrâneo para o Mar Negro, criando uma corrente submarina. Esse fenômeno não é único: na península de Yucatán, México, o cenote Angelita abriga um rio submerso formado por água salgada rica em sulfeto de hidrogênio que se separa da água doce acima. Esses rios subaquáticos são um lembrete de como os oceanos ainda guardam muitos segredos, esperando para serem descobertos.

A imagem em 3D, feita por um radar, mostra o canal submarino do rio, no ponto em que o Estreito de Bósforo se encontra com o Mar Negro

Fonte: University of Leeds/Divulgação

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  • Micróbios jurássicos em dieta eterna

Nas profundezas do Oceano Pacífico, existem micróbios que estão em jejum há 86 milhões de anos. Esses organismos vivem em condições extremas, respirando o pouco oxigênio restante e mantendo seus níveis de energia no mínimo necessário para sobreviver. Segundo pesquisadores, esses micróbios se dividem apenas uma vez a cada milênio, vivendo no limite absoluto da sobrevivência. A descoberta foi feita ao coletar amostras de argila do fundo do oceano, onde esses organismos foram encontrados, ainda vivos, aguardando um eventual retorno de oxigênio para finalmente “jantar”. É uma das provas mais fascinantes de como a vida pode persistir mesmo nas condições mais inóspitas do planeta.

A argila recolhida mostrou colônias de bactérias que datam do período Jurássico.

A argila recolhida mostrou colônias de bactérias que datam do período Jurássico. Fonte: Hans Røy/Divulgação

O fundo do mar continua sendo um dos lugares mais misteriosos e inexplorados da Terra, onde descobertas bizarras e fascinantes são feitas a cada nova expedição.

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