O cantor sertanejo Gusttavo Lima foi indiciado pela Polícia Civil de Pernambuco por lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele é investigado por suspeita de fazer parte de um esquema de empresas de jogos de apostas. A operação é a mesma que prendeu preventivamente a influenciadora Deolane Bezerra.

Gusttavo Lima - Foto: Cubo Talent

Gusttavo Lima – Foto: Cubo Talent

Esse indiciamento contra o artista aconteceu em 15 de setembro e até achegou a ser mencionado em decisão da juíza Andréa Calado pela prisão de Gusttavo Lima. No entanto, a confirmação e mais detalhes dos crimes foram divulgados pelo Fantástico nesse domingo (29). A reportagem teve acesso aos detalhes da investigação que ocorrem em sigilo.

No site do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), é possível ver o nome verdadeiro dele, Nivaldo Batista Lima, ao lado do termo “indiciado”. O caso segue para o Ministério Público de Pernambuco, que vai avaliar se denuncia ou não o cantor. A defesa de Gusttavo Lima nega as acusações. Além de Lima, foi indiciado o especialista em mercado de luxo Boris Maciel Padilha, suspeito de ocultar valores de jogos ilegais e amigo do sertanejo.

Nome de cantor sertanejo aparece como indiciado no site do Tribunal de Justiça - Foto: Reprodução

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Cancelou show e voltou para os Estados Unidos

cantor cancelou um show que faria na cidade de Petrolândia (PE) no dia 2 de outubro e custou R$ 1,1 milhão. De acordo com um comunicado divulgado pelas redes sociais da empresa que gerencia a carreira do músico neste domingo (29), a decisão foi em “comum acordo” entre a prefeitura da cidade e a equipe do artista.

“O evento deve ser remarcado em outra oportunidade na respectiva cidade. Desde já agradecemos a compreensão e o carinho de todos os fãs do estado do Pernambuco”, disse a legenda da publicação. A suspensão da apresentação aconteceu na semana em que Gusttavo Lima teve problemas com a justiça e recebeu um pedido de prisão, revogado no dia seguinte.

O artista voou de Miami para o Brasil na última semana, para fazer dois shows no Pará. Gusttavo se apresentou em Marabá na sexta-feira (27) e em Parauapebas no sábado (28). Ele retornou aos EUA neste domingo (29), com sua família. A informação foi confirmada pela assessoria do cantor.

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Dinheiro vivo e R$ 8 milhões em notas sequenciais

A polícia apreendeu R$ 150 mil na sede da Balada Eventos e Produções, empresa de shows de Gusttavo Lima em Goiânia (GO). Também encontrou 18 notas fiscais sequenciais, emitidas no mesmo dia e em valores fracionados por outra empresa do cantor, a GSA Empreendimentos, para a PIX365 Soluções (Vai de Bet, segundo a polícia), também investigada no esquema. São mais de R$ 8 milhões pelo uso de imagem e voz do cantor. O dinheiro vivo apreendido e as notas fiscais são, segundo a polícia, dois indícios de lavagem de dinheiro.

Aeronave foi vendida 2 vezes para investigados

O cantor ainda é suspeito de uma negociação irregular de duas aeronaves para empresários ligados aos jogos ilegais. Novos detalhes da investigação revelam que uma delas, um avião da Balada Eventos, foi vendida duas vezes (em um ano) para investigados na operação.

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Avião de Gusttavo Lima - Foto: Reprodução

Avião de Gusttavo Lima – Foto: Reprodução

A primeira venda aconteceu em 2023. Por US$ 6 milhões, o avião foi vendido para a Sports Entretenimento, que pertence a Darwin Henrique da Silva Filho, que, segundo a polícia, é de uma família de bicheiros do Recife.

O pernambucano ficou com o avião durante dois meses. Logo depois, se desfez da aeronave, alegando problemas técnicos. A investigação mostra que o contrato e o distrato foram emitidos no mesmo dia, 25 de maio de 2023. E que o laudo — que apontou a falha mecânica — foi feito depois do cancelamento da compra, dia 29 de junho do mesmo ano.

Em fevereiro de 2024, aconteceu a segunda venda: a Balada Eventos, de Gusttavo Lima, vendeu esse mesmo avião — dessa vez, para a empresa J.M.J Participações, do empresário José André da Rocha Neto, que também é alvo da operação.

A venda aconteceu, segundo a polícia, sem nenhum laudo que comprovasse o reparo no avião. A transação de R$ 33 milhões envolveu ainda um helicóptero que também era da empresa de Gusttavo Lima e já tinha sido comprado por outra empresa de André Rocha Neto.

Polícia suspeita que Gusttavo Lima seja dono oculto da Vai de Bet

Em julho desse ano, Gusttavo Lima virou, segundo o inquérito, sócio da marca Vai de Bet, com participação de 25%Mas os investigadores suspeitam que o cantor já era uma “espécie de dono oculto” desde antes.

No final de 2023, a Vai de Bet fechou um patrocínio milionário com o Corinthians que acabou virando alvo de outra investigação em São Paulo. Em depoimento à polícia, um conselheiro do clube contou que o presidente do Corinthians falou por telefone com Gusttavo Lima e que o presidente afirmou — já naquela época — que o cantor era um dos donos da Vai de Bet.

“Em um dos depoimentos das testemunhas ouvidas no caso da subtração de valores do Corinthians, é mencionado que, no momento da assinatura do contrato, foi informada essa testemunha por parte do presidente do Corinthians, que a Vai de Bet teria como um dos sócios o Gustavo Lima”, afirma Juliano Carvalho, promotor de Justiça do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo. O Corinthians disse que o caso está na Justiça e que o clube não trata mais de questões ligadas a essa empresa.

Sem intimidade

Os donos da Vai de Bet — o casal José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Henriques Truta Rocha — estavam no aniversário de Gusttavo Lima em um iate na Grécia quando saiu o mandado de prisão preventiva contra eles, em 4 de setembro. Na mesma operação que levou à prisão a influencer Deolane Bezerra.

Donos da Vai de Bet ao lado de Gusttavo Lima e Andressa Suita - Foto: Reprodução/Instagram

Donos da Vai de Bet ao lado de Gusttavo Lima e Andressa Suita – Foto: Reprodução/Instagram

No entanto, em depoimento para a Polícia Civil, o cantor disse “não possuir relação de intimidade” com José André da Rocha Neto ou Aislla Sabrina, “mas uma relação profissional que ocasiona momentos de convivência entre as partes”.

Outro lado

Em uma nota enviada ao Fantástico, os advogados de Gusttavo Lima disseram que a investigação da Polícia Civil de Pernambuco tem falhas. A defesa cita dois contratos de venda de aeronave e de distrato dessa venda. Sendo que um tinha um erro de digitação na data, o que foi visto como suspeito pelos investigadores. Segundo os advogados do sertanejo, a polícia não considerou a data digital do distrato.