É muito comum que as pessoas digam que um idoso “morreu de velhice”. No entanto, essa frase é imprecisa, já que velhice não é uma doença. Sendo assim, não pode ser a causa da morte de ninguém. Então, o que será que acontece? Se as pessoas não morrem por estarem velhas demais, isso significa que elas morrem do quê?

É realmente possível "morrer de velho"? - Foto: Reprodução

É realmente possível “morrer de velho”? – Foto: Reprodução

A causa da morte por velhice

Bem, falando de uma outra forma: é possível sim morrer por estar velho demais. Porém, vale ressaltar que, a idade avançada sozinha, nunca será a causa da morte. Não é a velhice que mata, mas sim as doenças que decorrem por causa dela.

É o que esclarece a médica Elizabeth Dzeng, que é professora na Universidade da Califórnia, em São Francisco. “Sempre há outras doenças preexistentes, ou novas doenças, que causam as mortes em questão. ‘Velhice’ não é algo que você colocaria em uma certidão de óbito — muito provavelmente, seria algo como parada cardíaca, que ocorre devido a algum problema subjacente, como uma infecção, ataque cardíaco ou câncer”, declarou ao site Gizmodo.

A idade avançada nunca será a causa da morte de alguém - Foto: Getty Images / Reprodução

A idade avançada nunca será a causa da morte de alguém – Foto: Getty Images / Reprodução

O fato é que, algumas doenças, que também podem aparecer nas pessoas mais jovens, se tornam mais frequentes quando ficamos idosos. “Com pneumonia, por exemplo, os idosos podem não mostrar os sinais normais de infecção — eles podem, em vez disso, apresentar alto nível de açúcar no sangue, se forem diabéticos, ou se tiverem demência, eles podem apenas apresentar mudanças em seu estado mental: confusão aumentada, incapacidade de fazer as coisas que normalmente fariam. Quando somos mais velhos, e esse tipo de coisa acontece, podemos não atribuir isso ao processo da doença subjacente”, acrescentou.

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O conceito de velhice

Na verdade, velhice é um conceito que se tornou mais complexo ao passar dos anos. O que também acompanhou o conhecimento sobre as causas de uma morte. Até um tempo atrás, as profissões de saúde tinham menos ferramentas para fazer diagnósticos.

A velhice passou a ser mais compreendida pelos médicos com o passar dos anos - Foto: Getty Images / Reprodução

A velhice passou a ser mais compreendida pelos médicos com o passar dos anos – Foto: Getty Images / Reprodução

Por isso, “morrer de velhice” até fazia algum sentido. Inclusive, até 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluía “velhice” como causa de morte em seu manual de dados da Classificação Internacional de Doenças (CID).

Desde então, o CID foi substituído por “declínio biológico associado ao envelhecimento na capacidade intrínseca”. Hoje em dia, falar que alguém morreu de velhice significa que não se sabe a exata causa de sua morte. Seja por falta de informação ou pela ausência de um exame adequado.

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Ainda usam esse termo

Curiosamente, certos países ainda usam bastante essa expressão para designar a morte de idosos de idade avançada. Por exemplo, no Japão, a doença Rosai, cujo conceito é “declínio associado à velhice”, foi a terceira principal causa de morte em 2021. “Hoje em dia, diríamos: ‘Ela tinha todos os tipos de condições, mas como era velha, digamos que morreu de velhice'”, afirmou o gerontologista Akihisa Iguchi ao jornal The Wall Street Journal.

A Rainha Elizabeth II — Foto: Yui Mok / Pool / AFP

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Isso se soma ao fato de que muitas pessoas até preferem não saber a causa exata que levou à morte de um parente com idade avançada. Quando a Rainha Elizabeth II faleceu em 2022, a causa dada foi velhice. A razão real da morte nunca foi revelada pela família real.

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