Um dentista de Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo, viu a transformação de um sonho de infância em um pesadelo jurídico após recriar uma réplica da Ferrari F-40, ao ser processado pela famosa montadora italiana. O caso, que se arrasta na Justiça brasileira desde 2019, teve novos desdobramentos no início de novembro.

 Protótipo de Ferrari, em Cachoeira Paulista (SP) — Foto: Arthur Costa/TV Vanguarda

Protótipo de Ferrari, em Cachoeira Paulista (SP) — Foto: Arthur Costa/TV Vanguarda

Tudo começou quando José Victor Estavam Siqueira, fã da escudeira desde criança, decidiu recriar a Ferrari F-40. Lançado em 1987, o modelo foi o último desenvolvido sob supervisão de Enzo Ferrari, fundador da marca. Este, é considerado um supercarro raro, com cerca de apenas mil unidades no mundo, sendo avaliado em mais de R$ 4 milhões.

Um dos F40 produzidos até 1991 era do cantor Eric Clapton — Foto: Divulgação

Um dos F40 produzidos até 1991 era do cantor Eric Clapton — Foto: Divulgação

Iniciado em 2017, o projeto exigiu tempo e recursos financeiros do entusiasta de ciência e tecnologia. Utilizando o método de “tentativa e erro”, José Vitor conseguiu montar um protótipo do carro italiano com materiais comprados em casas de ferragens e lojas de construção. As chapas foram moldadas no laboratório improvisado nos fundos de sua casa.

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“Era um sonho infantil, inocente, eu não imaginei que poderia isso. Eu aceitei como um desafio para mim mesmo e comecei a estudar, investir tempo e dinheiro para que saísse do papel”, contou ele ao g1, em 2019.

Dificuldades financeiras

Após concluir a réplica, José enfrentava dificuldades financeiras devido a um furto em seu consultório odontológico em 2018, que resultou na perda de todos os equipamentos. Ele, então, decidiu anunciar o carro na internet por R$ 80 mil.

Protótipo foi levado para um pátio após apreensão — Foto: Arquivo pessoal/Vitor Estevam

Protótipo foi levado para um pátio após apreensão — Foto: Arquivo pessoal/Vitor Estevam

“Eu não estava conseguindo pensar na época, estava sem trabalhar. Eu tinha duas opções: uma era vender a clínica e, a outra, vender o carro. Inicialmente, anunciei o carro, mas duas semanas depois recuei e acabei na verdade vendendo a clínica. Então apaguei o anúncio”, explicou.

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Apreensão do carro

Apesar disso, zelosa pela exclusividade de sua marca, a Ferrari localizou o anúncio e entrou com uma denúncia à Polícia Civil, pedindo a apreensão do veículo. A montadora argumenta que José utilizou a propriedade intelectual da empresa para obter lucro financeiro.

Atendendo ao pedido da Ferrari, o carro foi apreendido e enviado à perícia, deixando José desolado. Ele fez apelos nas redes sociais, temendo que sua criação fosse destruída. Enquanto isso, a montadora italiana destacou que realiza um “pente-fino” no Brasil para combater réplicas e usos não autorizados de sua marca.

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Protótipo foi levado para um pátio após apreensão — Foto: Arquivo pessoal/Vitor Estevam

Protótipo foi levado para um pátio após apreensão — Foto: Arquivo pessoal/Vitor Estevam

Processo

No processo, José Vitor pode ser condenado a pagar indenização por lucros cessantes e danos materiais. Além disso, ele foi proibido de fabricar ou vender réplicas de modelos da Ferrari.

Ferrari F-40 - Foto: Getty Images

Ferrari F-40 – Foto: Getty Images

A montadora também busca ressarcimento financeiro, com uma dívida calculada atualmente em R$ 42,5 mil. No dia 8 de novembro, a Justiça converteu o bloqueio do valor em penhora, e bloqueou R$ 887,74 das contas do dentista.

Por outro lado, José Vitor processou a Ferrari, pedindo R$ 100 mil por danos morais, alegando que sofreu abalos psicológicos devido à exposição pública do caso e à apreensão da réplica. No entanto, seu pedido foi negado pela Justiça.

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