Suzane von Richtofen, condenada pelo assassinato dos pais, não conseguiu avançar para a segunda fase do concurso público para técnico do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). A tentativa, que ocorreu em setembro de 2024, foi uma das várias em busca de uma reintegração à sociedade, mas a reprovação na prova inicial revela mais uma dificuldade na sua trajetória.

Com nota insuficiente, Suzane von Richtofen é reprovada na 1ª fase do concurso do TJSP

Foto: O Globo

A reprovação no concurso

Suzane se inscreveu para o concurso público destinado ao cargo de técnico no TJSP, com sede em Bragança Paulista, onde reside com o marido e o filho de 9 meses. Ela precisaria atingir uma pontuação mínima de 73 pontos para avançar à segunda fase, mas foi desclassificada na etapa inicial. O resultado do concurso foi divulgado na última sexta-feira (22), e sua pontuação permanece acessível apenas a ela, conforme os critérios do edital: “Eu estava confiante que passaria. Treinei muito a digitação em casa, todos os dias, e estava bem preparada para essa prova”, declarou Suzane. No total, apenas 33 candidatos passaram para a segunda fase, que consiste em uma prova prática de digitação e formatação de texto.

Tentativas anteriores de concurso

Não foi a primeira tentativa de Suzane em um concurso público. Em 2023, ela se inscreveu para o cargo de telefonista na Câmara Municipal de Avaré, mas desistiu após a repercussão negativa na mídia. A tentativa no TJSP, regido pelo edital 01/2024, exigia apenas o ensino médio completo e a regularização das obrigações eleitorais e militares. No entanto, apesar de ter sido aprovada, Suzane enfrentaria obstáculos legais para a posse no cargo, como a exigência de “boa conduta”, que seria difícil de comprovar devido ao seu histórico criminal.

Barreiras jurídicas para a posse no cargo

Embora o cargo ofereça um salário inicial de R$ 6.043, além de benefícios como vale-alimentação, Suzane enfrentaria sérias barreiras jurídicas caso fosse aprovada. O edital exige que os candidatos apresentem atestado de antecedentes criminais, certidões judiciais e declarações pessoais que comprovem a boa conduta, o que representaria um obstáculo para Suzane, já que ela cumpre pena em regime aberto: “O edital exige boa conduta, e eu ainda estou cumprindo pena. Não seria possível ser contratada sem atender a essa exigência”, afirmou ela, refletindo sobre as dificuldades legais.

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Restrições e regime aberto

Atualmente, Suzane cumpre sua pena em regime aberto, com previsão de término para 2041. Nesse regime, ela está sujeita a diversas restrições, como permanecer em casa das 20h às 6h, não sair de Bragança Paulista e não frequentar bares ou consumir bebidas alcoólicas em locais públicos. Além disso, a Justiça determinou que ela continue o tratamento psicológico e psiquiátrico iniciado no sistema prisional devido a traços de personalidade como ansiedade, manipulação, impulsividade e agressão camuflada. Suzane está sendo atendida no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Bragança Paulista.

Em outubro, ela solicitou autorização para realizar o acompanhamento com médicos particulares, mas o pedido foi negado. Os laudos devem ser emitidos por profissionais do sistema público e anexados ao processo de execução penal: “Minha saúde mental ainda exige cuidados, e a Justiça não autorizou médicos particulares, mesmo com o meu pedido. O acompanhamento é feito apenas pelo sistema público”, comentou Suzane sobre sua situação atual.

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Desafios na reintegração social

Mesmo após cumprir 20 anos de prisão, Suzane enfrenta grandes desafios na reintegração à sociedade, seja pela via profissional ou pela adaptação às normas legais que continuam a restringir sua liberdade. As tentativas de encontrar uma nova oportunidade no mercado de trabalho esbarram não só nas dificuldades jurídicas, mas também na percepção pública sobre seu envolvimento no crime. Assim, a sua trajetória ainda se caracteriza por um longo caminho de reintegração social, onde cada tentativa de mudança é acompanhada de novas limitações legais e sociais.

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