Na manhã do dia 19 de setembro de 1949, cinco amigos alpinistas — Antônio Marcos de Oliveira, Laércio Martins, Patrick White, Ricardo Menescal e Tadeusz Hollup — se reuniram na Praça General Tibúrcio, na Praia Vermelha, para dar início a uma aventura ousada: escalar o Pão de Açúcar, um dos ícones do Rio de Janeiro. Mas, em vez de optarem por uma das três rotas tradicionais que outros montanhistas normalmente escolhiam, o grupo decidiu se desafiar em uma quarta trilha, considerada mais perigosa.

Fotografias de parte do grupo de montanhistas / Crédito: Clube Excursionista Carioca (CEC)/BBC / Acervo de Tadeusz Hollup/BBC

Segundo Rodrigo Milone, presidente do Centro Excursionista Carioca (CEC), essa rota foi, por muitos anos, tida como “a escalada mais difícil do montanhismo brasileiro”, como repercutido pela BBC em 2018. Logo no início da trilha, ao chegarem à clareira que dá acesso ao paredão, Tadeusz Hollup, então com 19 anos, percebeu algo estranho: encontrou o que parecia ser um sapato feminino, já bastante deteriorado.

“Mesmo assim, não dei muita importância. Joguei o sapato fora e continuamos a subir”, relatou ele em sua última entrevista ao Esporte Espetacular, da TV Globo, em outubro de 2017. Tadeusz foi o último sobrevivente do grupo, falecendo em agosto de 2018, aos 88 anos. Antônio Marcos de Oliveira, o mais jovem do grupo, com 18 anos na época, liderava a escalada.

Por volta das 11h30, ele teve uma experiência aterrorizante: encontrou, em uma fenda estreita da rocha — conhecida pelos alpinistas como “chaminé Gallotti” — um cadáver preso pela garganta. Para sua surpresa, o corpo não estava em estado de decomposição, mas sim desidratado e praticamente “mumificado”. “O vento bateu mais forte, e o cabelo dele, que era enorme, pousou no meu ombro. Foi aí que vi que era uma pessoa. Fiquei apavorado”, relatou Oliveira em 2004, no documentário ‘Cinquentona Gallotti’.

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Foto: Arquivo CEC/Ivan Calo/ BBC

Imediatamente, ele gritou para os amigos, informando que havia encontrado um corpo, mas inicialmente pensaram que fosse uma brincadeira, lembrando do sapato encontrado antes. No entanto, ao chegarem ao local, todos ficaram horrorizados com a descoberta macabra. Diante da situação, acionaram a polícia e decidiram não continuar a escalada naquele dia, embora tenham concluído o desafio cinco anos depois, em 1954.

Investigações

No dia seguinte, os cinco alpinistas retornaram à Urca, acompanhados por policiais, repórteres e legistas. Usando grampos, martelos e brocas, conseguiram descer o cadáver até a clareira, onde foi recolhido pelos bombeiros. A notícia rapidamente se espalhou pelos jornais da região. O laudo médico revelou que o cadáver, ao contrário do que se pensava inicialmente, não era de uma mulher, mas sim de um homem.

Segundo uma nota publicada na época pelo jornal O Globo, o corpo pertencia a um “indivíduo de cor branca, com cerca de 35 anos, de compleição franzina e 1,60 m de altura”. O laudo também descreveu que o homem vestia um suéter e uma camisa sem mangas de algodão, sem apresentar sinais de fraturas, facadas ou tiros. Os legistas concluíram que o cadáver estava no local havia pelo menos seis meses, e que a maresia havia contribuído para sua mumificação.

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Foto: Arquivo CEC/Ivan Calou/BBC

Destino

Outro fato intrigante foi a ausência de documentos junto ao corpo. Mesmo com toda a repercussão do caso, nenhum amigo ou familiar apareceu no Instituto Médico Legal (IML) para reconhecer o corpo. Com o passar do tempo, diversas teorias surgiram para tentar explicar como o cadáver chegou ali, desde especulações sobre suicídio até teorias de assassinato. Sete décadas depois, a identidade do homem permanece um mistério, e ele é lembrado como a “Múmia de Gallotti”.

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O destino da múmia também foi trágico: segundo o g1, o corpo foi sepultado como indigente na época, devido à falta de documentação e ao não reconhecimento por parte de familiares. Assim, o enigma da múmia do Pão de Açúcar foi selado.

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