Em algum momento você provavelmente já tenha escutado que a Austrália é o país com a maior quantidade de criaturas bizarras e perigosas em todo o mundo. Para balancear os animais fofinhos como coalas, essa também é a terra dos cangurus mortais, diversas espécies de aranhas completamente aterrorizantes e venenosas, lagartos amedrontadores, e por aí vai.
Não é preciso pensar muito para notar que essa enorme concentração de animais estranhos é minimamente curiosa. Então, qual o motivo de todos esses animais selvagens estarem reunidos na Austrália? Esse é um questionamento que até mesmo cientistas de longa data possuem certa dificuldade em responder. Entenda o caso!
Vida selvagem na Austrália e porque eles são tão estranhos
Se analisarmos os números de perto, a quantia de espécies na Austrália é absurda. Para se ter ideia, 83% das 300 espécies de mamíferos terrestres existentes são encontradas apenas ali. Claro, tirando os indivíduos criados em cativeiro ou introduzidos por seres humanos em outros países.
Se isso não é o suficiente, a exclusividade de habitat também acontece com 43% das aves e quase 90% dos répteis existentes em território australiano. Na visão de alguns pesquisadores, a principal explicação para esse fenômeno seria pelo fato da Austrália ser uma ilha que se separou do restante do mundo há milhões de anos e acabou evoluindo de maneira diferente.
Esse isolamento permitiu a evolução de uma grande variedade de espécies endêmicas, incluindo muitos animais perigosos e estranhos. Sem a interferência de predadores ou competidores de outros continentes, algumas dessas espécies desenvolveram características venenosas como um meio eficaz de defesa e caça.
Embora os animais existentes nas Américas, Europa, Ásia e África tenham migrado longas distâncias ao longo do tempo e durante várias mudanças climáticas extremamente relevantes, essa não era exatamente uma opção para as espécies australianas. Com isso, muitos desses animais acabaram criando características e técnicas de sobrevivência únicas.
Isolamento geográfico
Há centenas de milhões de anos, a Terra testemunhou a formação do supercontinente Pangeia, uma vasta massa de terra que reunia a maioria dos continentes conhecidos. Pangeia, eventualmente, se fragmentou, dando origem a Laurásia e a Gondwana. O continente Gondwana incluía o que hoje conhecemos como Austrália, América do Sul, África, Antártida, subcontinente indiano e península Arábica.
Há aproximadamente 100 milhões de anos, a Austrália se separou de Gondwana, iniciando um período de isolamento geográfico que moldaria sua fauna de maneira única. Com o isolamento geográfico, as pressões seletivas únicas desse continente favoreceram o desenvolvimento de mecanismos de defesa mais aprimorados.
As criaturas locais evoluíram para sobreviver em um ambiente isolado, resultando em uma concentração notável de características venenosas. Cobras, aranhas e outros animais desenvolveram venenos potentes como resposta à competição por recursos e à necessidade de proteção contra predadores.
Clima e veneno mortal
A Austrália apresenta uma paisagem diversificada, que vai desde desertos até florestas tropicais, proporcionando uma ampla gama de habitats ecológicos. Esse mosaico de ambientes permitiu que diversas espécies se adaptassem e prosperassem, cada uma desenvolvendo suas próprias estratégias de sobrevivência, incluindo a utilização de venenos.
Cobras venenosas, aranhas e outros predadores mortais prosperam nessas condições, encontrando refúgios em áreas menos habitadas e desenvolvendo venenos potentes como mecanismos de sobrevivência.
Entre os exemplos mais marcantes estão: as aranhas-teia-de-funil (Atrax robustus), exclusivas da Austrália e cujas mordidas venenosas podem ser letais para humanos. As formigas bulldog (Myrmecia pyriformis), conhecidas por suas picadas dolorosas que podem causar reações alérgicas. E a vespa-do-mar (Chironex fleckeri), cujo veneno pode ser fatal.
Lar das serpentes mais venenosas do mundo
Segundo o Guinness World Records, a Austrália não apenas abriga mais espécies de serpentes venenosas do que qualquer outro país na Terra, mas também é casa de nove das dez espécies de cobras mais venenosas do mundo.
Isso inclui serpentes famosas, como a taipan-do-interior (Oxyuranus microlepidotus), a cobra marrom oriental (Pseudonaja textilis), a taipan-costeira (Oxyuranus scutellatus), a cobra-tigre (Notechis scutatus) e a cobra-da-morte (Acanthophis antarcticus).
A taipan-do-interior, em particular, detém o primeiro lugar no ranking do Guinness World Records, destacando a notável concentração de periculosidade presente na fauna australiana.
Foco em marsupiais
Como a Austrália abriga dois terços das 330 espécies de marsupiais conhecidas no planeta, é importante avaliar como esses animais se comportam. Os marsupiais são conhecidos por carregar seus filhotes em uma bolsa no seu corpo. Sendo que a gestação das fêmeas é tipicamente mais curta do que outros mamíferos.
Afinal, tal mecanismo de defesa faz com que os filhotes possam sair do ventre de suas mães, mas estarem sempre por perto em momentos de perigo. Isso também faz com que eles se tornem móveis imediatamente após seu nascimento, criando uma grande vantagem de sobrevivência em relação a outros animais selvagens.
Porém, isso não significa que todas as espécies tiveram evoluções vantajosas. Os coalas, por exemplo, uma das criaturas mais amadas por todo o mundo, alimentam-se basicamente apenas de folhas de eucalipto — plantas venenosas para quase todos os outros animais na natureza. Em 2019, no entanto, um incêndio florestal de proporção catastrófica matou uma enorme população desses marsupiais e queimou florestas de eucalipto inteiras.
Portanto, com uma dieta tão limitada, esses animais se tornaram extremamente vulneráveis, sem contar que a constante ameaça humana aos ecossistemas australianos gera um risco enorme para a existência desses bichos.
Fauna da Austrália
- 83% dos mamíferos;
- 89% dos répteis;
- 90% dos peixes e insetos;
- 45% das aves;
- 93% dos anfíbios.
Você provavelmente já viu algum registro desses animais invadindo casas, ou cangurus batendo em pessoas. Isso acontece porque, como já citado anteriormente, a presença humana crescente e a expansão urbana estão cada vez mais invadindo os habitats naturais desses animais. Assim, aumentando a probabilidade de encontros com humanos. Casas próximas a áreas selvagens frequentemente abrigam visitantes indesejados como cobras e aranhas.