A influenciadora Virgínia Fonseca chamou atenção não apenas por suas declarações à CPI das Bets, mas também pela maneira como escolheu se apresentar. Para a consultora de imagem pessoal e corporativa Clara Laface, a aparência de Virgínia foi cuidadosamente construída com objetivos estratégicos de comunicação.

A influenciadora Virginia Fonseca durante depoimento à CPI das Bets — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

A influenciadora Virginia Fonseca durante depoimento à CPI das Bets — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

Visual pensado para transmitir leveza e vulnerabilidade

Segundo Clara Laface, a escolha do moletom com o rosto da filha, os óculos sem armação, o copo Stanley rosa e o cabelo solto não foram meros detalhes casuais. A especialista afirma que esses elementos compõem uma imagem que busca despertar empatia e afastar a ideia de poder ou ameaça: “Compõem um visual pensado para construir uma narrativa de juventude, afeto e suposta inocência”, explicou Laface.

Ela destaca que a imagem pessoal comunica antes mesmo da fala e nem sempre no mesmo sentido do discurso verbal: “A aparência comunica antes da fala — e, muitas vezes, em sentido contrário ao conteúdo”, afirmou.

Apelo emocional e estética como escudo

O moletom usado por Virgínia trazia a estampa da filha caçula, Maria Flor, acompanhada da frase “Flo flo biuta”, que viralizou nas redes sociais. Para a especialista, esse detalhe é um clássico exemplo de como a imagem pode ser usada para suavizar percepções negativas em um ambiente institucional: “São elementos que remetem ao universo doméstico e familiar — símbolos de uma persona comum, que tenta se afastar da imagem de uma mulher empresária poderosa e influente”, analisou Clara.

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Ela classifica o uso desses símbolos como um “apelo afetivo”, recurso usado para influenciar o imaginário coletivo e reduzir o julgamento público.

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Uma imagem que fala por si

Para além do debate sobre dress code, a consultora alerta que o uso estratégico da imagem pode ser visto como uma tentativa de manipulação da percepção pública: “Trata-se de um visual com discurso: a imagem de quem não oferece perigo e, portanto, não merece julgamento severo”, afirmou.

Ainda segundo Clara, esse tipo de construção visual não condiz com o ambiente de seriedade de uma comissão parlamentar de inquérito: “Esteticamente, a escolha não é adequada ao ambiente em que ela estava inserida. Uma CPI é uma instância oficial do Estado, que exige postura e respeito — inclusive na forma de se apresentar”, pontuou.

Intencionalidade na imagem de figuras públicas

Por fim, Clara Laface ressalta que personalidades públicas, como Virgínia Fonseca, sabem exatamente o que comunicam por meio de suas escolhas visuais: “Figuras públicas constroem sua imagem com intencionalidade. E nesse caso, o visual fala — e fala muito”, disse.

Ela ainda levanta uma questão ética sobre o uso desse tipo de comunicação não verbal: “Não há inocência na forma quando se tem domínio de influência. A comunicação não verbal de Virgínia Fonseca foi, sim, estratégica. Mas ética? Essa é outra conversa”, finalizou.

Nas redes sociais, internautas também perceberam a possível intencionalidade por trás do look da influenciadora. Comentários ironizaram o estilo “despretensioso” da loira: “Um visual milimetricamente calculado para encarnar a persona da jovem despretensiosa, quase alheia à gravidade do tema. Ingênuo é quem acredita”, escreveu uma usuária do X (antigo Twitter). Outra observação dizia: “Sem as maquiagens forçadas e até o penteado do cabelo. Tudo foi pensado”.

E você, o que achou do visual de Virgínia Fonseca?