A Secretaria de Polícia Civil publicou, em seu perfil no X, um vídeo após a prisão de MC Poze do Rodo, na manhã desta quinta-feira (29). No material, o órgão questiona o limite da liberdade de expressão artística, que “pode custar uma vida, a sua vida”.
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Poze do Rodo foi preso em um condomínio no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio — Foto: Reprodução/ TV Globo
Em referência ao MC, o vídeo fala que “um cantor famoso, que posa nas redes sociais com celebridades, faz um show um pouco diferente daqueles que você conhece. Um show com letras que enaltecem uma facção criminosa que tem na plateia criminosos com armas pesadas e divertindo”. Segundo a polícia, “o nome disso é narcocultura”.
A publicação frisa a busca da facção para “atrair gente para os shows para promover o estilo de vida dos bandidos, para normalizar o consumo de drogas, o domínio de territórios e o uso ilegal de armas. Esses shows movimentam dinheiro que vão diretamente para os bolsos dos traficantes. Esse dinheiro financia crimes, roubos, guerras, mortes”.
RODOU | Cantor de funk que propagava a narcocultura foi preso por apologia ao crime e por envolvimento com o Comando Vermelho. Conhecido por shows repletos de bandidos armados financiados pela organização criminosa, ele ajudava a espalhar a ideologia da facção. pic.twitter.com/Gj6wzO34Ia
— Polícia Civil RJ (@PCERJ) May 29, 2025
Prisão de MC Poze
Marlon Brandon Coelho Couto, conhecido como MC Poze do Rodo, foi preso no fim da madrugada desta quinta-feira (29) por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Civil do RJ. Poze é investigado por apologia ao crime e por envolvimento com o tráfico de drogas.
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Poze do Rodo foi preso na manhã desta quinta-feira (29) — Foto: Reprodução/ TV Globo
Policiais cumpriram o mandado de prisão temporária na casa dele, em um condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ao g1, o advogado Fernando Henrique Cardoso Neves declarou que se trata de “uma narrativa antiga”. “Queremos entender o motivo dessa nova prisão. Essa é uma narrativa já antiga. Se ele não for liberado, vamos entrar com um habeas corpus”, disse.
Ele transferido em um camburão com outros presos no fim da manhã desta quinta-feira (29) da Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio de Janeiro, para a penitenciária pública de Benfica, onde aguardará a audiência de custódia. No momento, ele dizia que sua prisão é “perseguição”.
“Isso é perseguição, mané. Cara de pau, isso aí é perseguição. É indício, mas não tem prova com nada. Manda provar aí”, disse ele. Poze ainda disse que a polícia deveria ir atrás dos criminosos e dos traficantes que estão nas comunidades, não dele.
Veja a íntegra da mensagem:
“Qual é o limite da liberdade de expressão? E se eu disser que pode custar uma vida, a sua vida? Um cantor famoso, que posa nas redes sociais com celebridades, faz um show um pouco diferente daqueles que você conhece. Um show com letras que enaltecem uma facção criminosa que tem na plateia criminosos com armas pesadas e divertindo. O nome disso é narcocultura”.
“Eles querem atrair gente para os shows para promover o estilo de vida dos bandidos, para normalizar o consumo de drogas, o domínio de territórios e o uso ilegal de armas. Esses shows movimentam dinheiro que vão diretamente para os bolsos dos traficantes. Esse dinheiro financia crimes, roubos, guerras, mortes. Hoje o cantor não vai subir no palco, foi para trás das grades. Mas a nossa luta continua, para acabar com essa narcocultura, combater o crime organizado e promover a cultura do bem”.
Músicas do cantor fazem apologia ao crime
As investigações apontam que o cantor realizou shows em comunidades sob domínio da facção criminosa Comando Vermelho (CV), com a presença de indivíduos armados e apoio de traficantes locais. Além disso, autoridades afirmam que as músicas entoadas pelo artista fazem apologia ao tráfico de drogas e uso ilegal de armas de fogo.
Poze se tornou um forte nome no mercado do funk carioca, conquistado milhões de seguidores nas redes sociais e visualizações nas plataformas de música. Mas segundo a polícia, as letras das músicas entoadas pelo cantor “extrapolam os limites constitucionais da liberdade de expressão e artística, configurando crimes graves de apologia ao crime e associação para o tráfico de drogas”.
O cantor admitiu já ter atuado como traficante entre 2015 e 2016, na favela do Rodo, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio de Janeiro, realidade que ecoa nas letras de suas canções. A seguir, o listamos cinco músicas de MC Poze que escancaram o cenário violento das periferias cariocas e flertam com a glorificação do crime.
Veja o que dizem as músicas de Poze
- ‘Fala que é a tropa do Comando Vermelho’
Com trechos exaltam criminosos da facção Comando Vermelho: “Respeita o CV” e afirma que “só tem bandido brabo, só menor de guerra”. A música ainda afronta outros grupos do crime “Nós é terror dos Terceiro, ADA e dos melec”.
- ‘Na CDD só tem bandido faixa preta’
A letra cantada por Poze exalta criminosos da Cidade de Deus, comunidade da Zona Oeste do Rio e afirma que no local só tem “bandido faixa preta”. Além disso, o cantor ressalta o poder de arma de fogo da comunidade “nós tem Glock, tem AK, 62 com mira laser”.
- ‘Homenagem para tropa do Rodo’
A canção presta tributo a membros do tráfico que morreram em confrontos armados. Além disso, a música ressalta o vínculo do artista com os integrantes do Comando Vermelho.
- ‘Talvez’
A música faz menção à Chacina do Jacarezinho, que resultou na morte de 28 pessoas durante uma operação policial. “Mais de quinze morto pela chacina. Presente do dia da mãe é ter o filho morto pela esquina”.
Confira a seguir: [VÍDEO] MC Poze é transferido para penitenciária em camburão com outros presos e alega perseguição.
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