Cacau Show, a maior rede de franquias do Brasil com mais de 4 mil unidades, está no centro de denúncias feitas por seus próprios franqueados e funcionários. Eles relataram à coluna Dinheiro & Negócios, do Metrópoles, viver sob um ambiente rígido, com forte controle da liderança e punições sistemáticas para quem ousa questionar as regras ou a condução do negócio. As práticas internas, segundo esses relatos, lembram o funcionamento de uma “seita”.

Fachada de loja da Cacau Show - Foto: Reprodução

Fachada de loja da Cacau Show – Foto: Reprodução

Grande parte da condução motivacional da rede está nas mãos do próprio fundador e CEO, Alexandre Tadeu da Costa, conhecido como Alê Costa. Ele comanda eventos com música alta, discursos emocionantes e palestras voltadas ao pensamento positivo e à devoção à marca. Também participa de lives e encontros virtuais nos quais reforça valores como iniciativa, gratidão e superação. Contudo, franqueados afirmam que não há espaço para discutir temas sensíveis, como cláusulas contratuais ou aumentos repentinos nos preços dos produtos.

Funcionários do Parque Temático

A revista Fórum divulgou depoimentos de funcionários do parque temático que a empresa mantém em Itu, interior de São Paulo. Eles se mostraram descontentes e oprimidos. Um deles afirmou trabalhar sob um sistema rígido durante oito horas seguidas. Segundo relatos, se encosta ou senta um pouco, é observado por câmeras de vigilância e recebe advertência.

Situações abusivas

As situações constrangedoras não param por aí. Denúncias como a proibição de que funcionárias engravidem chegaram a ser protocoladas no Ministério Público do Trabalho (MPT).

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O documento, acolhido pelo MPT, aponta ainda outras situações abusivas, como gordofobia, “com humilhações públicas e discriminação estética que afetam a autoestima e saúde mental das vítimas”; homofobia, “com relatos de perseguição e piadas ofensivas direcionadas a pessoas LGBTQIA+”; e assédio moral e sexual, “promovido por superiores hierárquicos e, em muitos casos, ignorado ou acobertado pela direção da empresa”.

A denúncia também aponta a realidade de medo e apreensão vivenciada pelos funcionários. “A maioria das vítimas tem medo de denunciar e sofre em silêncio, pois a franqueadora tem mão de ferro, e gosta de perseguir e retaliar não apenas franqueados, como funcionários e ex-funcionários que ousem falar sobre os abusos”, diz o documento.

Franqueados

Por trás da imagem otimista propagada nas redes sociais e em entrevistas de Alê Costa a veículos especializados em negócios, franqueados dizem enfrentar outra realidade. Segundo relatos, aqueles que questionam cobranças indevidas ou alterações nas condições comerciais passam a sofrer perseguições.

Entre as formas de retaliação estariam o envio de produtos com prazos de validade próximos do vencimento ou itens com baixa saída, que acabam encalhados nas lojas. Isso, dizem os franqueados, compromete a saúde financeira das unidades, levando muitas delas ao fechamento.

Doce Amargura

Diante da falta de canais internos para expressar insatisfação, franqueados criaram um perfil nas redes sociais chamado Doce Amargura, onde compartilham relatos e denúncias. A responsável pela página, ainda vinculada à marca, usa um pseudônimo para evitar represálias.

Segundo ela, mesmo com o anonimato, foi surpreendida com uma visita inesperada do vice-presidente da empresa, Túlio Freitas, em sua loja localizada a mais de 600 km da sede da Cacau Show. Na ocasião, ele teria perguntado “o que era preciso” para que ela encerrasse a página.

Nota de Esclarecimento

“A Cacau Show vem a público esclarecer que não reconhece as alegações apresentadas pelo perfil “Doce Amargura” em redes sociais. Somos uma marca construída com base na confiança mútua, no respeito e na conexão genuína com nossos franqueados.

Cada experiência é única e pessoal. Prezamos por relações próximas, transparentes e sempre pautadas pelo diálogo — pilares que sustentam nosso crescimento conjunto e tornam possível a construção de uma jornada empreendedora repleta de conquistas e momentos especiais.

Não compactuamos com qualquer conduta que contrarie esses valores. Seguimos firmes em nosso propósito: vivemos para, juntos, tocar a vida das pessoas, compartilhando momentos especiais.

Reiteramos que estamos, como sempre, à disposição para esclarecer qualquer ponto, com responsabilidade, integridade e respeito”.

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