Em depoimento à Polícia Civil de Santa Catarina (PCSC), o piloto Elves de Bem Crescêncio, responsável pelo balão que caiu em Praia Grande (SC) no último sábado (21), relatou os momentos que antecederam a tragédia. Ele foi um dos 13 sobreviventes do acidente, que resultou na morte de oito pessoas. Com as mãos queimadas pelo incêndio, Elves contou que o fogo começou durante o voo e descreveu seus esforços para tentar evitar a tragédia. Segundo o piloto, após cerca de dois minutos no ar, ele percebeu um cheiro de queimado vindo do cesto do balão.

“A gente voa bastante aqui na cidade, sempre com tranquilidade. Esse é um balão grande, suporta até 1.950 quilos de passageiros, tem muita força. Decolamos junto com outros balões — acredito que entre 40 e 45 — e, logo nos primeiros minutos, senti um cheiro estranho. Quando olhei para baixo, vi que a capa do cilindro de gás estava pegando fogo”, relatou Elves.

Ao perceber o incêndio, tentou apagá-lo com os pés, mas o extintor de incêndio não funcionou. “Apertei o extintor, mas não saiu nenhum pó. Estou com os dedos todos queimados. Ainda tentei arrancar o cilindro”, contou, emocionado.

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Victor Hugo Mondini Correa, um dos passageiros que sobreviveu, confirmou a tentativa do piloto de retirar o cilindro em chamas para jogá-lo fora. No entanto, o fogo se alastrou rapidamente para um segundo cilindro. “Quando o fogo passou para o segundo cilindro, ele disse: ‘Vamos descer’. E logo depois orientou: ‘Quando tocar o solo, pulem'”, relatou Victor.

Elves afirmou que, assim como orientou os passageiros, ele também saltou do balão. Porém, oito pessoas não conseguiram escapar. Quatro morreram carbonizadas no cesto, e outras quatro faleceram após pularem quando o balão voltou a subir. “Algumas pessoas conseguiram pular, mas o balão voltou a ganhar altitude com os que não conseguiram sair. Foi horrível. Eu mesmo liguei para o 190, pedi ambulância, polícia e o IML. Vi que já havia vítimas fatais. Fiquei no local por cerca de duas horas depois do acidente”, relatou o piloto. Confira o depoimento:

A empresa responsável pelo passeio, Sobrevoar, informou em nota que suspendeu todas as operações por tempo indeterminado. Afirmou ainda seguir todas as normas da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e estar prestando assistência às famílias das vítimas. A Polícia Civil investiga se houve negligência, imprudência, imperícia ou dolo. Dependendo do resultado, o piloto e o proprietário da empresa poderão ser indiciados por homicídio doloso (com intenção) ou culposo (sem intenção), informaram os investigadores em coletiva.

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), também está apurando as causas da queda. Uma equipe foi enviada da base aérea de Canoas (RS) para realizar as primeiras análises no local. Segundo nota oficial do Cenipa, o relatório final será divulgado no site do órgão assim que a investigação for concluída, o que dependerá da complexidade do caso e da identificação dos fatores contribuintes.

Veja a seguir: Tragédia em Praia Grande: conheça as 8 vítimas fatais da queda de balão em Santa Catarina

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