Apesar do glamour que envolve escalar o Monte Everest, a realidade da montanha mais alta do mundo é marcada por frio extremo, falta de oxigênio, riscos constantes e uma regra não dita, mas conhecida por todos os alpinistas: quem morre na montanha, permanece nela. Estima-se que mais de 300 corpos ainda estejam congelados ao longo da trilha, muitos deles visíveis, alguns até mesmo usados como pontos de referência por quem se arrisca na escalada.
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Monte Everest. — Foto: Reprodução/Wikipedia
Sem resgate, sem volta
O Everest, com seus 8.849 metros de altitude, não possui um sistema oficial de resgate, principalmente nas zonas mais elevadas. O motivo é simples: as condições são extremas demais. O ar rarefeito, o frio intenso e o terreno instável tornam inviável qualquer operação de salvamento em segurança. Por isso, quando alguém morre no alto da montanha, o corpo raramente é trazido de volta.
É comum ouvir entre os montanhistas a frase: “Morreu na montanha, fica na montanha”. O alto custo, o risco de morte e a logística praticamente impossível de resgate fazem com que os corpos permaneçam onde estão congelados e preservados, como testemunhas silenciosas do limite entre a ambição e a sobrevivência.
A zona da morte começa aos 8 mil metros
A “zona da morte” é o nome dado à área da montanha que começa a partir dos 8 mil metros de altitude. Ali, o ar contém apenas 25% do oxigênio disponível ao nível do mar, o que faz com que o corpo humano entre rapidamente em colapso.
O médico e alpinista Jeremy Windsor explica que, nessa região, as funções básicas do organismo começam a falhar: comer se torna difícil, o pensamento racional se dissolve, e até colocar um pé à frente do outro exige esforço monumental. A permanência prolongada pode levar a alucinações, edemas cerebrais e pulmonares, hipotermia severa e morte. Por isso, a recomendação é que os alpinistas passem o mínimo de tempo possível nessa faixa da montanha.
Uma regra silenciosa e dolorosa

Bonita Norris. Créditos: Instagram
A alpinista britânica Bonita Norris, que chegou ao cume do Everest em 2010 aos 22 anos, relata em entrevistas que há uma regra tácita entre os montanhistas: não tentar resgatar corpos em zonas inóspitas, mesmo que pertençam a colegas de expedição:
“Já vi de perto, em várias montanhas, pessoas que perderam a vida. Na zona da morte, recuperar um corpo é quase impossível”, afirmou.
Essa é uma das lições mais duras para quem escala o Everest. Muitos já começam a subida cientes de que, em caso de acidente ou mal súbito, podem não voltar.
Everest é desafio e alerta
Subir o Everest é mais do que conquistar um ponto geográfico. É encarar os próprios limites, lidar com o medo constante e entender que a montanha não faz concessões. Para muitos, o Everest é o maior desafio da vida. Para outros, é o local onde a vida termina e o corpo permanece, para sempre, congelado no caminho que não pôde ser concluído.
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