Juliana Marins, jovem brasileira que faleceu durante uma trilha em um vulcão na Indonésia, passou por uma nova autópsia na manhã desta quarta-feira (2), no Rio de Janeiro. O primeiro exame, realizado fora do Brasil, apontou como causa da morte um trauma torácico com hemorragia interna. Esse laudo também descartou sinais de necrose nas extremidades, afastando a hipótese de hipotermia. A nova autópsia foi feita cerca de oito dias após o corpo ter sido encontrado. Como o primeiro exame não determinou com precisão a data do óbito, o tempo decorrido pode dificultar a obtenção de conclusões mais precisas sobre as circunstâncias da morte.

Em entrevista à CNN, a médica legista e perita Caroline Daitx alertou para limitações técnicas consideráveis na nova análise. Segundo ela, a autópsia anterior já havia manipulado os órgãos internos, o que impossibilita, por exemplo, estimar a quantidade de sangue perdida — informação crucial para entender a dinâmica da morte. Além disso, o corpo foi embalsamado, o que compromete irreversivelmente os tecidos, inviabilizando alguns exames complementares. Daitx também destacou que a segunda necropsia terá um escopo técnico bastante restrito.

O embalsamamento e os procedimentos invasivos da primeira análise alteraram a anatomia original do corpo, o que limita a possibilidade de uma reconstituição detalhada dos fatos. Ainda assim, a médica acredita que o novo exame pode ser útil: “Mesmo com baixa chance de novos achados conclusivos, esse esforço demonstra transparência e o compromisso com a busca por justiça”, afirmou.

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De acordo com a Defensoria Pública da União, a nova perícia foi conduzida por uma equipe multidisciplinar e seguiu protocolos técnico-científicos adequados. Caso surjam evidências de negligência, omissão ou falhas na condução do caso no exterior, o Brasil poderá acionar mecanismos internacionais de responsabilização.

Investigação em curso

A Unidade Criminal da Polícia Nacional da Indonésia abriu investigação para apurar possíveis falhas ou negligência na morte de Juliana Marins, de 24 anos, que desapareceu enquanto fazia trilha no vulcão Rinjani, em Lombok. O corpo foi transportado do Aeroporto I Gusti Ngurah Rai, em Bali, até São Paulo, e depois levado ao Rio de Janeiro. Com apoio de especialistas da Embaixada do Brasil, a polícia indonésia realizou vistorias nos arredores do local do acidente. A chefe do Parque Nacional do Rinjani, Lidya Saputro, informou que todos os protocolos de segurança adotados estão sendo reavaliados.

Relembre o caso

Juliana Marins, natural de Niterói (RJ), foi encontrada morta no dia 24 de junho, após ficar desaparecida por quatro dias durante uma trilha no vulcão Rinjani, na Indonésia. Ela teria sofrido uma queda de aproximadamente 300 metros no dia 20. A confirmação da morte foi feita pela família e pelo Itamaraty. Juliana era formada em publicidade pela UFRJ e dançarina de pole dance. Estava em uma viagem pela Ásia desde fevereiro, já tendo passado por Filipinas, Tailândia e Vietnã.

Em vídeos gravados antes do acidente, Juliana e uma amiga comentaram sobre a beleza da trilha. Após a queda, Juliana ainda conseguia mover os braços. Cerca de três horas depois, turistas a avistaram e enviaram imagens e a localização à família. Durante os quatro dias de buscas, a família mobilizou as redes sociais. Uma página criada para divulgar informações sobre o resgate rapidamente alcançou mais de 1,2 milhão de seguidores. Familiares relatam que Juliana ficou desamparada e foi avistada várias vezes em diferentes pontos da montanha antes de ser encontrada sem vida.

A última visualização registrada por drone mostrava Juliana imóvel, cerca de 500 metros abaixo do ponto da queda. O corpo foi recuperado aproximadamente 650 metros distante do local inicial. A primeira necropsia, realizada em 26 de junho, concluiu que Juliana morreu por traumatismo causado por força contundente, que gerou danos internos e hemorragia significativa. A hipótese de hipotermia foi descartada. Segundo o médico legista Ida Bagus Putu Alit, do Hospital Bali Mandara, a morte ocorreu em até 20 minutos após a lesão mais grave.

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