Um gari de 44 anos foi morto a tiros na manhã desta segunda-feira (11), após uma discussão de trânsito. O crime aconteceu no encontro das ruas Jequitibá e Modestina de Souza, no bairro Vista Alegre, Região Oeste de Belo Horizonte. Horas após o crime, a polícia prendeu em uma academia o empresário Renê da Silva Nogueira Junior, suspeito de atirar e matar Laudemir de Souza Fernandes.
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Laudemir de Souza Fernandes foi morto quanto trabalhava na coleta de lixo — Foto: Arquivo pessoal
Levado para o Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o suspeito negou à polícia que tenha cometido o crime. No boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil, no entanto, consta a informação de que ele teria afirmado que a arma é de sua mulher.
O que aconteceu?
Segundo a polícia, Laudemir de Souza Fernandes trabalhava na coleta de lixo quando o motorista de um carro elétrico, modelo BYD, de cor cinza, pediu que o caminhão fosse retirado da via, para que ele passasse. A mulher que dirigia o caminhão afirmou que tinha espaço suficiente para o carro passar. Ele teria se irritado e ameaçado atirar na motorista. Os garis tentaram intervir e pediram que ele se acalmasse.

O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior foi preso por suspeita de assassinar o gari Laudemir Fernandes – Foto: Reprodução
“O condutor falou com ela: ‘se você esbarrar no meu carro, vou dar um tiro em você. Você duvida?’ Ela entrou em choque, e os coletores começaram a falar pra ele não fazer isso. Foi quando um deles, o Laudemir, levou um tiro”, contou o sargento da Polícia Militar, Thiago Ribeiro.
Após atirar em Laudemir, o empresário fugiu sem prestar socorro. No local do crime, a polícia recolheu dois cartuchos de arma calibre .380, um deles que foi usado para matar o trabalhador, e o outro estava intacto. O material foi levado para perícia.
A vítima foi socorrida pela Polícia Militar e levada em uma viatura para o hospital, onde morreu, de acordo com a prefeitura. A prefeitura informou que Laudemir prestava serviços por meio de uma empresa terceirizada de limpeza e afirmou que está prestando apoio à família dele.
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Luvas em rua onde gari foi morto enquanto trabalhava em Vista Alegre, em Belo Horizonte — Foto: Reprodução/TV Globo
Quem é Renê Júnior?
Em um perfil em uma rede social, com quase 30 mil seguidores, Renê Júnior se apresenta como “Christian, husband, father & patriot” (em português: cristão, marido, pai e patriota). Já no perfil profissional, Renê se intitula CEO da empresa Fictor Alimentos. A empresa, no entanto, negou qualquer vínculo com ele. “Ele nunca teve qualquer tratativa com a companhia aberta”, disse a empresa em nota. Além disso, Renê cita que já trabalhou em grandes empresas multinacionais do ramo alimentício e de bebidas.
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Perfil de Renê Junior, no Instagram — Foto: Reprodução
Ele possui formação acadêmica extensa, com passagens pela PUC-Rio, FGV, USP, Ibmec, ESPM e Harvard Business School. Com quase três décadas de atuação no mercado, René ocupou cargos executivos de alto nível em empresas como Coca-Cola, Vigor, Red Bull e Ambev.
No LinkedIn, Renê se apresenta como “executivo C-Level” com “histórico comprovado de gerar crescimento exponencial e liderar transformações organizacionais complexas”. Na mesma plataforma, sua esposa escreveu uma recomendação na qual o descreve como “homem de caráter irrefutável” e “justo, empático, amável e adorado pela família e amigos”.
Marido de delegada
O empresário é marido de Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, delegada de polícia. Atualmente, Ana Paula está lotada na Casa da Mulher Mineira, unidade policial inaugurada pela Policia Civil em março de 2022. A delegada foi levada pela Corregedoria e se tornou alvo de investigação na noite desta segunda-feira, após Renê informar em depoimento que a arma do crime pertence a ela.
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Renê da Silva Nogueira Júnior ao lado da esposa, a delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira — Foto: Redes sociais
Duas armas apreendidas na casa do casal
A Corregedoria da Polícia Civil apreendeu, no apartamento do casal, em Nova Lima, Região Metropolitana de Belo Horizonte, duas armas que estavam em posse da delegada. Uma delas é uma arma funcional, de uso profissional. A outra é uma arma calibre .380, que teria sido a utilizada no homicídio. Ambas estavam guardadas no escritório do apartamento, sobre uma estante.
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Montagem mostra empresário René da Silva Nogueira Júnior, preso por atirar e marte gari que fazia coleta de lixo — Foto: Reprodução/redes sociais
A arma supostamente usada no crime foi recolhida e está sob custódia do delegado Evandro Nascimento Radaelli, responsável pelo caso na Delegacia Especializada de Homicídios. Caso fique comprovado que houve falha na cautela da arma, a delegada Ana Paula poderá responder por transgressão disciplinar no âmbito administrativo da corporação.
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Nossos sentimentos à família de Laudemir.