Investigado desde o ano passado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) e denunciado pelo humorista Felca em seu canal no YouTube na última semana, o influenciador paraibano Hytalo Santos é acusado de integrar e fomentar uma rede de pedofilia na internet.
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Hytalo Santos e sua turma — Foto: rep/ instagram
Conhecido por compartilhar vídeos com crianças e adolescentes que chama de “filhos adotivos” (integrantes da chamada “Turma do Hytalo”), ele é alvo de denúncias que descrevem maus-tratos, restrição alimentar, festas com consumo de álcool e drogas, além da exposição sexual de menores nas redes sociais. As informações foram divulgadas pelos portais Extra e g1.
Relatos
Segundo relatos de pessoas que convivem ou conviveram com o influenciador, o clima dentro da casa onde vivem Hytalo e os adolescentes é controlado por seu humor ácido e por regras rígidas. Nenhum dos entrevistados quis se identificar, alegando medo de ameaças ou dependência financeira do influenciador.
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Hytalo Santos e suas “filhas” — Foto: rep/ instagram
Uma das fontes afirma que o carinho mostrado nas redes só existe diante das câmeras. Fora delas, Hytalo passaria grande parte do tempo trancado no quarto. Ainda conforme os relatos, Hytalo mantém rotina noturna e vira a madrugada acordado, dormindo apenas por volta das 9h. “Dormir é perda de tempo”, costuma dizer, hábito que, segundo as denúncias, afeta também os menores que vivem na casa.
Situação das crianças
Uma das fontes detalhou que as crianças só se alimentam na presença dele: “Se alguém pedir um sanduíche e ele não quiser comer, ninguém come. As crianças só podem se alimentar na presença dele. Se ele acordar às 15h, elas vão ficar sem almoço”.
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Hytalo Santos (direita) foi citados por Felca em vídeo sobre ‘adultização’ — Foto: Reprodução
Mesmo participando de gravações e gerando conteúdo, os menores raramente teriam acesso ao dinheiro da monetização. Um taxista relatou ter pago o lanche de três adolescentes durante uma viagem de gravação, pois eles “não tinham R$ 1 no bolso e estavam com fome”.
Todos estão matriculados em escolas, mas a frequência seria ajustada conforme o calendário de gravações, havendo períodos em que ficavam dias sem ir ou permaneciam apenas poucas horas em sala.
Festas
As denúncias mais graves envolvem festas na mansão de Hytalo, localizada em Bayeux, na Região Metropolitana de João Pessoa. Um ex-funcionário descreveu o ambiente como impróprio para adolescentes: “É muito álcool, algumas drogas ilícitas e as meninas vestidas com aqueles shortinhos minúsculos, rebolando ao som de músicas podres, se beijando na frente de todos e sendo incentivadas a namorar”.
Segundo o MPPB, menores faziam topless e participavam de festas com bebidas alcoólicas no condomínio. A promotora Ana Maria França afirmou que as investigações começaram após denúncias de vizinhos: “Até tarde da noite havia muitos eventos atrapalhando o sono dos condôminos, transitar dentro do condomínio com adolescentes fazendo topless na moto para exibir tatuagem nas costas, festas regadas com bebidas alcoólicas. Então, foi a partir daí que começou nossa apuração”.
Bloqueio nas contas
Nesta terça-feira (12), a Justiça acatou pedido do Ministério Público e determinou o bloqueio das contas de Hytalo nas redes sociais, a proibição de contato com os adolescentes citados nas investigações e a desmonetização dos conteúdos publicados por ele. A decisão também inclui a manutenção da suspensão de seu perfil no Instagram, que saiu do ar na sexta-feira (8) após a denúncia de Felca.
Segundo o MP, Hytalo foi ouvido em Bayeux no dia 30 de maio de 2025 e negou as acusações. As vítimas não foram ouvidas novamente para evitar “revitimização”, que se refere à situação em que a vítima tem de reviver a lembrança da violência durante o processo judicial ou administrativo.
Benefícios recebidos pelos pais
O promotor João Arlindo Côrrea informou que há indícios de que familiares dos adolescentes receberam benefícios em troca de emancipação para que os menores participassem dos vídeos: “O que ele fazia não necessariamente era em relação à criança. ‘Olha, o senhor emancipa o adolescente que eu vou custear o colégio da pessoa, etc’, não. Mas, por exemplo, há informes de que ele dava iPhones, alugava casa (para os familiares)…”.
Ainda segundo o promotor, cerca de 17 adolescentes emancipados participavam dos conteúdos. Os pais e responsáveis também são investigados por possível omissão na proteção dos filhos, o que, se confirmado, pode configurar responsabilidade pela exposição indevida e danos causados.
Confira a seguir: Hytalo Santos oferecia celulares e pagava aluguel de familiares de menores, aponta MP.
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