O refrigerante Guaraná Dolly, produzido pela empresa brasileira Dolly, foi lançado em 1987, com o objetivo de oferecer uma opção acessível e saborosa no mercado. A Dolly, fundada por Laerte Codonho, também se destacou por ser pioneira na produção de refrigerantes dietéticos no Brasil, lançando o Guaraná Diet em 1988. A marca ganhou notoriedade nacional na década de 1990, com campanhas publicitárias marcantes e o uso do personagem Dollynho, que se tornou um ícone popular. No entanto, há alguns anos, algumas pessoas se perguntam: o que aconteceu com o Guaraná Dolly?
Laerte Codonho, fundador do Dolly – Foto: Reprodução
O Guaraná Dolly ainda existe e está em atividade, mas passou por diversos problemas nos últimos anos, incluindo questões judiciais e financeiras. O dono da empresa, Laerte Codonho, foi condenado por crimes ambientais e corrupção ativa, o que afetou a imagem da marca. Além disso, a Dolly enfrentou um processo de recuperação judicial devido a dívidas, mas conseguiu reverter essa situação.
De acordo com as autoridades, no final de 2010, a engarrafadora estaria devendo cerca de R$ 4 bilhões para o estado e mais R$ 4 bilhões para a União. Em 2018, o empresário foi preso e teve as contas congeladas. Nesse período, a Dolly Guaraná não tinha como pagar o salário dos funcionários nem os seus fornecedores. Codonho, então, teve que fechar unidades da empresa e mandar mais de 700 pessoas embora.
Caso Coca-Cola vs. Dolly
O Caso Coca-Cola vs. Dolly envolve processos judiciais movidos pela Coca-Cola e também pela Dolly no Brasil. Ambas alegam terem sido vítimas de campanhas difamatórias no ano de 2003. O proprietário da Dolly, afirmou que a Coca-Cola usou práticas de concorrência desleal e acusou-a de sonegação de impostos e de usar folhas de coca em seu produto principal, além de outras acusações.
Laerte Codonho – Foto: Reprodução
A Dolly chegou mesmo a publicar uma matéria paga de meia página na edição norte-americana do The Wall Street Journal em dezembro de 2003, contendo uma carta aberta endereçada ao presidente mundial da Coca-Cola, Douglas Daft, pedindo que as denúncias fossem investigadas e que fossem tomadas providências.
Acusações
A Dolly acusou a Coca-Cola de praticar dumping – uma empresa vender produtos ou serviços em um mercado estrangeiro por um preço inferior ao seu valor justo de mercado – com seu guaraná Simba, de fazer pressão a fornecedores para que eles não negociassem com a Dolly, de sonegação fiscal e de divulgar um e-mail falso sobre alegados danos à saúde provocados pelos refrigerantes Dolly.
As acusações se baseavam essencialmente em declarações do ex-diretor da Spal-Panamco, Luiz Eduardo Capistrano Amaral, que teve gravadas uma série de conversas com Laerte Codonho sem seu conhecimento. Nos vídeos, Capistrano admite que “a missão era tirar você (Dolly) do mercado”, e quando questionado sobre se o e-mail afirmando que a Dolly causava câncer foi usado pela área de vendas da Coca-Cola, este responde “Poxa, caramba, isso é mais ou menos óbvio”.
Laerte Codonho afirmou ainda que durante a conversa Capistrano lhe terá dito “É melhor vender (a Dolly) agora, enquanto ainda vale alguma coisa”. Os vídeos foram amplamente divulgados no Programa 100% Brasil, exibido em 2003 pela emissora RedeTV!.
Para além de ter entrado com um pedido de investigação contra a Coca-Cola na Secretaria de Direito Econômico (SDE) e com uma ação judicial de reparação de danos contra a Coca-Cola e a Spal-Panamco, a Dolly procurou ainda levar o assunto à Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados do Brasil, o que mereceu uma forte reação por parte dos representantes da Coca-Cola, que acusaram Laerte Codonho de chantagem e de querer desviar a ótica para o campo político.
Ações judiciais
A Coca-Cola entrou igualmente com duas ações judiciais de reparação de danos por difamação contra a Ragi Referigerantes e a Dettal Participações, empresas vinculadas à marca Dolly, bem como contra Laerte Codonho e a Rede TV!.
Para além disso, a Coca-Cola rebateu publicamente todas as alegações da Dolly. Segundo Rodrigo Caracas, diretor jurídico da Coca-Cola, uma marca de guaraná produzida pela multinacional, o Kuat, foi igualmente vítima do mesmo e-mail falso, que reafirmou não ser da autoria da Coca-Cola. Caracas esclareceu ainda que dos três fornecedores citados pela Dolly apenas a Dulcini fornece produtos à Coca-Cola, mas que não existe exclusividade e que este não foi pressionado a nada, citando o depoimento prestado por este à SDE.
Sobre a acusação de dumping, Caracas afirmou que a mesma era infundada dado que, segundo a AC Nielsen, entre 1997 e 2003 os preços da marca Simba estiveram acima dos da Dolly. A Coca-Cola entregou ainda à comunicação social cópia de parte do processo da SDE, onde é dito que três dos cinco vídeos apresentados pela Dolly continham cortes e que por isso não podiam ser usados como prova.
Em depoimento à polícia, Capistrano negou ter cometido qualquer delito e afirmou ter sido atraído por Codonho com uma oferta de emprego – e que este o pretendia usar para ameaçar a Coca-Cola, com o objetivo de receber 100 milhões de dólares para evitar um escândalo. Seu advogado pôs igualmente em dúvida as gravações, alegando que as mesmas poderiam ter sido editadas.
Acusações de sonegação fiscal
Em abril de 2004, a Coca-Cola admitiu ter detetado, após a denuncia de Laerte Codonho, a existência de um esquema na distribuição de seus produtos pela Spal-Panamco (atualmente Femsa) que resultava na sonegação de ICMS. Segundo a multinacional, os produtos saíam da fábrica em São Paulo como destinados ao Mato Grosso do Sul, onde o ICMS é menor, mas na verdade eram vendidos em São Paulo, o que resultava na sonegação de parte do valor do imposto.
Laerte Codonho em propaganda do refrigerante Dolly – Foto: Reprodução
Dono do refrigerante Dolly foi condenado a prisão por corrupção e crime ambiental
Em março de 2025, o empresário Laerte Codonho, dono da fábrica de refrigerantes Dolly, foi condenado por crimes ambientais e corrupção em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. Laerte recebeu uma pena total de 11 anos, 4 meses e 1 dia de reclusão, além de 4 anos, 10 meses e 4 dias de detenção.
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Laerte Codonho preso em 2018 — Foto: Nelson Antoine/Estadão Conteúdo
A pena de reclusão pode ser cumprida nos regimes fechado, semiaberto ou aberto, dependendo da gravidade do crime. Já a de detenção, destina-se a condenações mais leves e deve ser cumprida no regime semiaberto ou aberto (não admite o fechado). No caso de Laerte, a sentença definiu que ele inicie o cumprimento da pena de reclusão em regime fechado e a de detenção, no semiaberto.
Além da prisão, o empresário foi condenado ao pagamento de uma multa que chega a aproximadamente R$ 570 mil. A defesa alegou falhas no processo e afirmou que irá recorrer da decisão. Em 2016, o empresário realizou um desmatamento ilegal em uma área preservada em São Lourenço da Serra.
Para o Ministério Público, a ação causou inundações e prejuízos aos moradores. Para evitar punições, Laerte Codonho tentou corromper servidores públicos para liberar o empreendimento na região. A polícia, então, prendeu Laerte em sua casa na Granja Viana, em Cotia, na Grande São Paulo, em 10 de maio de 2018.
Confira a seguir: Estátua da Liberdade Havan: saiba quanto custa e por que o monumento virou ‘símbolo’ da empresa.
Você se surpreendeu com o que aconteceu com Guaraná Dolly?