César Tralli substituirá William Bonner no Jornal Nacional e formará dupla com Renata Vasconcellos na bancada do informativo. De tempos em tempos, internautas ressuscitam uma matéria dos anos 90 feita por Tralli na época que ele ainda era repórter do Jornal da Globo.

César Tralli e Shahar Boyayan em reportagem de 1994 - Foto: Reprodução

César Tralli e Shahar Boyayan em reportagem de 1994 – Foto: Reprodução

Reportagem polêmica

A reportagem mostra o jornalista Cesar Tralli, um dos principais nomes da emissora, em um shopping falando sobre uma mulher que criou uma empresa de agenciamento de carreiras voltada para “gente feia”. A jornalista Lillian Witte Fibe, que apresentava o telejornal, chama a matéria: “Dá pra imaginar gente comum, gordinha, careca, míope, ganhando um bom dinheiro pra fazer comercial de TV? Pois é, isso acontece cada vez mais”. Depois Tralli aparece na praça de alimentação de um shopping. “Ninguém aqui tem rosto para capa de revista ou comercial de televisão. Será mesmo?”.

O jornalista para uma moça que passava pelo local e pergunta: “Está vendo aquela gordinha ali? Acha que ela tem condições de fazer comercial de TV?”, diz ele, enquanto apontava para uma mulher sentada em uma mesa próxima. “Está louco, essa gorda aí fazendo um comercial de TV?”.

Então o vídeo corta para Tralli novamente. “Quem achar isso, caiu do cavalo. A baixinha, loirinha, gordinha, 80 quilos e com cara de bolacha, descobriu na própria feiura a fonte de renda. Ela não só fez propaganda de TV, como abriu uma agência que só contrata gente feia”.

Veja também: cupom de desconto exclusivo do site na Shopee aqui

Na sequência ele entrevista a empresária e atriz Shahar Boyayan, que fala sobre o negócio. “O mercado gosta muito do tipo porque o tipo marca muito, é muito simpático, tem muito alto astral”, declarou Sharar Boyayan, atriz que na época abriu a agência para ajudar na contratação de pessoas com o biotipo que era considerado fora dos padrões.

Assista o momento:

O que Shahar Boyayan achou da matéria?

Em entrevista ao F5, a empresária “cara de bolacha” não se mostrou ofendida. “Na verdade, aquela matéria me ajudou muito como empresária”, disse Shahar, que hoje mora nos Estados Unidos e comanda outra empresa. “Foram vários anos. Para você ter uma ideia, essa foi a primeira matéria que saiu sobre a agência. Depois disso, eu tinha fila na rua de pessoas que se achavam feias, mas queriam fazer comerciais de TV”, contou.

Shahar Boyayan - Foto: Reprodução

Shahar Boyayan – Foto: Reprodução

Shahar diz que os diversos trabalhos conseguiram provar a sua teoria e tiveram bons resultados para várias pessoas: “Eram pessoas que, normalmente, se sentiam menos, né? Ah, eu sou gordinha, eu sou baixinha, eu sou… E, na verdade, eles viram que não. Na verdade, eles tinham um superpoder. Eles podiam usar o corpo deles para vender alguma ideia de um produto”.

Ela também diz não ter raiva de Tralli, ao contrário de muitos internautas nas redes sociais nos dias de hoje: “Ele foi uma excelente pessoa. Não me incomoda”, diz. Os tempos mudaram, e Shahar sabe isso. “Eu acho que se acontecesse hoje, eu ia ficar me achando extremamente desrespeitada”.

Defendeu a reportagem

Segundo Shahar, hoje, apelidos com as características do corpo são considerados preconceito, o que não era uma realidade 30 anos atrás. “E acho que [o assunto] volta toda hora justamente porque as pessoas mudaram como elas veem o outro, né? Naquele momento, tem 30 anos, todos nós éramos diferentes, e isso não foi um problema”, opinou.

Ela diz que não há motivos para raiva de Cesar Tralli e defendeu o modo como a reportagem foi feita. “Na verdade, a gente precisa ainda manter o nosso humor um pouquinho. Eu não teria tido sucesso com a agência se a gente não brincasse com o humor o tempo inteiro. Isso é importante. Se a gente perder isso, eu não sei como vai ficar a sociedade”.

Confira a seguir: [VÍDEO] William Bonner deixa o Jornal Nacional; entenda o motivo.

O que você achou dessa reportagem?