A Justiça do Trabalho condenou a rede Raia Drogasil ao pagamento de R$ 56 mil em indenização por danos morais à ex-funcionária Noemi Ferrari, vítima de racismo em seu primeiro dia de trabalho em uma unidade da rede, em São Caetano do Sul (SP). O caso, ocorrido em 2018, ganhou repercussão nas redes sociais após a trabalhadora compartilhar um vídeo relatando a experiência.

Reprodução/Instagram
O episódio de racismo
No vídeo publicado na web, é possível ouvir uma colega de trabalho apresentando Noemi como a nova colaboradora da loja. Em seguida, ela faz comentários racistas diante da câmera: “[Você] tá escurecendo a nossa loja? Tá escurecendo. Acabou a cota, tá, gente? Negrinho não entra mais”. A gravação rapidamente viralizou, gerando revolta e ampla repercussão na internet.
MEU DEUS! Mulher sofre racismo no primeiro dia de trabalho em farmácia, praticado por funcionária. pic.twitter.com/DH1h5I4iDn
— poponze (@poponze) September 11, 2025
Decisão judicial e valor da indenização
Após tramitação do processo na Justiça do Trabalho, a rede Raia Drogasil foi condenada ao pagamento de R$ 56 mil por danos morais a Noemi, valor recebido pela ex-funcionária em março deste ano. Com a quantia, Noemi adquiriu um novo imóvel.
Veja como ela está hoje:
🚨VEJA: Após vencer processo por racismo contra Drogasil, Noemi Ferrari usa indenização de R$ 56 mil para adquirir imóvel. pic.twitter.com/wSgPqak5Z0
— CHOQUEI (@choquei) September 12, 2025
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Noemi Ferrari venceu processo trabalhista contra rede de farmácias — Foto: Reprodução
Reação de Noemi e trajetória após o episódio
Ao g1, Noemi contou que, no momento das ofensas, ficou sem reação: “Meu pai adotivo tinha morrido, eu precisava trabalhar, não tinha para onde correr. Fingi que nada aconteceu. Depois, fui para o banheiro chorar. Olhei para cima e falei para Deus: ‘Eu preciso trabalhar, essa vai ser minha realidade daqui para frente'”.
Ela relatou que permaneceu na empresa por acreditar que poderia fazer a diferença no ambiente, chegando a ser promovida a supervisora em 2020. No entanto, em 2022, afirmou ter sofrido novas agressões, inclusive de um superior: “Eu falei para a gerente: ‘Ou você me recoloca em outra loja ou me manda embora’. Ela me mandou embora em fevereiro”.
Segundo Noemi, a demissão acabou sendo o impulso para buscar seus direitos: “Eu não queria processar, queria esquecer essa etapa da minha vida, foi uma fase muito ruim. Mas aí recebi uma indireta de uma funcionária, como se eu tivesse jogado tudo para o alto a troco de nada. Esse foi o empurrãozinho”.
Hoje, a ex-funcionária afirma estar reconstruindo a vida com o apoio da família, amigos e profissionais: “Hoje eu estou bem, graças a Deus. Ir para a igreja, ter uma rede de apoio, estar com pessoas que eu amo, isso tem me feito bem. Minha psicóloga e meus advogados estão me apoiando bastante”.
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Posição da empresa
Em nota publicada nas redes sociais, a Drogasil lamentou profundamente o episódio e reforçou que “não compactua com nenhum tipo de discriminação”. A empresa afirmou ainda que diversidade e respeito são valores primordiais e que mantém investimentos em iniciativas de equidade racial e desenvolvimento profissional de colaboradores.
“Nosso propósito é continuar investindo em ações concretas para garantir ambientes de trabalho diversos, inclusivos e seguros, e contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária”, finalizou o comunicado.
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