O rapper e empresário Sean Diddy Combs foi sentenciado nesta sexta-feira (03) a 50 meses de prisão, o equivalente a pouco mais de quatro anos, após ser considerado culpado em um processo federal relacionado a duas infrações da chamada Lei Mann, legislação que proíbe o transporte interestadual de pessoas para fins ilícitos. Além da pena, o juiz determinou o pagamento de US$ 500 mil (cerca de R$ 2,6 milhões), valor máximo previsto pela lei.

Foto: Mark Von Holden/Invision/AP

A decisão do tribunal

A sentença foi proferida pelo juiz federal Arun Subramanian, em Nova York. Diddy foi condenado por duas das cinco acusações que enfrentava. Outras, de natureza mais grave, resultaram em absolvição.

Durante o anúncio, o magistrado afirmou que a prisão representará um “período difícil” para o artista, destacando o apoio que ele ainda recebe de familiares e admiradores: “Essas cartas, todas aquelas cartas que vi, mostram que você tem um universo de pessoas que te amam. Deixe que elas te elevem agora, assim como você as elevou por tantos anos”, disse o juiz.

Subramanian também dirigiu palavras às vítimas que testemunharam: “Para a Sra. Ventura, Jane e as outras vítimas que se apresentaram aqui, só posso dizer: suas famílias estão orgulhosas de vocês. Quando tiverem idade suficiente, seus filhos estarão orgulhosos de vocês, e eu estou orgulhoso de vocês por contarem ao mundo o que realmente aconteceu”.

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Ilustração mostra Sean 'Diddy' Combs em tribunal durante julgamento — Foto: Reprodução/Reuters

Ilustração mostra Sean ‘Diddy’ Combs em tribunal durante julgamento — Foto: Reprodução/Reuters

O posicionamento da acusação

Durante a audiência, a promotora Christy Slavik enfatizou que o caso tratava de responsabilidade e reparação: “Hoje é sobre responsabilidade e justiça. Responsabilidade do réu, que cometeu graves crimes federais repetidamente ao longo de 15 anos. E justiça para o público, incluindo para as vítimas cujas vidas foram destruídas pelos atos de abuso e exploração do réu”.

Ela também ressaltou que o processo não se resume a relatos de relações pessoais, mas a danos reais e duradouros causados por comportamentos abusivos.

O discurso do juiz ao final da audiência

Ao concluir a sessão, Subramanian defendeu a necessidade de uma pena rigorosa, ressaltando que “é essencial deixar claro que o abuso contra mulheres é um crime punido com responsabilidade”.

Ele reconheceu a influência cultural e social de Diddy, destacando sua trajetória de superação pessoal: “Isso é especialmente impressionante, dada a morte violenta e precoce do seu pai e o trauma que isso deve ter deixado. Não há dúvidas de que você é dedicado à sua família”.

Entretanto, o juiz rejeitou a tentativa da defesa de minimizar os fatos: “Boas ações não apagam o poder e o controle que você tinha sobre as mulheres que dizia amar profundamente. Você abusou delas física, emocional e psicologicamente, e usou isso para conseguir o que queria”.

O que disse Diddy?

Reprodução/Getty Images

Em sua fala ao tribunal, Diddy afirmou estar arrependido e refletiu sobre os erros do passado: “As pessoas podem mudar, eu sei que mudei. Às vezes, não importa quem você era antes, você fica tão abalado que isso muda sua trajetória, te transforma e para melhor. Não são desculpas. Não posso mudar o passado, mas posso mudar o futuro”.

Agradecendo ao magistrado e ao júri, o rapper disse: “Vossa Excelência me deu a confiança para acreditar no júri e acreditar que eu não precisava testemunhar. O júri veio e sacrificou seu tempo no verão. Eles sacrificaram tempo com seus filhos, e eu os agradeço pelos veredictos de inocência”.

Argumentos da defesa

Os advogados de Diddy defenderam que o artista não obteve ganhos financeiros com os episódios descritos no processo e que a pena deveria considerar sua trajetória pessoal e os traumas vividos na infância: “Sean Combs não ganhou um único centavo com sua conduta relacionada à Lei Mann”, afirmou o advogado Jason Driscoll, destacando que a acusação não envolvia lucro ou exploração direta.

Outro advogado da equipe, Brian Steel, mencionou o assassinato do pai do músico e outras perdas familiares, pedindo uma sentença mais branda e voltada à reabilitação: “Alguns anos depois, o tio dele, irmão da mãe, morreu por overdose, uma dependência de drogas que mais tarde também o assombrou. Pedimos que o tribunal considere esses traumas não tratados”.

A advogada Nicole Westmoreland reforçou o arrependimento do artista: “O Sr. Combs não é maior que a vida, ele é apenas um ser humano, apenas um homem, e cometeu erros. Ele tem falhas, como todos nós temos. Posso afirmar que ele está arrependido, porque passei praticamente todos os dias conversando com ele”.

Outro defensor, Marc Agnifilo, destacou que o artista já havia sofrido punição pública: “Ele já foi julgado pela sociedade e teve sua imagem destruída. Isso, por si só, é uma forma de punição significativa”.

Apoio dos filhos e familiares

A audiência contou com a presença de seis dos sete filhos de Combs, além de sua mãe. Todos prestaram declarações em apoio ao pai.

Quincy Brown, o mais velho, afirmou que o pai é um “homem transformado”, enquanto Justin Combs o descreveu como “super-herói”: “Meu pai é meu super-herói. Ver ele destruído e destituído de tudo é algo que nunca vou esquecer”, disse Justin. “Acredito que ele ainda tem muito a oferecer ao mundo e, mais importante, aos seus filhos”.

Chance Combs declarou que o pai está “mais paciente, mais reflexivo e mais aberto sobre seus erros”, enquanto Jessie Combs, emocionada, lembrou do apoio paterno após a morte da mãe, Kim Porter, em 2018: “Sabemos que ele não é perfeito e que cometeu muitos erros, e não estamos aqui para justificar nenhum deles. Mas ele ainda é nosso pai, e ainda precisamos que ele esteja presente em nossas vidas”.

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As acusações e os vereditos

Durante o julgamento, o júri avaliou cinco acusações. Diddy foi condenado em duas, ambas por transporte com fins ilícitos, e absolvido das demais, que envolviam acusações mais severas. As condenações, somadas, poderiam resultar em até 20 anos de prisão, mas o juiz optou por uma pena de 50 meses, levando em conta o histórico pessoal, a influência social do artista e a colaboração no processo.

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