O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), gerou polêmica ao fazer uma brincadeira durante uma coletiva de imprensa, realizada na segunda-feira (06), sobre os casos de intoxicação por metanol registrados no estado. “Nós ouvimos uma vontade enorme de colaborar. Quem estava aqui eram os fabricantes, os maiores players do Brasil, que produzem as principais bebidas alvo de falsificação — Jack Daniel’s, Johnnie Walker, enfim, todas essas bebidas que sofrem com adulterações. [Mas] não vou me aventurar nessa área, que não é minha praia”, iniciou Tarcísio.

Em seguida, o governador fez a declaração que repercutiu negativamente: “No dia em que começarem a falsificar Coca-Cola, eu vou me preocupar… Ainda bem que ainda não chegaram nesse ponto. Coca-Cola, até aqui, não. E a minha é normal, com açúcar na fórmula.”

A fala aconteceu após uma reunião com representantes da indústria de bebidas, que, segundo o governador, têm se mostrado dispostos a colaborar com as investigações sobre a venda de produtos adulterados com metanol. Tarcísio destacou que o problema afeta diretamente o setor produtivo e a confiança do consumidor: “As empresas sofrem muito com isso, porque há uma crise de confiança. As pessoas estão com medo. Precisamos restabelecer essa confiança com ações integradas entre o Estado e a iniciativa privada.”

Pedido de desculpas

Após a repercussão negativa da brincadeira, Tarcísio de Freitas divulgou um vídeo nas redes sociais, nesta terça-feira (07), pedindo desculpas às famílias das vítimas e aos comerciantes afetados pela crise. Na gravação, o governador explica que sua intenção era apenas descontrair a coletiva, mas reconhece que o comentário foi inadequado diante da gravidade do tema: “Acabei fazendo uma brincadeira para descontrair a coletiva, que foi muito mal-interpretada e que, de fato, não cabia naquele momento, em face da gravidade do que vem ocorrendo”, afirmou.

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Em seguida, ele pediu perdão às famílias das pessoas que morreram ou ficaram lesionadas pela ingestão de bebidas adulteradas, além de expressar solidariedade aos comerciantes que vêm enfrentando prejuízos: “Peço perdão às famílias das vítimas, aos comerciantes que estão sofrendo com a queda nas vendas e ao público em geral.”

Situação atual da crise de metanol em São Paulo

De acordo com o último boletim da Secretaria de Estado da Saúde (SES), divulgado na terça-feira (07), o estado de São Paulo registra três mortes confirmadas — uma a mais em relação ao levantamento anterior — e 18 casos confirmados de contaminação por metanol, número que representa três novas confirmações desde o último relatório. No total, 176 casos suspeitos estão sendo analisados. Destes, 158 ainda estão sob investigação, incluindo sete óbitos em análise. Segundo o governo estadual, 38 casos foram descartados após exames laboratoriais não detectarem a substância, e 35 novas ocorrências começaram a ser investigadas recentemente.

O governo de São Paulo afirma que está reforçando as operações de fiscalização, em parceria com a Polícia Civil, a Vigilância Sanitária e o Procon-SP, para identificar os pontos de venda e distribuição de bebidas adulteradas e impedir novos casos de intoxicação.

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