Após 45 dias internado, o motoboy Wesley Neves Pereira, de 31 anos, recebeu alta hospitalar nesta quarta-feira (08), depois de enfrentar uma grave intoxicação por metanol. Ainda bastante debilitado e com o corpo enfraquecido, ele voltou para casa muito diferente do homem saudável que costumava fazer entregas de moto diariamente. Wesley relembra que tudo começou em um sábado à noite, durante um baile funk, quando comprou uma garrafa de uísque aparentemente lacrada.

Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

“A garrafa estava fechada. Não cheguei a olhar se tinha lacre, a gente só bebeu mesmo”, contou. No dia seguinte, os sintomas começaram a aparecer — e eram bem mais intensos do que uma simples ressaca. “Senti uma dor muito forte na barriga. Falei pra minha mãe: ‘Está queimando por dentro, está pegando fogo’. Ela tentava me acalmar, mas a dor só piorava”, relembrou Wesley.

A intoxicação foi tão grave que afetou os pulmões e o sistema nervoso. Ele ficou entubado, passou por uma traqueostomia e chegou a sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) durante a internação. As sequelas foram severas: perda de visão, fraqueza muscular e dores constantes nas pernas. “Tenho muita dificuldade para me mover, e quase não enxergo mais. Preciso tomar remédio o tempo todo para dor”, relatou o motoboy.

Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

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Para a irmã, Sheily Pereira Neves, ver Wesley de volta para casa é um misto de alívio e sofrimento. “É muito difícil. A gente vê ele como era antes e como está agora… Ele saiu para se divertir e voltou desse jeito”, desabafou emocionada.

De acordo com os médicos, o tratamento de Wesley será longo e complexo, envolvendo fisioterapia, acompanhamento oftalmológico e uso contínuo de medicamentos. O oftalmologista Fábio Ejzenbaum, que acompanhou o caso, explicou que as sequelas causadas pelo metanol são, em muitos casos, irreversíveis. “É um tratamento prolongado, muitas vezes multidisciplinar. No caso da visão, o paciente precisa reaprender a viver de outra forma, já que a recuperação completa é rara”, explicou o especialista.

Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

Assim como Wesley, outras vítimas da crise do metanol enfrentam as mesmas dificuldades, tentando retomar a vida e lidar com as sequelas, enquanto aguardam respostas das autoridades sobre a origem da bebida adulterada. Mesmo com as limitações, Wesley demonstra preocupação com o futuro e o desejo de voltar a ajudar os pais. “Eu sempre ajudei meu pai e minha mãe. Queria poder continuar ajudando, mas não esperava ficar doente assim”, disse.

Sheily reforça o pedido por justiça. “A gente espera que encontrem os culpados e que isso não aconteça com mais ninguém. Só quem viveu essa situação sabe o quanto é doloroso estar do outro lado”, concluiu. Assista abaixo:

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