Parece um sonho: passar dez dias inteiros sem sair da cama e ainda receber mais de R$ 30 mil por isso. Mas o convite é real — e vem direto da Agência Espacial Europeia (ESA). O projeto, que mais parece uma excentricidade científica, busca entender como o corpo humano reage quando está livre da gravidade — ou, neste caso, imobilizado como se estivesse flutuando no espaço.

O estudo acontece em parceria com o Centro Nacional de Estudos Espaciais da França (CNES), dentro da clínica médica Medes Space Clinic, em Toulouse. Lá, voluntários de diferentes países são convidados a participar de uma experiência que simula a microgravidade enfrentada por astronautas durante missões espaciais.

ESA - Female volunteer in dry immersion study

Foto: Reprodução

A tarefa parece simples: ficar deitado o tempo todo durante 10 dias. Mas, na prática, o desafio é muito mais exigente do que parece. Os participantes não podem se levantar nem para comer, tomar banho ou ir ao banheiro — tudo precisa ser feito deitados, sob supervisão médica constante. O corpo deve permanecer imóvel, de forma controlada, para que os cientistas possam observar as transformações fisiológicas provocadas pela ausência de peso e movimento.

Durante o período de “repouso absoluto”, os pesquisadores monitoram alterações nos músculos, na circulação, nos ossos e até no funcionamento do cérebro. Isso porque, fora da Terra, os astronautas sofrem com a perda de massa muscular, enfraquecimento ósseo e deslocamento de fluidos corporais — efeitos que podem comprometer o retorno à gravidade terrestre.

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O curioso é que, embora o foco seja o futuro das missões espaciais, o experimento também tem aplicações práticas aqui na Terra. As descobertas podem ajudar a desenvolver tratamentos para pessoas acamadas por longos períodos, idosos com mobilidade reduzida e até pacientes em reabilitação.

ESA - Scientific immersion for Vivaldi bedrest study

Foto: Reprodução

O projeto mais recente, batizado de “Vivaldi III”, promete pagar cerca de €5.000 (R$ 31 mil) a cada voluntário que completar a missão. Além da compensação financeira, os participantes recebem alimentação balanceada, acompanhamento médico e fisiológico, e passam por uma bateria de testes antes e depois do experimento.

Não é a primeira vez que a ESA realiza estudos desse tipo. Em pesquisas anteriores, alguns voluntários chegaram a passar 60 dias deitados — e ganharam o equivalente a R$ 90 mil pela façanha. Embora pareça uma “férias pagas”, os próprios participantes dizem que a experiência é muito mais difícil do que imaginavam. “Depois de alguns dias, o corpo começa a sentir o peso do tédio e da falta de movimento”, relatou um ex-voluntário em entrevista à imprensa europeia.

Os cientistas chamam esses estudos de “camas espaciais”, e garantem que cada segundo de desconforto ajuda a preparar astronautas para o futuro — especialmente para missões longas, como as previstas para Marte.

No fim das contas, os “astronautas da cama” estão contribuindo para algo maior: entender os limites do corpo humano em ambientes extremos, sem sair da Terra. Um experimento que une ciência, resistência e curiosidade — e que prova que, às vezes, o caminho para o espaço começa… deitado.

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