Nas ruas e estações de metrô de São Paulo, um homem de 58 anos, Geraldo Vaz Júnior, chama atenção ao segurar um cartaz que resume sua busca por justiça. Em 2023, ele recebeu, durante um transplante de fígado, um órgão infectado com câncer, conforme exames de DNA realizados posteriormente em 2024. A esposa, Márcia Helena Vaz, relatou ao portal LeoDias que desde então têm buscado autoridades, incluindo vereadores, deputados e órgãos de saúde, sem sucesso. No cartaz, Geraldo pede intervenção do Ministério Público e esclarecimentos da Secretaria de Saúde sobre o ocorrido.

Reprodução/ Geraldo Vaz Junior
O caso teve início em 2010, quando Geraldo entrou na fila para transplante de fígado. Após anos de espera, em 2023 recebeu o órgão que, meses depois, revelou-se portador de adenocarcinoma metastático, possivelmente originado do trato gastrointestinal do doador, conforme laudo genético obtido pelo portal. Além do câncer, o transplante transmitiu ao paciente o citomegalovírus (CMV), doença que ele nunca havia contraído. O exame genético confirmou que o tumor não tinha origem nas próprias células de Geraldo, evidenciando que o câncer veio do órgão doado.

Reprodução/ Geraldo Vaz Junior
Diante disso, Geraldo recebeu em 2024 um retransplante com fígado saudável, mas ainda enfrenta tratamento contínuo para o câncer no pulmão. Em uma carta aberta, ele desabafou sobre o impacto físico e emocional da situação, destacando a dor, limitações e o desgaste da esposa, que precisou abandonar suas atividades para cuidar dele. A Secretaria de Saúde de SP e o Ministério da Saúde afirmaram que os protocolos de transplante seguem padrões internacionais e que não há evidências que relacionem o câncer ao órgão transplantado. Apesar disso, o caso levanta questionamentos sobre a fiscalização e análise dos órgãos doados no Brasil, onde mais de 30 mil transplantes foram realizados em 2024 pelo SUS, consolidando o país como um dos maiores sistemas públicos de transplantes do mundo.

Arquivo pessoal
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