Foi um experimento curto, direto e difícil de ignorar: a Dra. Farrell injetou toxina botulínica — o popular “Botox” — apenas no lado direito do próprio rosto. Duas semanas depois, gravou um vídeo que rapidamente viralizou: o lado injetado mal se mexia; o lado não tratado continuava plenamente expressivo. O contraste, chocante à primeira vista, é também uma aula prática sobre como o procedimento age — e sobre por que deve ser feito com conhecimento anatômico e cautela.

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O que exatamente ela fez
A médica aplicou a toxina nos músculos inferiores do lado direito, mirando em grupos responsáveis por movimentos que puxam a mandíbula e os cantos da boca para baixo — entre eles o platisma (músculo superficial do pescoço e linha da mandíbula) e o DAO (depressor anguli oris, que movimenta o canto da boca). Duas semanas depois, quando o efeito chegou ao ápice, a diferença ficou nítida: o lado direito apresentava mobilidade reduzida; o esquerdo, sem injeção, permanecia “normalmente” ativo.
Por que a diferença ficou tão visível
A toxina botulínica funciona bloqueando a liberação de acetilcolina na junção neuromuscular — ou seja, interrompe temporariamente o comando do nervo para o músculo. Músculos relaxados produzem menos rugas dinâmicas (aquelas que aparecem quando se sorri ou se contrai o rosto). Aplicada só de um lado, cria-se uma assimetria funcional: um lado relaxado, o outro contraindo como antes. É a mesma lógica que suaviza linhas quando o tratamento é bilateral — aqui, só que amplificada pela comparação direta.
O que a demonstração mostrou, além do choque visual
A gravação teve efeito pedagógico duplo. Primeiro: deixou claro que pequenas diferenças de aplicação ou de anatomia podem gerar resultados muito perceptíveis — inclusive, temporariamente, “estranhos”. Segundo: lembrou que músculos pouco conhecidos do público, como o platisma e o DAO, têm papel importante na expressão facial e na harmonia do rosto. Relaxá-los altera a linha da mandíbula, o sorriso e até a expressão de “cansaço”.
Riscos, expectativas e responsabilidades
O caso não é um adereço sensacionalista; é um alerta prático. Assimetria temporária, queda do canto da boca, dificuldade para expressar emoções ou efeitos transitórios na fala e mastigação são complicações descritas quando a toxina atinge músculos que não deveriam ser completamente paralisados. Na maioria dos casos esses efeitos se resolvem espontaneamente em semanas a meses, à medida que a ação da toxina vai desaparecendo; por isso a toxina é considerada reversível com o tempo. Ainda assim, o desconforto social e funcional durante esse período não é negligenciável.

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O que profissionais recomendam
Profissionais experientes sublinham três pontos: 1) avaliação anatômica individual — rosto de cada pessoa é diferente; 2) dosagem e técnica precisas — menos é, muitas vezes, mais; 3) comunicação clara sobre riscos e expectativas. Demonstrar o efeito in vivo, como fez a Dra. Farrell, é útil para conscientizar pacientes sobre possibilidades reais — tanto das melhorias quanto das eventuais complicações.
Conclusão: lição prática em poucos segundos
O vídeo da Dra. Farrell não foi só um truque de internet; foi um lembrete visual poderoso: o Botox é uma ferramenta eficaz, porém intrinsecamente ligada à função dos músculos faciais. Relacionar estética e anatomia não é luxo — é necessidade. A diferença drástica entre um lado e outro do rosto, filmada para mostrar o efeito, funciona como aviso: ao pensar em toxina botulínica, a escolha do profissional qualificado e da técnica correta não é detalhe estético — é garantia de que o rosto continuará a comunicar, com naturalidade, aquilo que se deseja.