Em uma manhã quente de 2014, moradores de Quioto, no Japão, viveram uma cena que mais parecia saída de um documentário da natureza. Às margens do rio Kamogawa, algo enorme e disforme se movia lentamente pela água rasa. Assustados, muitos pensaram se tratar de uma criatura desconhecida — um “monstro” aquático. A polícia foi chamada e, pouco depois, especialistas em conservação chegaram ao local para investigar.

Foto: Reprodução
O que encontraram não era uma lenda, mas um tesouro biológico: uma salamandra-gigante-japonesa (Andrias japonicus), uma das maiores espécies de anfíbio do planeta. O animal, com cerca de 1,5 metro de comprimento, chamou atenção pelo tamanho e pela aparência exótica — pele enrugada, corpo robusto e olhos pequenos quase invisíveis.

Foto: Reprodução
A salamandra-gigante é uma espécie protegida e símbolo da vida selvagem japonesa. Ela vive apenas em rios de água fria e limpa, escondendo-se sob rochas e troncos durante o dia. Por isso, vê-la tão exposta e em plena área urbana foi um acontecimento raríssimo. Especialistas afirmaram que a presença do animal indica que o Kamogawa ainda mantém trechos com boa qualidade de água, mesmo cortando uma das cidades mais populosas e turísticas do país.
O episódio rapidamente virou notícia nacional. Enquanto cientistas explicavam a importância ecológica da espécie, curiosos se aglomeravam nas margens do rio para registrar o momento. Para muitos japoneses, a salamandra-gigante é um símbolo ancestral, associada à resistência da natureza frente à urbanização. Ela pode viver até 80 anos e quase não mudou desde a era dos dinossauros. Por isso, é considerada um “fóssil vivo” — um elo direto com o passado.

Foto: Reprodução
Não se sabe exatamente como aquele exemplar chegou até ali. Alguns especialistas acreditam que a correnteza o tenha deslocado de uma área mais remota, enquanto outros sugerem que o animal simplesmente seguiu o curso do rio em busca de alimento. Após algumas horas de observação, ele desapareceu nas águas, retornando ao seu habitat natural.
O caso deixou uma marca duradoura em Quioto. As imagens circularam pelo mundo e reacenderam o interesse na preservação dessa espécie única, ameaçada pela poluição e pela perda de habitat. A aparição inesperada serviu como lembrete de que a natureza, mesmo silenciosa, ainda encontra caminhos para se fazer notar.