Imagine viver em um lugar onde tudo o que você precisa — supermercado, academia, salão de beleza, cafés, escolas, áreas de lazer e até escritórios — fica a poucos minutos de elevador. Nada de trânsito, filas ou chuva: apenas a conveniência de resolver a vida inteira sem sair do prédio. Esse é o conceito do Regent International, um megaedifício localizado em Hangzhou, na China, que abriga uma verdadeira minicidade vertical com espaço para até 20 mil moradores.
De fora, o Regent International já impressiona. São dezenas de andares e uma estrutura tão grande que poderia facilmente ser comparada a um pequeno bairro empilhado. Dentro, o cenário é de completa autossuficiência: cafés, supermercados, academias, áreas de lazer, escritórios compartilhados e até clínicas médicas. Os moradores costumam brincar dizendo que, se quisessem, poderiam passar meses sem colocar os pés na rua — e muitos realmente fazem isso.

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A maioria dos moradores é composta por jovens estudantes e profissionais que priorizam praticidade e economia. Os apartamentos menores, voltados para quem busca preços acessíveis, podem custar o equivalente a R$ 1.000 por mês — e alguns deles nem sequer têm janelas, o que causa curiosidade e certo desconforto em visitantes. Já as unidades com varanda e luz natural, voltadas para quem quer um pouco mais de conforto, chegam a cerca de R$ 2.500 mensais. Mesmo assim, ainda são mais baratas do que aluguéis em grandes capitais ao redor do mundo.
A ideia de ter tudo à mão soa perfeita, mas também levanta questionamentos. Será que viver dentro de um prédio que oferece tudo não nos distancia do mundo real? Alguns moradores relatam que o conforto extremo pode, aos poucos, transformar-se em isolamento. Há quem sinta falta de ver o sol, de caminhar na rua ou simplesmente de esbarrar em desconhecidos.
Urbanistas e psicólogos têm debatido o impacto desse novo estilo de vida: ele é eficiente e prático, mas também pode reforçar a sensação de enclausuramento — especialmente para quem passa longos períodos sem sair. Afinal, o que é liberdade quando tudo está ao alcance de um botão?
Por outro lado, o modelo do Regent International representa o futuro que muitas megacidades começam a considerar inevitável: moradias integradas, densas e totalmente conectadas. Em um país com mais de 1,4 bilhão de habitantes, soluções como essa reduzem deslocamentos, otimizam o uso do solo e oferecem uma vida mais prática — ainda que o preço seja abrir mão do contato cotidiano com a rua.
Se o Regent International é um experimento urbano ou um vislumbre do que está por vir, o tempo dirá. Mas uma coisa é certa: viver em um prédio que funciona como uma cidade inteira é mais do que uma questão de arquitetura — é um reflexo de uma nova forma de encarar o mundo moderno, em que tempo, conforto e isolamento convivem no mesmo endereço.