O médico Gabor Maté, referência em saúde mental e estresse, chama atenção para uma verdade incômoda: o corpo fala quando não conseguimos fazê-lo. Ao afirmar que “o corpo nunca mente”, ele nos lembra que sintomas físicos e emocionais podem ser respostas diretas a limites ignorados e sentimentos reprimidos. Quando deixamos de expressar o que realmente sentimos, o corpo assume a tarefa de dizer o “não” que a boca não consegue pronunciar.
Essa ideia dialoga com a psicanálise, que vê no sintoma uma forma de expressão do inconsciente. Dor, exaustão e adoecimento não são apenas falhas biológicas, mas mensagens sobre algo que precisa ser ouvido. Maté destaca que a pressão por produtividade, o medo de decepcionar e a desconexão emocional criam um terreno fértil para o surgimento de doenças psicossomáticas, ansiedade e esgotamento. Em uma cultura que normaliza o excesso, o corpo se torna o primeiro a protestar.

Fonte: Clínica Hepatogastro
Escutar o próprio corpo é um ato de coragem. Reconhecer o que dói, colocar em palavras o que sufoca e respeitar os próprios limites são passos fundamentais para interromper o ciclo do adoecimento. A cura, segundo Maté, não está apenas na ausência de sintomas, mas na reconciliação entre o que o corpo sente e o que a mente tenta esconder. Quando o diálogo entre ambos é restabelecido, o corpo finalmente pode descansar — e a mente, respirar.