Acima das nuvens, longe de qualquer radar civil, existe uma aeronave que carrega um dos segredos mais sombrios da humanidade. Seu nome oficial é E-4B Nightwatch, mas nas Forças Armadas dos Estados Unidos ela é conhecida por outro apelido — o avião do Juízo Final. Criado para um único propósito: garantir que o governo americano continue funcionando mesmo após um ataque nuclear, o E-4B é, literalmente, o último refúgio de poder em caso de colapso global.

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Por trás de sua aparência de um Boeing 747-200 modificado, o E-4B é um bunker voador. Ele mede 70 metros de comprimento, tem 19 de altura e pesa mais de 360 toneladas — o equivalente a 80 elefantes. Mas o que realmente o diferencia não está nas asas, e sim no interior: uma fortaleza tecnológica desenhada para operar mesmo quando o resto do planeta estiver em ruínas.

Dentro dele há salas de comando, cabines de comunicações, centros estratégicos, filtros de ar contra radiação nuclear e uma rede de comunicações que pode manter contato com submarinos, tropas terrestres e até com satélites militares — tudo ao mesmo tempo. E se faltar combustível? Não há problema. O avião pode ser reabastecido em pleno voo, permanecendo dias ou até semanas no ar.

Existem apenas quatro unidades dessa aeronave, todas baseadas na Offutt Air Force Base, em Nebraska. Por protocolo, uma delas está sempre pronta para decolagem imediata, 24 horas por dia. Isso porque, em caso de uma ameaça nuclear, ataque cibernético de larga escala ou destruição dos centros de comando em terra, o E-4B assume o controle das operações militares dos Estados Unidos. A bordo, o Presidente, o Secretário de Defesa e o Estado-Maior Conjunto podem comandar forças estratégicas, emitir ordens de guerra e manter o país funcionando — tudo a quilômetros do chão.

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An overview of the NAOC and E-4B Nightwatch > 8th Air Force/J-GSOC > Article Display

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Por essa razão, quando civis avistam um desses gigantes cruzando o céu em silêncio, o comentário é sempre o mesmo: “Se esse avião está voando, algo muito grave pode estar acontecendo.”

O interior do E-4B é totalmente blindado contra pulsos eletromagnéticos (PEM) — descargas que poderiam destruir sistemas eletrônicos após uma explosão nuclear. Seus componentes elétricos são protegidos por camadas de isolamento, e até o sistema de ventilação foi projetado para filtrar partículas radioativas. Enquanto aviões comerciais são movidos por conforto e eficiência, o Nightwatch foi construído para sobreviver ao apocalipse.

Seu custo também reflete essa missão extrema: cerca de 223 milhões de dólares por unidade, o que equivale a mais de 1,3 bilhão de reais. E mesmo assim, seu valor real está longe de ser medido em cifras — ele é, em última instância, o plano de continuidade do poder americano.

O E-4B nasceu nos anos 1970, em plena Guerra Fria, quando o medo de um ataque nuclear entre EUA e URSS era constante. Na época, ele simbolizava o “seguro de vida” do governo americano. Décadas depois, continua voando — agora sob ameaças diferentes: ataques cibernéticos, armas nucleares táticas e tensões geopolíticas com potências como Rússia e Coreia do Norte.

Em 2024, a Força Aérea anunciou o desenvolvimento de seu sucessor: o SAOC (Survivable Airborne Operations Center), uma nova geração de aviões do Juízo Final projetada pela Sierra Nevada Corporation. Mesmo assim, o E-4B continua sendo o rosto mais visível (e misterioso) dessa política de sobrevivência.

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Para o cidadão comum, avistar o E-4B pode ser uma simples coincidência — muitas vezes ele participa de missões de treinamento, testes de prontidão ou transporte de altos oficiais. Mas há ocasiões em que sua presença causa apreensão: decolagens não programadas ou voos próximos a zonas de conflito despertam suspeitas de tensões graves. Não é à toa que, nas redes sociais, fotos do Nightwatch sobrevoando cidades americanas viralizam sempre com o mesmo tom: mistura de fascínio e medo.

Mais do que uma aeronave, o E-4B é um símbolo de controle, poder e sobrevivência. Ele representa a crença de que, mesmo diante do caos absoluto, a estrutura de comando de uma superpotência precisa permanecer de pé. E talvez por isso o “avião do Juízo Final” exerça tanto fascínio — porque ele nos lembra que a humanidade, enquanto sonha em conquistar as estrelas, ainda constrói máquinas para sobreviver ao próprio fim.