Em um mundo cada vez mais competitivo, a rejeição se tornou uma experiência comum para muitos. Seja no processo seletivo para universidades, na busca por empregos ou até mesmo em relacionamentos pessoais, milhares de pessoas lidam diariamente com negativas que podem abalar a autoestima e gerar frustração. O jornalista David Brooks chegou a chamar os jovens de hoje de “a geração mais rejeitada da história”, enquanto o psicólogo Roy Baumeister alerta que os impactos emocionais desse fenômeno vão muito além do que se imagina.
Segundo Baumeister, a primeira reação à rejeição não é tristeza, mas um sentimento de vazio, que ele descreve como “entorpecimento”. É uma resposta fisiológica do corpo: substâncias semelhantes a opioides são liberadas para reduzir temporariamente a dor emocional. Embora esse mecanismo ajude a suportar o golpe inicial, ele também diminui a empatia e aumenta a impulsividade, tornando a pessoa mais fria e, às vezes, até mais agressiva.
Fonte: Psicólogos São Paulo
Estudos mostram que a rejeição contínua pode afetar o desempenho cognitivo e a capacidade de autocontrole. Pessoas que sofreram rejeições intensas na infância podem se tornar mais sensíveis à dor física e emocional na vida adulta, enquanto grupos que se sentem marginalizados tendem a agir de forma mais agressiva e menos colaborativa. Esses efeitos, segundo o psicólogo, extrapolam o campo individual e influenciam a dinâmica social e política, contribuindo para polarização e enfraquecimento das conexões coletivas.
Para lidar com esse ciclo, Baumeister recomenda atitudes práticas: dar tempo para o corpo processar a dor, reforçar laços reais com pessoas próximas, evitar comparações nas redes sociais e reinterpretar os eventos de forma mais equilibrada. Ele reforça que a chave não está na rejeição em si, mas na resposta que se dá a ela. Um único “sim”, seja em uma nova oportunidade ou relação, pode compensar vários “nãos” anteriores, mostrando que a resiliência é o que realmente molda o caminho de cada pessoa.
