A catástrofe climática no Rio Grande do Sul é uma das maiores tragédias que o Brasil já enfrentou. Com mais de 155 mortos e mais de meio milhão de pessoas desalojadas, muitos estão vivendo em abrigos ou na casa de parentes após perderem tudo. As autoridades estimam que mais de dois milhões de moradores foram afetados pelas enchentes sem precedentes no estado. Em meio ao caos, uma onda de solidariedade tomou conta do país, com diversas campanhas arrecadando milhões nas redes sociais para ajudar as vítimas.
No entanto, surge a questão: será que esse dinheiro está realmente chegando a quem precisa? Esta coluna investigou e descobriu que, em pelo menos uma dessas arrecadações, falta transparência sobre o destino das doações.
Uma das maiores campanhas, intitulada “A Maior Campanha Solidária do RS”, arrecadou mais de R$ 74 milhões. Liderada por influenciadores como o ex-BBB24 Matteus Alegrete, a campanha divulgou sua primeira prestação de contas na semana passada. Uma planilha mostrou os valores doados a algumas ONGs, mas a falta de detalhes sobre a utilização do dinheiro chamou atenção. Não foram apresentadas notas fiscais ou comprovantes de transferência, apenas os valores doados, as instituições beneficiadas e o objetivo das doações.
Um exemplo notável é o Instituto Cultural Floresta, que recebeu duas doações de R$ 2,5 milhões em 48 horas, totalizando R$ 5 milhões. Apesar de se apresentar como uma instituição sem fins lucrativos, a planilha não esclareceu o uso dos fundos. Investigações revelaram que o instituto é dirigido por empresários milionários, Leonardo Fração e Cláudio Goldztein, que possuem um capital social combinado de mais de R$ 68 milhões. Até o momento, o Instituto Cultural Floresta foi o maior beneficiário das doações, mas não respondeu aos pedidos de informações adicionais sobre a utilização dos recursos.
Outra doação que levantou dúvidas foi para o “Instituto Playing for Change”, com sede em Curitiba, que recebeu R$ 1,5 milhão. Apesar de seu objetivo de transformar a vida de crianças através da música e da arte, a planilha não detalhou como o valor doado está sendo usado. O instituto também não respondeu aos pedidos de esclarecimento.
Davi Brito, campeão do BBB24, e Felipe Neto, influenciador, também enfrentaram críticas pela falta de transparência em suas arrecadações. Brito convocou seus seguidores a doarem para seu próprio PIX, levantando suspeitas e dividindo opiniões. Após críticas, ele prestou contas, mas faltavam detalhes sobre o uso do dinheiro. Neto também foi criticado por uma prestação de contas sem notas fiscais ou comprovantes de pagamento, apenas uma lista de valores e destinatários.
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É essencial que, em meio a uma tragédia dessa magnitude, toda ajuda seja bem-vinda. No entanto, uma prestação de contas mais detalhada é necessária para garantir respeito e cuidado com a população que está sofrendo após perder tudo. Assista ao vídeo completo sobre o caso:
Qual sua opinião sobre as investigações?