Em 2024, a clássica animação da Pixar “Ratatouille” completa 17 anos de lançamento. O filme conta a história do ratinho parisiense Remy, que sonha em se tornar um grande chef de cozinha. Assim, ele vai atrás de seu maior desejo em um dos restaurantes mais finos da cidade: o Gusteau’s.

Auguste Gusteau e Remy em Ratatouille (2007) - Foto: Reprodução/Pixar

Auguste Gusteau e Remy em Ratatouille (2007) – Foto: Reprodução/Pixar

No longa, o cozinheiro roedor é muito fã do renomado chef de cozinha Auguste Gusteau. Dono do restaurante Gusteau’s e que possuía um famoso ditado onde afirmava que “qualquer um pode cozinhar”. Ele é um cozinheiro parisiense famoso, com direito a programa de TV e linha de produtos com seu nome.

Tragicamente, ao decorrer do filme, Remy descobre que o seu grande ídolo acabou falecendo após receber uma dura crítica de Anton Ego, um rígido crítico culinário. Mas, você sabia que uma história parecida aconteceu na vida real?

O tom cômico da animação alivia a morte com muito humor e exageros, mas na vida real, um episódio semelhante ganhou traços macabros devido a uma crítica gastronômica na França, inspirando o personagem da história infantil.

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Gusteau da vida real

A trágica história de Gusteau não surgiu do nada. Na verdade, ela foi baseada na vida de Bernard Loiseau, um famoso chef francês que emergiu nas décadas de 1980 e 1990. Inclusive em programas televisivos especializados em gastronomia, tornando-o conhecido no mundo todo. Principalmente por obter não uma, não duas, mas sim, três estrelas Michelin. Uma das honrarias mais notórias que um restaurante pode obter.

Bernard nasceu em 1951, em Auvergne, na região de Borgonha, na França. Seu primeiro restaurante foi o mesmo responsável por levá-lo ao estrelato: o La Côte d’Or localizado em Saulieu, a quatro horas da capital Paris.

Durante toda sua carreira, Loiseau manteve uma busca incansável pela perfeição, onde buscava levar seu nome para o mais alto escalão da gastronomia, e assim, conquistar as maiores pontuações no guia Gault-Millau. Além claro, de ter suas sonhadas estrelas Michelin.

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Seu sonho foi realizado em 1991, quando finalmente recebeu três estrelas Michelin. Sua pontuação no Gault-Millau também era altíssima: 19/20. No entanto, após conseguir suas maiores conquistas profissionais, o renomado chef — que era extremamente perfeccionista — passou a sofrer com um enorme medo de perder as estrelas e sua pontuação.

Crítica destrutiva

No desenho, o chef de cozinha que lidera o restaurante recebe uma crítica negativa capaz de lhe causar um mal súbito, que o leva ao óbito. Contudo, na vida real, a tragédia ocorreu de forma mais lenta e dolorida do que uma simples queda ao chão.

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Bernard Loiseau - Foto: Reprodução/SolaSipa

Bernard Loiseau – Foto: Reprodução/SolaSipa

Em janeiro de 2003François Simon, famoso crítico de restaurantes do jornal francês Le Figaro, publicou um artigo afirmando que a cozinha de Bernard não era mais relevante. E que o La Côte d’Or perderia pontos do Gault-Millau, além de suas sonhadas estrelas Michelin.

Temendo que as palavras se fizessem verdadeiras, Loiseau passou todo o mês seguinte dando seu máximo. Porém, tomado pelo desespero em perder seu prestígio, Bernard, que tinha apenas 52 anos, tirou sua própria vida em sua casa, no quarto onde dividia com sua esposa, abalando todo o mundo da gastronomia.

Seu restaurante, de fato, perdeu pontos na cotação, indo de 19/20 para 17/20. No entanto, nenhuma estrela foi retirada no La Côte d’Or. Hoje em dia, o restaurante foi renomeado para Relais Bernard Loiseau, e ainda possui as três estrelas Michelin. Ele foi herdado pela viúva do chef, Dominique Loiseau, e tem a cozinha comandada pelo chef Patrick Bertron.

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Você imaginava que “Ratatouille” fosse inspirado em uma história real?