Se você já fez compras em farmácias no Brasil, provavelmente ouviu a pergunta: “Qual é o seu CPF?”. Em troca, essas lojas oferecem descontos que podem chegar a até 70%. O que muitos consumidores não sabem é que essa prática faz parte de uma estratégia de marketing para coletar dados pessoais, principalmente relacionados à saúde. Dessa maneira, as farmácias lucram bilhões de reais ao utilizar essas informações em publicidade direcionada, por meio de empresas especializadas, como a RD Ads, uma subsidiária da RaiaDrogasil.

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O que acontece quando você fornece seu CPF?

Ao informar seu CPF, você ajuda a criar um banco de dados detalhado sobre suas compras e seu histórico de saúde. Medicamentos, anticoncepcionais e até produtos como cotonetes são monitorados pelas farmácias, permitindo que suas preferências e necessidades sejam traçadas. Esses dados são então utilizados para direcionar anúncios específicos para você, tanto no site da farmácia quanto em redes sociais como Facebook e YouTube.

Assim, o simples pedido de desconto se transforma em uma poderosa ferramenta de marketing, colocando as farmácias em competição com gigantes como Google e Meta.

O desconto é verdadeiro?

Uma das maiores críticas a essa prática é que os descontos podem ser enganosos. Embora os preços sem CPF pareçam altos, há indícios de que esses valores são inflacionados. Por exemplo, um medicamento que custa R$ 31,78 sem CPF pode ser adquirido por R$ 8,50 ao fornecer o documento. O problema? Hospitais e órgãos públicos pagam valores muito menores, sugerindo que o preço cheio seja artificialmente elevado para incentivar o uso do CPF.

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O uso dos seus dados e a LGPD

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) classifica informações de saúde como sensíveis. Isso significa que há regras mais rígidas sobre o uso desses dados, exigindo maior proteção e limitando seu uso comercial. As farmácias argumentam que os dados são anonimizados, ou seja, não estão diretamente vinculados a uma pessoa específica. Ainda assim, especialistas questionam se essa anonimização é suficiente para garantir a privacidade do consumidor.

Além disso, a LGPD assegura ao consumidor o direito de saber quais dados estão sendo armazenados pelas farmácias e com quem são compartilhados. Se você se sentir desconfortável com o uso de seus dados, pode solicitar à farmácia o acesso a eles, pedir correções ou até exigir sua exclusão. Caso a empresa não responda em até 15 dias, é possível recorrer à Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), que fiscaliza o cumprimento da lei.

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A prática vai além dos medicamentos

Não são apenas remédios que entram no monitoramento das farmácias. Os dados coletados permitem categorizar os clientes, como ‘idosos debilitados’ ou ‘pais de crianças pequenas’, criando um banco de informações que pode ser usado em campanhas publicitárias segmentadas. Um exemplo citado mostra que, ao identificar pais de bebês, as farmácias aumentaram em 20% as vendas de produtos infantis.

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O que esperar no futuro?

Embora a solicitação de CPF em troca de descontos em farmácias não seja regulamentada de maneira específica no Brasil, a crescente atenção do público e a atuação de órgãos como o Procon e o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) sugerem que mudanças podem ocorrer. O uso de dados de saúde para fins publicitários é uma questão polêmica, que ainda precisa de mais clareza legal, considerando as implicações éticas e a privacidade dos consumidores.

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Você costuma informar seu CPF nas farmácias?

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