Furacões são fenômenos climáticos devastadores que afetam várias regiões do mundo, principalmente os Estados Unidos, mas raramente ocorrem no Brasil. Com base nas explicações de meteorologistas, isso se deve a uma combinação de fatores geográficos e climáticos que tornam a formação desses ciclones tropicais quase impossível no país.
A Formação de Furacões e a Temperatura do Mar
Um dos principais fatores para a formação de furacões é a temperatura da água do mar. Segundo a meteorologista Bianca Lobo, do Climatempo, “as águas precisam estar acima de 27°C para que um furacão possa se formar”. No Brasil, isso não acontece: “As maiores temperaturas são registradas no mar do Nordeste, onde não passam de 26°C”, explica Lobo. Ou seja, mesmo nas regiões mais quentes, o Brasil não tem a condição ideal para o desenvolvimento desses fenômenos.
A combinação de águas quentes com alta umidade é essencial para que a energia de um furacão seja mantida. O meteorologista Michael Pantera, do Centro de Gerenciamento de Emergência de São Paulo, acrescenta que “a umidade e a água quente do oceano que dão força a um furacão. Quando ele chega ao solo, perde força”. No Brasil, essa combinação raramente acontece de forma suficientemente intensa para que um furacão se forme.
O Papel do Cisalhamento de Vento
Outro fator importante na formação de furacões é o cisalhamento de vento, que se refere às mudanças na velocidade e direção dos ventos em diferentes altitudes. O cisalhamento é fundamental para organizar e intensificar as tempestades. No entanto, como o Brasil está localizado próximo à linha do Equador, esse fenômeno é raro na região.
“Esse é um fator que inviabiliza que uma tempestade formada no Caribe, por exemplo, atinja o Brasil. Ela perderia força ao se aproximar da linha do Equador”, explica Pantera. Essa ausência de condições favoráveis ao cisalhamento impede que furacões ganhem força ou mesmo se aproximem da costa brasileira.
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A Única Exceção: O Furacão Catarina
Apesar de ser extremamente raro, houve um caso registrado de furacão no Brasil: o Furacão Catarina, que atingiu o litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina em março de 2004. Foi um evento atípico, e muitos meteorologistas ainda discutem se ele foi de fato um furacão.
“Foi uma condição totalmente atípica. É muito difícil de acontecer, ao contrário dos tornados, que são filmados com frequência no Brasil”, disse Bianca Lobo. O Catarina teve ventos de aproximadamente 180 km/h, deixando um rastro de destruição em pelo menos 40 cidades, com quatro mortos, 518 feridos e cerca de 33 mil desabrigados. Ainda assim, Pantera destaca que “há muitas discussões se o Catarina era de fato um furacão ou apenas uma frente fria que mudou seu trajeto”.
Diferenças Entre Furacões, Tufões e Tornados
Embora os termos furacão e tufão se refiram ao mesmo fenômeno, a diferença entre eles está no local de formação: “Furacões se formam no Oceano Atlântico e na região leste do Pacífico, enquanto tufões se desenvolvem no oeste do Pacífico”, esclarecem os meteorologistas. Ambos são ciclones tropicais de grande escala, com centenas de quilômetros de diâmetro e dias de duração.
Os tornados, por outro lado, são tempestades muito menores e mais curtas, mas também podem causar grandes danos: “Os tornados são núcleos de tempestades que muitas vezes se formam a partir de furacões ou tufões”, afirma Pantera. No Brasil, os tornados são mais comuns, principalmente nas regiões Sul e Sudeste.
Mudanças Climáticas e o Futuro
Embora as chances de furacões atingirem o Brasil sejam mínimas, as mudanças climáticas podem alterar essa realidade no futuro. Michael Pantera alerta que “as mudanças climáticas também podem ter alguma influência” na formação de furacões no país. A elevação das temperaturas do oceano, causada pelo aquecimento global, pode eventualmente criar condições favoráveis para o surgimento desses fenômenos, mesmo em locais onde eles não são comuns.
Furacão Milton
O furacão Milton, que se aproxima dos Estados Unidos, foi classificado como categoria 5, a mais grave na escala de furacões, com ventos superiores a 252 km/h. A previsão é que atinja a costa oeste da Flórida entre a noite de quarta-feira (09/10) e a manhã de quinta-feira (10/10), de acordo com o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC). O presidente Joe Biden alertou que pode ser o pior furacão dos últimos cem anos, pedindo que os moradores da área evacuem imediatamente, enfatizando que “é uma questão de vida ou morte”.
Enquanto países como os Estados Unidos precisam se preparar regularmente para furacões, o Brasil está em uma posição geográfica e climática que reduz drasticamente as chances de enfrentar um evento desse tipo. No entanto, é importante estar atento aos impactos das mudanças climáticas, que podem alterar essas condições no futuro. Para eventos como tornados e tempestades severas, a melhor ação é seguir as recomendações de segurança e se proteger.
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