Afinal, o bocejo é contagioso? Provavelmente você já acabou bocejando logo após de alguém bocejar, ou foi o pioneiro dessa ação. O bocejo é um ato corriqueiro, incontrolável e geralmente acompanhado de uma boa espreguiçada no corpo. Na maioria das vezes, pode ser um sinal de cansaço ou tédio. Mas, do ponto de vista científico, para que ele serve?

Bocejos - Foto - Reprodução/ Getty Images.

Bocejos – Foto – Reprodução/ Getty Images.

Segundo Lúcio Huebra, neurologista e médico do sono da Associação Brasileira do Sono (ABS): “Bocejar é um ato fisiológico, ou seja, é normal. Também é um ato reflexo e semi-involuntário. Então, é algo sobre o que a gente não tem total controle apesar de conseguir inibi-lo parcialmente. A gente consegue controlar a amplitude de abertura da boca, mas não conseguimos evitar que o movimento aconteça”.

Os momentos mais comuns em que o bocejo aparece são quando há sonolência: à noite, próximo do horário de dormir; ou de manhã, logo ao despertar. Nesse último caso, é comum que venha também a vontade de se espreguiçar, alongando os músculos do corpo. Os bocejos ainda podem aparecer durante atividades mais monótonas ou tediosas.

Para que serve o bocejo?

Em termos práticos, o bocejo permite a entrada e saída de ar com maior volume em comparação à respiração normal. Não se sabe muito bem o motivo, mas há teorias desde antes de Cristo.

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Hipócrates, o filósofo grego considerado o “pai da Medicina”, relacionava os fluidos corporais (os “humores”) com os quatro elementos da natureza: fogo, ar, água e terra. O bocejo, nesse contexto, seria uma forma de eliminar o ar excedente dentro do corpo e retomar o equilíbrio. Por muito tempo, acreditou-se ainda que o ato tinha função respiratória, promovendo maior oxigenação no cérebro.

“Depois, essa teoria foi caindo. Hoje, a gente sabe que o bocejo está relacionado à área cerebral do hipotálamo, que regula, por exemplo, o sono e a fome. Ainda existem dúvidas, mas as teorias dizem que ele envia esse ato reflexo nos períodos de mais sonolência para promover um leve aumento da vigília”, explica Lúcio.

Sendo assim, em um momento de cansaço, o bocejo serviria para nos deixar mais acordados. Outra teoria recente diz que ele está ligado à mudança da temperatura corporal e cerebral. Próximo do momento de dormir, a diminuição da temperatura do corpo seria um gatilho para o bocejo. Ao acordar, aconteceria o contrário, como um mecanismo de controle termorregulatório.

“Mas ainda são teorias, a gente não sabe exatamente por quê ele acontece. A gente sabe um pouco mais de onde começa, onde é a via, mas não todas as suas funções”, destaca o neurologista.

O bocejo é contagioso?

Em teoria, se o bocejo só acontece na hora do sono, por que sentimos vontade de bocejar quando alguém faz o mesmo perto de nós? Segundo o especialista, há dois tipos de bocejo:

  • Espontâneo, que é esse causado pela sonolência.
  • Contagioso, que acontece em resposta ao pensar, falar ou ver um bocejo.

“Talvez seja uma forma de comunicação da espécie humana. Os primatas e os humanos têm essa capacidade de bocejar em repetição a alguém que bocejou. Teria sido uma forma primitiva de comunicação em um momento em que, nas tribos, as pessoas estavam sonolentas e precisavam passar essa informação, já que ficavam mais frágeis para qualquer perigo. Então alguém bocejava, outra pessoa bocejava e essa informação se disseminava rápido para avisar que a vigília estava menor”, diz o médico do sono.

Existem ainda evidências de que o bocejo está relacionado ao fenômeno dos neurônios-espelho, responsáveis por copiar o comportamento do outro animal só de vê-lo fazendo. Essas estruturas permitem o aprendizado por limitação e outras características importantes, como a empatia.

O bocejo pode estar relacionado a algum problema de saúde?

A frequência com a qual uma pessoa boceja é individual. Dependendo da fase da vida, ela também pode mudar: começa ainda no período fetal, aumenta um pouco na infância, atinge o pico entre os adolescentes e jovens e diminui na terceira idade. Segundo o dr. Lúcio, um adulto boceja, em média, de sete a oito vezes a cada 24 horas. Mas esse número pode ser maior ou menor, porque varia de pessoa para pessoa.

Bocejos - Foto: Reprodução

Bocejos – Foto: Reprodução

Por outro lado, existem doenças que aumentam o bocejo de forma anormal, geralmente condições que também geram fadiga e sonolência excessiva. É o caso dos distúrbios do sono (apneia do sono, insônia e narcolepsia, por exemplo), alterações hormonais (como hipotireoidismo, diabetes e anemia grave) e algumas doenças respiratórias que deixam o metabolismo deficiente. Em casos mais raros, o aumento anormal do bocejo pode ser causado por lesões cerebrais nas regiões responsáveis por esse ato reflexo.

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Você boceja com frequência?

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